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Campinas investiga morte por febre maculosa de mulher que foi a mesmo evento de dentista

Parques de Campinas têm placas de alerta para possibilidade de transmissão de febre maculosa. Foto: Carlos Bassan/Prefeitura de Campinas

A Secretaria Municipal de Saúde de Campinas investiga um caso de morte por febre maculosa de uma mulher, de 28 anos, de Hortolândia. Segundo a pasta, ela esteve no mesmo evento que a dentista Mariana Giordano, que teve a morte confirmada pela doença pelo Instituto Adolfo Lutz. O namorado de Mariana, o piloto de automobilismo Douglas Costa, também morreu com sintomas sugestivos da infecção.

O evento foi realizado em Campinas, no dia 27 de maio, na Fazenda Santa Margarida, no Distrito de Joaquim Egídio, local provável de infecção. As três pessoas morreram no dia 8 de junho.

Segundo a secretaria, os exames dos dois pacientes estão em andamento pelo Instituto Adolfo Lutz, referência na área.

O Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa) realiza ações de prevenção, informação e mobilização contra a febre maculosa na Fazenda Santa Margarida. O Distrito de Joaquim Egídio é mapeado como área de risco para a doença.

Segundo a prefeitura de Campinas, os responsáveis pela fazenda foram notificados sobre a importância da sinalização quanto ao risco. Além disso, nos próximos dias, técnicos do Devisa farão uma pesquisa para verificar como está a infestação de carrapatos no espaço.

O que é a febre maculosa?

A febre maculosa é uma doença infecciosa, causada por bactérias, transmitidas pelo carrapato da espécie Amblyomma cajennense, popularmente conhecido como carrapato-estrela. A doença, que provoca um quadro febril agudo, pode se apresentar de forma assintomática até casos mais graves, com grandes chances de morte.

Existem mais de 20 espécies de bactérias do gênero Rickettsia que podem causar febre maculosa em todo o mundo.

No Brasil, duas espécies estão associadas a quadros clínicos: a Rickettsia rickettsii, que leva ao quadro de Febre Maculosa Brasileira (FMB) considerada a doença grave, registrada no Norte do estado do Paraná e nos estados da região Sudeste; e a Rickettsia parkeri, que tem sido registrada em ambientes de Mata Atlântica (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia e Ceará), produzindo quadros clínicos menos graves.

Os sinais da doença surgem de forma abrupta, com febre alta e dores de cabeça, como explica Elba Lemos, pesquisadora do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). “Alguns pacientes podem apresentar dores musculares intensas, cansaço e prostração. Conforme a doença avança, existe o risco de hemorragias, além de náuseas e vômitos”, diz Elba.

Os sintomas aparecem após o chamado período de incubação, que leva em média 7 dias, podendo variar de 2 a 15 dias. Em algumas pessoas, pode ocorrer o surgimento de lesões na pele, em geral, do 3º ao 5º dia da doença.

Transmissão e diagnóstico

A doença é transmitida pela picada de um carrapato infectado com a bactéria. “Para que a infecção aconteça, a aderência do carrapato à pele precisa ser prolongada, por um período médio de quatro horas”, explica Elba.

A existência de lesões na pele pode favorecer a transmissão, por isso, é preciso retirá-los com cuidado para evitar a contaminação. A febre maculosa não é contagiosa, ou seja, não pode ser transmitida de uma pessoa para outra.

O diagnóstico da febre maculosa pode ser realizado a partir de diferentes testes laboratoriais. Em geral, é utilizado um teste chamado de Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI), que detecta a presença de anticorpos contra a bactéria causadora, a partir de coleta de sangue.

“O diagnóstico sorológico permite identificar a presença de anticorpos anti-Rickettsia no sangue do paciente. É importante destacar que durante a doença, principalmente entre o 7º e 10º dia, o indivíduo não tem anticorpos para a febre maculosa. Por isso, o resultado da análise de sangue coletado no início da doença pode ser negativo”, explica Elba. Segundo a pesquisadora, a coleta de uma segunda amostra de sangue é necessária.

Outro exame que pode indicar a doença é o de imunohistoquímica, que revela a presença da bactéria em amostras de tecidos obtidas a partir de biópsia das lesões da pele.

Prevenção e tratamento

A febre maculosa tem sido registrada em áreas rurais e urbanas do Brasil, segundo o Ministério da Saúde. O carrapato-estrela, responsável pela transmissão, é encontrado principalmente em animais como as capivaras e cavalos. Segundo o ministério, a transmissão pelo carrapato de cachorro é menos comum, mas também pode acontecer.

Segundo a pesquisadora Elba Lemos, da Fiocruz, a melhor forma de prevenção é evitar áreas infestadas por carrapatos, principalmente durante o período de maio a outubro.

Outras medidas de prevenção incluem a atenção redobrada durante atividades em áreas arborizadas, com alta vegetação e gramados, como trilhas, parques e fazendas. O uso de roupas claras pode facilitar a visualização dos carrapatos, além disso, sapatos fechados, camisas de manga longa e calças podem ajudar na prevenção.

O tratamento da febre maculosa pode ser realizado com o uso de medicamento antimicrobiano específico, por via oral.

“Em pacientes graves, com edema [inchaço] e vômitos, por exemplo, o antibiótico deve ser ministrado por via endovenosa, além do tratamento de suporte, dependendo da gravidade do caso. Como a bactéria destrói a parede do vaso sanguíneo, o tratamento deve ser iniciado o mais rapidamente possível”, afirma a pesquisadora da Fiocruz.

Segundo a especialista, o tratamento precoce reduz a extensão das lesões e pode diminuir significativamente as chances de morte.

“Apesar de ser considerada uma doença de baixa frequência, a taxa de mortalidade é elevada devido à falta de diagnóstico adequado e de tratamento precoce. Diante de um caso suspeito, deve-se coletar o sangue para a análise laboratorial e iniciar o tratamento imediatamente, mesmo sem a confirmação laboratorial”, explica Elba.

Fonte: CNN

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