Por Arthur Dutra
O cara de pau é atrevido, é ousado. Não tem vergonha de falsear a verdade para criar uma nova versão que se encaixe na sua própria torpeza. É o caso da ação popular ajuizada por deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) contra o ex-juiz Sérgio Moro por supostos danos à Petrobras e à própria economia do país ao longo da Operação Lava Jato.
A ação não passa de uma peça fajuta de propaganda, que tem como finalidade 1) tentar reescrever a história recente do país com a descarada inversão de papéis, e 2) assediar judicialmente o ex-juiz, que hoje é uma figura enfraquecida no cenário público e, portanto, uma “presa fácil”, já que poucos, hoje em dia, estão dispostos a fazer sua defesa. As torcidas organizadas estão arrebanhadas em torno de outros personagens, que inclusive ganham muito com essa farsa.
Mas o que essa ação fuleira não conta, numa omissão proposital e cafajeste, é a extensão colossal dos esquemas de corrupção que estavam entranhados na Petrobras na época dos governos petistas e que resultaram, estes sim, num bilionário prejuízo para a companhia. Os números são bem conhecidos.
O Ministério Público Federal do Paraná contou os dinheiros que foram devolvidos por réus confessos detectados pela Operação Lava Jato. A cifra é tão verdadeira quanto assustadora: R$ 25 bilhões já foram devolvidos para os cofres da União e da Petrobras.
Tudo isso é fruto de 43 acordos de leniência pactuados com empresas que tinham contratos fraudulentos com a Petrobras; e 156 delações premiadas de empresários e ex-diretores da estatal que confessaram crimes, indicaram outros participantes do esquema e devolveram dinheiro.
Certamente esses dados não estão elencados na ação patrocinada pelos parlamentares petistas. Mas o que eles esperam com esse tipo de postura não é nem limpar o passado do partido, que está irremediavelmente sujo, e sim turvar a vista dos incautos com a lama que retiram do seu próprio corpo. É como se diz popularmente, com uma adaptação: o golpe é bem manjado, mas está aí. Cai quem quer.
Por Arthur Dutra
O cara de pau é atrevido, é ousado. Não tem vergonha de falsear a verdade para criar uma nova versão que se encaixe na sua própria torpeza. É o caso da ação popular ajuizada por deputados do Partido dos Trabalhadores (PT) contra o ex-juiz Sérgio Moro por supostos danos à Petrobras e à própria economia do país ao longo da Operação Lava Jato.
A ação não passa de uma peça fajuta de propaganda, que tem como finalidade 1) tentar reescrever a história recente do país com a descarada inversão de papéis, e 2) assediar judicialmente o ex-juiz, que hoje é uma figura enfraquecida no cenário público e, portanto, uma “presa fácil”, já que poucos, hoje em dia, estão dispostos a fazer sua defesa. As torcidas organizadas estão arrebanhadas em torno de outros personagens, que inclusive ganham muito com essa farsa.
Mas o que essa ação fuleira não conta, numa omissão proposital e cafajeste, é a extensão colossal dos esquemas de corrupção que estavam entranhados na Petrobras na época dos governos petistas e que resultaram, estes sim, num bilionário prejuízo para a companhia. Os números são bem conhecidos.
O Ministério Público Federal do Paraná contou os dinheiros que foram devolvidos por réus confessos detectados pela Operação Lava Jato. A cifra é tão verdadeira quanto assustadora: R$ 25 bilhões já foram devolvidos para os cofres da União e da Petrobras.
Tudo isso é fruto de 43 acordos de leniência pactuados com empresas que tinham contratos fraudulentos com a Petrobras; e 156 delações premiadas de empresários e ex-diretores da estatal que confessaram crimes, indicaram outros participantes do esquema e devolveram dinheiro.
Certamente esses dados não estão elencados na ação patrocinada pelos parlamentares petistas. Mas o que eles esperam com esse tipo de postura não é nem limpar o passado do partido, que está irremediavelmente sujo, e sim turvar a vista dos incautos com a lama que retiram do seu próprio corpo. É como se diz popularmente, com uma adaptação: o golpe é bem manjado, mas está aí. Cai quem quer.
Caso não aconteça algum fato bizarro, o que se tornou bem comum no Brasil de hoje, a semana promete dar destaque a mais um capítulo da guerra de narrativas entre governo federal e governadores em torno da questão do preço dos combustíveis, especialmente o diesel. Isto porque, na noite de sexta feira, o ministro André Mendonça, do STF, deferiu uma liminar para suspender o convênio pactuado entre secretários de Fazenda dos estados que disciplinava a cobrança a alíquota única sobre o óleo diesel.
Na decisão, Mendonça acolheu integralmente as alegações da Advocacia Geral da União de que os estados, na prática, teriam dado um drible na lei que institui a uniformidade da cobrança do ICMS sobre o diesel, através da possibilidade dos estados ofertarem descontos, ocasionando a manutenção do mesmo sistema que hoje vigora, já considerando o congelamento da base do preço médio que é utilizado como base de cálculo do ICMS do diesel.
Os estados alegam, porém, que essa sistemática teria causado uma perda da ordem de R$ 16 bilhões, sendo esta a cota de sacrifício que poderiam arcar, dado que a receita do ICMS é o grosso da arrecadação e, assim, necessária para honrar com suas despesas.
A decisão de André Mendonça, inclusive, transcreveu quase na íntegra um ofício encaminhado pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, ao CONFAZ, que é o colegiado que reúne exatamente os secretários de Fazenda, autor do convênio cuja validade foi derrubada pelo ministro.
Neste ofício, o presidente do Senado recomenda aos Secretários de Fazenda dos estados “que reconsiderem a definição sobre a nova sistemática de tributação do ICMS sobre os combustíveis, de modo a privilegiar a justiça tributária e o interesse público, as expectativas do consumidor e a determinação do legislador, com vistas a redução final dos preços cobrados do consumidor”.
Rodrigo Pacheco, que ajudou a articular a aprovação da lei que instituiu a alíquota única, está a cobrar uma mudança de entendimento do CONFAZ, mesmo sabendo que isso de muito pouca utilidade terá para baixar de maneira significativa o preço do diesel, mas por outro lado poderá implicar num prejuízo maior aos cofres estaduais, que é o que alegam os secretários. Como bom político, imerso no reino das narrativas, Pacheco também precisa pelo menos mostrar que está fazendo alguma coisa.
A bola está de novo em campo e, a julgar pela parte final da decisão de Mendonça, caberá à política resolver o impasse, como o próprio ministro fez questão de destacar ao reconhecer que “a complexidade e relevância da questão justifica a urgência para que, a partir de tal decisão, se dê início imediato à construção de uma solução efetiva, perene e consentânea com os parâmetros constitucionais reguladores da matéria”.
A semana anuncia novos embates entre governo federal, na pessoa do presidente da república, com os governadores, tendo como mediador o presidente do Senado. O STF aqui vai fazendo o papel de VAR, e o consumidor brasileiro, espectador de uma “pelada” sem futuro, continua pagando o ingresso, que está cada vez mais caro, por sinal.
Caso não aconteça algum fato bizarro, o que se tornou bem comum no Brasil de hoje, a semana promete dar destaque a mais um capítulo da guerra de narrativas entre governo federal e governadores em torno da questão do preço dos combustíveis, especialmente o diesel. Isto porque, na noite de sexta feira, o ministro André Mendonça, do STF, deferiu uma liminar para suspender o convênio pactuado entre secretários de Fazenda dos estados que disciplinava a cobrança a alíquota única sobre o óleo diesel.
Na decisão, Mendonça acolheu integralmente as alegações da Advocacia Geral da União de que os estados, na prática, teriam dado um drible na lei que institui a uniformidade da cobrança do ICMS sobre o diesel, através da possibilidade dos estados ofertarem descontos, ocasionando a manutenção do mesmo sistema que hoje vigora, já considerando o congelamento da base do preço médio que é utilizado como base de cálculo do ICMS do diesel.
Os estados alegam, porém, que essa sistemática teria causado uma perda da ordem de R$ 16 bilhões, sendo esta a cota de sacrifício que poderiam arcar, dado que a receita do ICMS é o grosso da arrecadação e, assim, necessária para honrar com suas despesas.
A decisão de André Mendonça, inclusive, transcreveu quase na íntegra um ofício encaminhado pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, ao CONFAZ, que é o colegiado que reúne exatamente os secretários de Fazenda, autor do convênio cuja validade foi derrubada pelo ministro.
