O corpo da empresária Fabiana Borsari, de 40 anos, ainda está desaparecido nos escombros após um deslizamento de terra no bairro Barão da Águas Claras, em Petrópolis. O marido Gustavo Coutinho, de 47 anos, o filho Bernardo Coutinho, de 11 anos, morreram no soterramento. A filha do casal, Gabriela Coutinho, de 15 anos, se feriu gravemente e está internada na UTI do Hospital SMH, no Valparaíso.
Segundo Gisele de Melo Oliveira, prima da empresária, homens do Corpo de Bombeiros e da Defesa Civil, começaram as primeiras ações nos escombros na quarta-feira (16), um dia depois do deslizamento de terra. Gisele contou que um dos corpos foi encontrado com a ajuda do gato da família.
Durante as buscas, os agentes, com a ajuda de cães farejadores, localizaram Gabriela ainda viva.
Sobrevivente em estado grave
Segundo a família, a menina estava com parte da cabeça para fora da terra e conseguiu gritar por socorro. Ela foi levada para o hospital e o estado de saúde é grave. Gabriela teve perfurações por todo o corpo, inclusive nos pulmões, segundo Gisele.
De acordo com os parentes que acompanhavam a ação dos agentes, os trabalhos para encontrar os corpos seguiam por longas horas, até que o gato da família passou caminhando pelos escombros, parou em um determinado ponto e farejou a terra.
A prima e a tia de Fabiana não souberam informar ao g1 o nome do gato. A única pessoa que saberia é a adolescente internada em estado grave.
O comportamento do animal chamou a atenção da força tarefa, que explorou a área indicada pelo felino e encontrou o corpo do empresário Gustavo Coutinho. Em seguida, os homens conseguiram localizar o corpo do menino Bernardo Coutinho. Pai e filho já foram enterrados nesta quinta-feira (17).
Buscas pela empresária
A angústia dos parentes é para encontrar o corpo de Fabiana. A família diz que os agentes não voltaram mais ao local desde então, e os próprios familiares estão fazendo as buscas.
Gisele disse que foi pessoalmente ao quartel do Corpo de Bombeiros nesta quinta-feira (17), pedir ajuda, mas que nenhum homem apareceu por lá.
“O dia estava ensolarado, ainda não estava chovendo na cidade, começou chover por volta das 17h. As únicas buscas no local estão sendo feita por nós mesmo, os parentes”, contou Gisele.
Uma tia de Fabiana registrou nesta quinta-feira, em vídeo, os escombros na área onde a empresária está desaparecida.
“Tô aqui, neste exato momento, 15h12, não tem ninguém aqui, Quem está aqui, ali de blusa vermelha é meu cunhado. Olha lá o que desceu e pode descer mais. