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Biden vira alvo de críticas por plano de retirada após atentado em Cabul

O presidente dos EUA, Joe Biden. Foto: SHAWN THEW/Agência EFE

O presidente americano, Joe Biden, tem recebido duras críticas após o atentado de quinta-feira, 26, nos arredores do aeroporto de Cabul, pela forma que tem sido conduzida a operação de retirada no Afeganistão e por sua reação logo após o ataque ser confirmado. Analistas políticos e parlamentares – a maioria republicanos, mas também alguns democratas -, questionaram as decisões do presidente e apontaram erros estratégicos que teriam favorecido ao sucesso dos terroristas em realizar o atentado.

Enquanto as reações no Congresso americano foram variadas – com republicanos ligados ao ex-presidente Donald Trump chegando a pedir a renúncia de Biden -, analistas apontaram uma série do que consideraram falhas graves, desde o início da retirada das tropas americanas, civis e aliados, até a reposta do presidente, em seu pronunciamento após o atentado.

“Até então, a fresta de esperança no rápido colapso do governo afegão e na tomada do poder pelo Taleban tinha sido a relativa ausência de derramamento de sangue. Agora, até mesmo esse consolo foi destruído. Então, o que o governo Biden deve fazer a seguir? A tentação será acelerar a retirada da América e de nossos aliados. Isso seria um erro”, escreveu o diretor de pesquisa do Brookings Institution, Michael O’Hanlon.

O’Hanlon defende, em coluna publicada pelo USA Today nesta sexta-feira, 27, que a partir de agora, a continuidade da retirada representaria uma vitória em termos de relações públicas ao ISIS-K e também ao Taleban – que apesar de inimigos, compartilham o desejo de retirar os EUA do país. “Mais do que nunca, devemos estar preparados para deixar tropas no país após o prazo arbitrário do presidente Joe Biden de terça-feira, que nunca deveria ter sido visto como obrigatório – especialmente ao lidar com um governo emergente do Taleban em violação de suas próprias obrigações”.

A operação de retirada também foi criticada pelo professor do U.S. Naval War College, Tom Nichols, que classificou a ação americana como uma “bagunça malfeita”, e defendeu que os próprios apoiadores de Biden no Congresso têm o dever de entregar ao povo americano as respostas que eles esperam e que precisará ser feita uma “avaliação de quem culpar” assim que a retirada for concluída.

“Chamar essa retirada de bagunça desastrada não é a mesma coisa que dizer que a política de Biden está errada. Sua decisão de deixar o Afeganistão é a correta e [é] o que o povo americano deseja. Mas a execução desta operação foi atormentada por erros organizacionais e burocráticos que são risíveis ou horríveis: o Departamento de Estado anunciou vagas de emprego em Cabul pouco antes da evacuação, e os militares dos EUA entregaram listas de passagem segura de aliados afegãos ao Taleban, para citar apenas dois exemplos. A execução de uma política que Biden apoiou por anos parece uma improvisação completa por uma burocracia de segurança nacional que queria fingir que não tinha ideia de que Biden tomaria essa decisão.”, escreveu Nichols em artigo no The Atlantic.

O jornalista Josh Rogin, do The Washington Post, lembrou de uma conversa que teve com o presidente americano, em que Biden afirmou que decisões de segurança nacional não deveriam ser tomadas com base em frases abstratas como “guerras eternas”, termo muito utilizado para se referir à guerra no Afeganistão, defendendo que tudo dependeria de questões estratégicas. O presidente também disse, segundo Rogin, que se eleito, pretendia continuar a negociar com o Taleban no Afeganistão, com o objetivo de garantir compromissos reais, e não apenas uma retirada unilateral e antecipada – o oposto do que foi feito neste ano, com os EUA cumprindo o plano inicial de Trump, que basicamente não tinha contrapartidas, apenas anunciando uma extensão de prazo para a saída das tropas.