Neste ofício, o presidente do Senado recomenda aos Secretários de Fazenda dos estados “que reconsiderem a definição sobre a nova sistemática de tributação do ICMS sobre os combustíveis, de modo a privilegiar a justiça tributária e o interesse público, as expectativas do consumidor e a determinação do legislador, com vistas a redução final dos preços cobrados do consumidor”.
Rodrigo Pacheco, que ajudou a articular a aprovação da lei que instituiu a alíquota única, está a cobrar uma mudança de entendimento do CONFAZ, mesmo sabendo que isso de muito pouca utilidade terá para baixar de maneira significativa o preço do diesel, mas por outro lado poderá implicar num prejuízo maior aos cofres estaduais, que é o que alegam os secretários. Como bom político, imerso no reino das narrativas, Pacheco também precisa pelo menos mostrar que está fazendo alguma coisa.
A bola está de novo em campo e, a julgar pela parte final da decisão de Mendonça, caberá à política resolver o impasse, como o próprio ministro fez questão de destacar ao reconhecer que “a complexidade e relevância da questão justifica a urgência para que, a partir de tal decisão, se dê início imediato à construção de uma solução efetiva, perene e consentânea com os parâmetros constitucionais reguladores da matéria”.
A semana anuncia novos embates entre governo federal, na pessoa do presidente da república, com os governadores, tendo como mediador o presidente do Senado. O STF aqui vai fazendo o papel de VAR, e o consumidor brasileiro, espectador de uma “pelada” sem futuro, continua pagando o ingresso, que está cada vez mais caro, por sinal.

O ato de vandalizar estátuas de antigas figuras infelizmente chegou a Natal. O alvo por aqui foi o monumento em homenagem a Luís da Câmara Cascudo, pesquisador, historiador, folclorista, etnógrafo, dentre outras atividades intelectuais a que se dedicou durante sua longa e produtiva vida, sempre residindo no seu velho sobrado entre a Ribeira e a Cidade Alta.
Os agressores se dizem antifascistas e atacaram a estátua de Cascudo pintando suas mãos de vermelho. Mas são eles os verdadeiros fascistas, tão cegos de ideologias exóticas que sequer conseguem enxergar a importância da monumental obra de Cascudo, o maior pesquisador, divulgador e entusiasta da cultura popular brasileira, que se caracteriza justamente pela pluralidade e respeito às diferenças.
Que tais agressores sejam exemplarmente punidos, pois esquecidos serão em curtíssimo espaço de tempo. Aliás, até mesmo esse ambiente político tóxico que infecta os ares do Brasil e motiva agitadores a cometerem barbaridades como esta, tudo isso um dia também passará. Mas Cascudo, este sim, permanecerá, pois tem o que dizer de edificante ao povo brasileiro com sua vasta produção, que é universal e de reconhecido valor.
Em tempo: fica aqui a cobrança para que a Fundação José Augusto, responsável pela gestão do Memorial Câmara Cascudo e, portanto, pela preservação da estátua, providencie a imediata limpeza dessa indignidade.

O ato de vandalizar estátuas de antigas figuras infelizmente chegou a Natal. O alvo por aqui foi o monumento em homenagem a Luís da Câmara Cascudo, pesquisador, historiador, folclorista, etnógrafo, dentre outras atividades intelectuais a que se dedicou durante sua longa e produtiva vida, sempre residindo no seu velho sobrado entre a Ribeira e a Cidade Alta.
Os agressores se dizem antifascistas e atacaram a estátua de Cascudo pintando suas mãos de vermelho. Mas são eles os verdadeiros fascistas, tão cegos de ideologias exóticas que sequer conseguem enxergar a importância da monumental obra de Cascudo, o maior pesquisador, divulgador e entusiasta da cultura popular brasileira, que se caracteriza justamente pela pluralidade e respeito às diferenças.
Que tais agressores sejam exemplarmente punidos, pois esquecidos serão em curtíssimo espaço de tempo. Aliás, até mesmo esse ambiente político tóxico que infecta os ares do Brasil e motiva agitadores a cometerem barbaridades como esta, tudo isso um dia também passará. Mas Cascudo, este sim, permanecerá, pois tem o que dizer de edificante ao povo brasileiro com sua vasta produção, que é universal e de reconhecido valor.
Em tempo: fica aqui a cobrança para que a Fundação José Augusto, responsável pela gestão do Memorial Câmara Cascudo e, portanto, pela preservação da estátua, providencie a imediata limpeza dessa indignidade.