Diógenes da Cunha Lima
Sob o palor suave das estrelas e a brisa sutil da noite densa, sob a terna vigilância dos pastores despertos, sob os olhares dóceis das ovelhas mansas, sob o cântico triunfal do galo vigilante e os acordes rítmicos dos animais do campo, sob o embalo sereno de toda a Natureza entre comovida e adormecida, o Menino Jesus reclina a cabeça na Manjedoura da Gruta de Belém, Maria, a Virgem-Mãe, sôfrega e cândida, inclina-se contemplativa para o Filho Amado, enquanto José, reverente, santo, zela pela segurança do Grande Prodígio.
Nos céus, em radiações sublimes, uma estrela luminosa aponta o centro de gravitação do Grande Mistério, do maior e mais memorável. Acontecimento previsto e visto. Nas Alturas, em coros, anjos cantam as glórias de Deus, e anunciam paz na terra aos homens de boa vontade…
As horas correm, os dias passam, os anos se sucedem, os séculos descambam, assomam milênios, e a História registra, celebra, comemora vivamente, ardentemente, emocionalmente o humilíssimo Nascimento de Jesus, Fato maravilhoso e imensurável, apanágio supremo da Misericórdia e da Sabedoria divinas. Eis quando os céticos, os incrédulos fogem desarvorados e espavoridos, frente à luminosidade inapagável da Fé Cristã.
E o tempo passa, passas, sem amortalhar nas entranhas da terra o Episódio fulgurante do Cristianismo, cujo ideal se acastela na própria magnitude de seus Princípios evangelicamente profundos e se enlaça no marco da Eternidade.
*Publicado no jornalzinho “O Reflexo” de Nova Cruz em 31/12/52