“Biden parece ter descartado essa visão. Atualmente, ele soa muito mais como um forte oponente das “guerras eternas”, abraçando o apoio de um setor anteriormente marginalizado do establishment da política externa de Washington. Muitos suspeitam que a nova aliança de Biden com os neo-isolacionistas é mais uma questão de conveniência política do que uma conversão real”, escreveu.

Embora alguns republicanos tenham dito que Biden deveria renunciar, a maioria se concentrou em exigir que o cronograma de retirada, definido para terça-feira, 31, seja suspenso para permitir um contra-ataque vigoroso contra as forças do Estado Islâmico Khorasan (ISIS-K), que assumiram o crédito pelo atentado que matou cerca de 170 civis afegãos e 13 militares americanos.

Alguns republicanos convocaram uma sessão de emergência do Congresso, que está em recesso de verão no hemisfério norte e não deve retornar antes de meados de setembro.

A crítica democrata mais veemente veio do senador Robert Menéndez, presidente do Comitê de Relações Exteriores do Senado, que questionou se os guardas do Taleban falharam em ao permitir que terroristas do Estado Islâmico (ISIS) chegassem tão perto do aeroporto de Cabul.

“Enquanto esperamos que mais detalhes cheguem, uma coisa está clara: não podemos confiar a segurança dos americanos ao Taleban”, disse Menendez em um comunicado, antes que todos os detalhes do número de mortos fossem oficialmente anunciados.

A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, usou sua declaração para alertar os legisladores contra outra visita não oficial a Cabul após as ações de dois congressistas no início desta semana, cerca de 48 horas antes de a explosões abalar a capital.

“A gravidade da situação no Afeganistão exige reiterar que os membros do Congresso não devem solicitar ou planejar visitas à região. Os Departamentos de Defesa e Estado declararam explicitamente que as viagens ao Afeganistão e aos países vizinhos desviariam desnecessariamente os recursos necessários da missão prioritária de retirar com segurança e rapidez americanos e afegãos em risco”, escreveu Pelosi em uma carta aos democratas.

Vários democratas pediram ao governo Biden que conceda status de proteção temporária a milhares de refugiados afegãos que entram nos Estados Unidos, muitos dos quais terão vistos especiais de imigrante, mas que de outra forma seriam deixados no limbo enquanto seu status é revisado por meses ou anos.

Em contrapartida, o líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy (Republicano da Califórnia), pediu ao Congresso que aprovasse uma legislação que proibisse a retirada completa do Afeganistão “até que todos os americanos tenham saído do país”.

Alguns republicanos adotaram uma abordagem mais direta e pediram renúncias em massa. “É hora de prestar contas, começando com aqueles cujo planejamento falho permitiu que esses ataques ocorressem. Joe Biden, Kamala Harris, Antony Blinken, Lloyd Austin e Mark Milley devem renunciar ou enfrentar impeachment e destituição”, disse a senadora Marsha Blackburn (Tennessee), em um comunicado referindo-se ao presidente, vice-presidente, dois funcionários do gabinete e o presidente do Estado-Maior Conjunto.

O secretário de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, rejeitou os pedidos do Partido Republicano para que Biden renunciasse. “Este é um dia em que militares americanos, 13 deles, perderam a vida nas mãos de terroristas. Não é um dia para política”, disse ela aos repórteres. “E esperaríamos que qualquer americano, eleito ou não, estaria conosco e com nosso compromisso de ir atrás, lutar e matar esses terroristas onde quer que vivam e honrar a memória das forças americanas em serviço. E é para isso que serve este dia.”

Apesar da polêmica, outros republicanos enfatizaram o apelo à unidade durante a crise. “Embora possa ser tentador para alguns usar este momento para marcar pontos políticos, agora não é o momento para isso. Exorto meus companheiros americanos a se reunirem para prantear os caídos, confortar os que estão sofrendo e orar por paz, liderança e segurança. O presidente Biden também deve se apresentar, ser o comandante-chefe de que precisamos e mostrar ao mundo que não toleraremos um ataque maligno como este”, disse o senador Kevin Cramer (Republicano de Dakota do Norte)./ Com informações do W. POST

Fonte: Estadão 


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