Sonhos, desenhos e memórias pintam a paisagem de Reinventando Denise (Companhia Editora Nacional), romance escrito e ilustrado pelo potiguar Aureliano Medeiros, que será lançado no próximo sábado (7) às 16h30 no Mahalila Café e Livros. Ambientado entre Natal e Pipa, para além de entretenimento, o enredo faz refletir sobre a dificuldade que o natalense tem de conservar seus patrimônios históricos e heranças culturais.
Aureliano, conhecido nacionalmente pelo perfil “Oi Aure” no instagram, retorna à ficção pela primeira vez desde Madame Xanadu, seu livro de estreia, contando a história de Denise, uma influenciadora digital natalense que, depois de longa temporada em São Paulo, volta para o RN na intenção de reconstruir as relações que tinha antes de se mudar para a capital paulista. Diferente de Xanadu, a trama é alegre e divertida. “Denise é aquela menina popular que todos querem andar na hora do intervalo escolar”, explica o autor.
O tema “reconstrução” não aparece só de forma subjetiva, visto que uma das intenções da protagonista é remontar a estátua do Anjo Azul, criada pelo artista plástico Jordão, que por poucos anos figurou à frente da galeria de arte homônima, no bairro do Tirol, em Natal.
Além dos escombros do anjo azul, Reinventando Denise também traz outras paisagens potiguares, como o café/sebo Mahalila e os cenários paradisíacos da praia de Pipa, com a praia do amor, a badalada avenida baía dos golfinhos e os olhos atentos dos desenhos de Rafa Santos. O sotaque e a cadência no falar dos personagens garantem uma experiência personalizada ao leitor potiguar. Já os leitores que não conhecem o Rio Grande do Norte vão terminar de ler o livro procurando passagens para comprar.
Entre as referências, o autor passeia por Alice no País das Maravilhas, David Lynch, Caio Fernando Abreu e Elena Ferrante para contar uma história que só poderia acontecer em terras potiguares. A música também é parte fundamental da trama, com a presença de canções de Marina Lima, Kid Abelha e Chiclete com Banana. Com capa e ilustrações também criadas por Aureliano, Reinventando Denise mistura, em sua visualidade, a xilogravura da literatura de cordel, os desenhos animados dos anos 1920, A tábua de esmeralda de Jorge Ben Jor e o cartum brasileiro dos anos 80.
“A personalidade descompassada e autêntica de Denise, as referências artísticas que consegui imprimir e, sobretudo, a ambientação em Natal faz dessa obra um veículo do meu coração. Espero que os leitores locais se identifiquem e, aos outros, desejo que sintam o ritmo da minha cidade”, enfatiza Aureliano.
Publicado pela Companhia Editora Nacional, fundada em 1925 por Monteiro Lobato, Reinventando Denise faz parte de um processo de reestruturação do catálogo da editora paulista. Para Cláudio Varela, gerente editorial, Aureliano é um autor importante nesse novo momento: “Ter um autor como Aureliano no catálogo da Nacional é abrir-se à diversidade de perspectivas culturais e criativas. Ele é capaz de enriquecer a narrativa de fatos ordinários com uma voz autêntica, além de estabelecer uma comunicação eficiente e emocional com o leitor por meio de um olhar artístico singular”, explica Varela.