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Quarenta e um operários que passaram 17 dias em túnel na Índia são resgatados

Equipes de resgate retiram o primeiro dos 41 trabalhadores indianos presos dentro de túnel. Foto: Reprodução

Depois de 17 dias de incerteza, todos os 41 operários indianos que haviam ficado presos em um túnel dentro do Himalaia foram resgatados nesta terça-feira (28).

Os 41 funcionários trabalhavam na perfuração de um túnel no Himalaia, parte de um megaprojeto do governo indiano para criar uma ligação entre templos hindus do estado de Uttarakhand, que fica no norte da Índia e é atravessado pela cadeia de montanhas.

Durante as perfurações, parte do teto do túnel desabou, deixando o grupo isolado.

Nesta terça, as equipes de resgate conseguiram alcançar os operários, que foram puxados individualmente por macas com rodas através de um tubo de aço de 90 cm de largura.

O resgate foi feito a conta-gotas por conta de uma série de dificuldades técnicas, desde o risco de novos desabamentos até a dificuldade de perfurar as pedras – durante a obra, relatórios de especialistas e até da Suprema Corte indiana alertaram para o alto risco da construção.

Enquanto as escavações iam avançando, as equipes de resgate bombeavam oxigênio através de um duto construído até o local onde os operários estavam presos. Alimentos, água potável, medicamentos e até tacos e bolas de críquete – esporte altamente popular na Índia – também foram enviados por tubos.

Quando faltavam poucos metros para que as equipes alcançassem o local onde estava o grupo, no fim de semana, a perfuradora que abria passagem quebrou.

O tempo estimado para consertar a máquina ou enviar uma nova até aquele ponto era arriscado. A solução dos membros da equipe, então, foi convocar, de última hora, um grupo de mineiros especialistas em escavações manuais e estreitas, que abriram caminho com britadeiras e até escavando com as próprias mãos.

Nesta terça, as equipes enfim conseguiram alcançar o ponto onde estavam os trabalhadores, que foram retirados um a um.

As autoridades responsáveis pelo projeto disseram não ter identificado o que causou o desabamento, mas a região é propensa a deslizamentos de terra, terremotos e inundações. Uma nova investigação foi aberta após o fim do resgate.

O projeto

O túnel que ocorreu o acidente faz parte da autoestrada Char Dham, um megaprojeto do governo indiano para criar uma rota turística e de peregrinação entre diferentes templos hindus, com estradas cortando o Himalaia.

  • O projeto é um dos mais ambiciosos do governo do primeiro-ministro do país, Narendra Modi. O objetivo é conectar quatro templos através de 889 km de estrada. O túnel que desabou parcilamente era apenas um trecho de cerca de 5 quilômetros.
  • As obras no trecho do túnel começaram em 2018 e deveriam ser concluídas até julho de 2022, mas foram adiadas para maio de 2024, segundo um comunicado do governo.
  • Um dos motivos que chamou a atenção no país foi o custo da obra, de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,3 bilhões).
  • No início das obras, o projeto foi alvo de críticas de especialistas ambientais, e algumas obras chegaram a ser interrompidas depois que centenas de casas no caminho da rodovia foram danificadas.
  • Depois, um relatório do Supremo Tribunal da Índia de 2020 concluiu que o impacto do projeto não foi devidamente avaliado antes do início da construção.
  • A Justiça acabou aprovando a rodovia em 2021, mas advertiu que o governo deveria atender a questões levantadas por uma comissão independente nomeada pelo Supremo. Em 2022, no entanto, o diretor dessa comissão alegou que o governo não estava implementando suas recomendações.
  • Além de a região ser propensa a deslizamentos de terra, terremotos e inundações, dias antes do incidente, geólogos locais registraram “eventos de afundamento de terra que atribuíram à construção de forma muito veloz nas montanhas do Himalaia.

Estado dos trabalhadores

Na última quinta-feira (30), foi possível ver, pela primeira vez desde o desabamento, como estavam as vítimas. Por meio de uma câmera colocada em um tubo fino, imagens mostraram que o grupo estava exausto e ansioso.

Apesar disso, eles mantiveram comunicação constantes com os bombeiros e com parentes por rádio.

Sobrevivência

Apesar de terem passado 17 dias presos, sem ver a luz do sol e com acesso escasso a comida e água, os 41 trabalhadores da obra que desabou estão em bom estado de saúde, segundo autoridades da Índia.

Uma combinação de fatores ajudou o grupo a manter-se saudável. Entre eles:

  • Logo nos primeiros dias, as equipes de resgate conseguiram bombear oxigênio para dentro do túnel;
  • Por meio de dutos, chegavam diariamente água potável e alimentação. Medicamentos também foram enviados através dos tubos;
  • O espaço onde os trabalhadores ficaram presos é amplo: tem cerca de 8 metros de altura e 2 quilômetros de comprimento;
  • Para mantê-los ativos, as equipes de resgate enviaram até tacos e bolas de críquete – esporte fortemente popular na Índia.

Fonte: g1

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