Fonte: Tribuna do Norte
A cobertura vacinal contra o HPV (sigla em inglês para o Papiloma vírus) é muito baixa. De acordo com os dados da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Norte, a cobertura de 2013 a 2018 chegou a 40,5% nas meninas de 9 a 14 anos, e 60,4% nas de 15 a 17 anos.
Dados do Ministério da Saúde até setembro de 2018 apontaram que apenas 32,3% das meninas de 9 a 14 anos, e 9,8% dos meninos de 11 a 14 anos, haviam sido vacinados naquele período.
Adolescentes de ambos os sexos, meninas entre 9 e 14 anos, e meninos entre 11 e 14 anos, devem ser vacinados contra o vírus do HPV, uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), que pode causar câncer de cólo do útero, vagina e vulva nas mulheres, e de pênis, nos homens.
O ginecologista e especialista em HPV, Ricardo Cobucci, da Maternidade Escola Januário Cicco, explica que a transmissão também é feita de forma vertical, ou seja, na hora do parto.
HPV é um vírus que pode causar desde uma simples verruga mas, como tem transmissão sexual, pode causar doenças nas genitálias masculinas e femininas. Geralmente, essas verrugas são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
Ricardo Cobucci reporta que a OMS (Organização Mundial de Saúde) considera a infecção pelo Papilomavírus Humano como a principal doença sexualmente transmissível no mundo. A estimativa é que 50% das mulheres e homens com vida sexual ativa estão contaminados pelo HPV.
“Não chega a ser tão grave porque ter o HPV não significa ter a doença”, explica o médico. Quem tem relação sexual, e metade dos homens e das mulheres têm o vírus, provavelmente, vai ter relação com alguém que esteja infectado, o que não significa dizer que ele esteja com alguma doença, adverte o médico.
As doenças mais comuns benignas são verrugas, incômodas por causa da localização (genitálias), mas não causam nenhum problema de saúde mais graves porque são simples, só que a questão é preconceito e a sensação do homem e da mulher ter uma verruga no pênis, na vagina e na vulva que é desagradável. O tratamento para as verrugas, explica, é simples e a pessoa fica livre do problema.
Diante das dificuldades de se evitar contrair a infecção pelo HPV hoje, desde 2007 foi criada a vacina para proteger a população que ainda não teve relação sexual. “É a forma de prevenção mais eficaz que o mundo descobriu”, frisa o médico.
Desde de 2014 o Brasil incluiu no programa de vacinação, a imunização contra o HPV para meninas 9 a 14 anos porque é nessa faixa de idade que as meninas não começaram ainda a ter relação. Em 2017 os meninos de 11 e 14 anos foram incluídos no programa pelos mesmos motivos relacionados à sexualidade das meninas.
A escolha da faixa etária é baseada em dados epidemiológicos, e a ideia é que em 2021 se comece a vacinar meninos a partir dos 9 anos de idade, comenta o médico. No mundo, ressalta o especialista, é exitosa a experiência na vacinação de adolescentes de ambos os sexos a partir dos 9 anos. “Tem um detalhe importante que já foi comprovado: a vacina contra o HPV, a tetravalente, protege mesmo se a pessoa teve relação e ainda combate a infecção pelo Papilomavírus”, afirma.
Em 2018 o governo brasileiro passou a oferecer a vacina gratuitamente para mulheres e homens que vivem com HIV e também pacientes transplantados com até 25 anos de idade. Nessa duas situações, explica o médico, as pessoas têm imunidade baixa. Mesmo que essas populações continuem mantendo relação sexual, a vacina aumenta a defesa da imunidade.