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Servidores recusam proposta de pagamento e não descartam greve

Fonte: Tribuna do Norte
Os servidores públicos do RN rejeitaram a proposta apresentada nesta segunda (07) pelo Governo do Estado, que fixava o pagamento adiantado de 30% do salário de janeiro no próximo dia 10 e os 70% restantes no fim do mês e que não incluía o pagamento das parcelas de anos anteriores em atraso. O adiantamento é restrito aos servidores que têm salários atrasados, deixados pela gestão do governador Robinson Faria. O Fórum Estadual dos Servidores, que é composto por 18 categorias, exige  que as parcelas em atraso sejam “tratadas” imediatamente e apresentará nesta terça (08) uma contraproposta ao Governo. Os servidores vão enviar ofício para uma audiência com a governadora Fátima Bezerra e  não está descartada uma greve geral.
Em reunião na tarde desta segunda-feira (07), o Fórum Estadual dos Servidores classificou o anúncio como “desrespeitoso” e a atitude do governo como “autoritária”, por não dialogar com os servidores. As categorias frisaram que faltou transparência da parte do Governo, por não apresentar planilhas com dados sobre o pagamento. Os sindicatos criticaram a postura da governadora Fátima Bezerra, nesta segunda, em um ato onde, segundo os sindicalistas, foi feito apenas um comunicado sobre o pagamento, sem a chance de que os representantes das categorias pudessem apresentar suas propostas.
“É a segunda vez que o governo nos chama e não nos deixa falar. Estamos indignados com essa proposta, queremos que o governo respeite os serviços púbicos e seus servidores. São mais de 105 mil servidores do poder executivo, que precisam de respeito”, disse a presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público da Administração Direta do Estado do Rio Grande do Norte (Sinsp/RN),  Janeayre Souto. “Não somos funcionários de Robinson Faria, somos funcionários do Governo do Estado do Rio Grande do Norte. Temos o direito de receber os salários que estão em atraso”, complementou.
A diretora do Sindsaúde, Rosália Fernandes, classificou o comunicado de pagamento como um ato com “requintes de crueldade”, porque segundo a sindicalista, estaria “maquiando” para a sociedade os atrasos em folhas de pagamento em atraso. “Sabemos que não é possível fazer milagre, mas achávamos que fosse feita nesta segunda-feira uma proposta de, pelo menos, o parcelamento dos salários em atraso”, disse Rosália Fernandes.
Também com “insatisfação”, os servidores da polícia civil receberam o comunicado do governo do Rio Grande do Norte sobre o pagamento dos salários de janeiro e fevereiro. Em reunião na tarde desta segunda-feira, na sede do Sinpol, os policiais deliberaram que vão realizar uma assembleia na sexta-feira (11), às 15h. A categoria não descarta uma nova paralisação.
A reunião de sexta-feira terá como objetivo votar os moldes das ações da categoria, caso o governo não anuncie um calendário de pagamento dos salários em atraso. “Todos os servidores, não só policiais civis, ficaram insatisfeitos com a proposta do governo”, disse Nilton Arruda, presidente do Sinpol/RN.
O representante sindical frisou que as ações da categoria ocorrerão em conjunto com o que for deliberado pelo Fórum dos Servidores Estaduais. Os policiais civis estão com atrasos em uma parcela do décimo terceiro salário de 2017 de aposentados e pensionistas, o salário de dezembro e o décimo terceiro salário de 2018.

O presidente da Associação de Oficiais Militares do Rio Grande do Norte, major Antoniel Moreira, frisou que a categoria não aceitará a forma de pagamento anunciada pelo governo. Segundo Moreira, os representantes da Polícia Militar estão em diálogo com o governo para tentar reverter a situação. “Estamos com duas folhas em aberto e o Governo quer esquecer as folhas de 2018 e negociar depois. Há 30 dias recebemos salário de novembro, não tem lógica pagar janeiro sem receber sequer dezembro e décimo de 2018”, reclamou.

Fórum de Servidores exige que as parcelas em atraso sejam tratadas imediatamente

Fórum de Servidores exige que as parcelas em atraso sejam “tratadas” imediatamente

Os representantes do Fórum dos Servidores se reunirão às 15h desta terça-feira, com a secretária de Administração, Virgínia Ferreira.
Sem definição
Ainda não há, no entanto, datas para o pagamento das folhas salariais atrasadas de novembro, dezembro e o 13º de 2018, que foram deixadas em aberto pela gestão do governador Robinson Faria (PSD).  De acordo com a governadora, o Estado foi entregue pela equipe do Governo anterior com uma dívida de quase R$ 1 bilhão em salários atrasados. Em caixa, no entanto, o Governo possui apenas R$ 3 milhões para quitar a dívida.
“Todo esforço foi feito por parte da nossa equipe, e a prioridade é dar uma resposta aos servidores. A proposta que estamos apresentando é pautada na previsibilidade e isonomia. Previsibilidade para que os servidores saibam o dia em que vão receber seus salários, e isonomia porque será dado um tratamento ao conjunto de servidores”, afirma Fátima.
De acordo com a governadora, toda renda extra que entrar em caixa do Governo, e que não tiver impedimentos legais para ser utilizada desta forma, será para quitar a dívida com os servidores. O Governo pretende antecipar as receitas de quatro anos dos royalties do petróleo e negociar a operação bancária da folha de pagamento a fim arrecadar os recursos necessários. As medidas já haviam sido pensadas anteriormente também pelo Governador Robinson Faria.
De acordo com o secretário de Planejamento e Finanças, Aldemir Freire, no entanto, a situação agora é diferente em virtude da mudança de administração. “Alguns bancos ficam receosos quando há troca dos gestores, mas agora que a troca foi concluída, acredito que vamos avançar na venda da folha”, explica.
De acordo com Aldemir Freire, a prioridade, no momento, é garantir que os servidores saibam quando vão receber seus salários de janeiro e fevereiro, além de impedir que a “bola de neve” em que ele afirma que se transformaram as finanças do Rio Grande do Norte continue a crescer. “Conforme decretamos no dia 2 de janeiro, as finanças do Estado estão em calamidade. As despesas de 2019 não cabem na receita. Se nada for feito, vamos terminar 2019 com um déficit que agravaria o problema de crescimento dessa bola de neve dos débitos do Estado”, afirma. Ao todo, a dívida deixada pelo Governo anterior, de acordo com ele, atinge a casa dos R$ 2,6 bilhões, entre folhas de pagamento salariais, fornecedores e outras dívidas.

Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do RN (Sinpol/RN), Nilton Arruda, a não-prioridade do pagamento dos agentes de segurança vai exigir sacrifícios da categoria. “Será uma coisa difícil para enfrentarmos, porque vinha existindo uma priorização, e agora o pagamento será igual para todos os servidores do Estado. A segurança fará seus sacrifícios, mas esperamos também que os Poderes façam os seus sacrifícios também, porque os salários deles continuam em dia, e eles agem como se nada estivesse acontecendo com o resto dos trabalhadores do Estado”, afirma.
O que o Governo deve aos servidores:
13º salário de 2017 – R$ 42 milhões (para algumas categorias que recebem acima de R$ 5 mil)
Novembro/2018 – R$ 96 milhões (para quem recebe acima de R$ 5 mil)
Dezembro/2018 e 13º de 2018 –     R$ 840 milhões
Total: R$ 978 milhões
Fonte: Fórum dos Servidores do RN
Veja como será o pagamento anunciado pelo Governo
Janeiro
Dia 10: adiantamento de 30% sem descontos, para os servidores com salários em atraso.
Dia 31: pagamento dos 70% restantes.
Servidores com salários em dia recebem de uma só vez até o dia 31.
Fevereiro
Dia 11: Adiantamento de 30% sem descontos, para os servidores com salários em atraso.
Dia 28: pagamento dos 70% restantes.
Servidores com salários em dia recebem de uma só vez até o último dia útil do mês
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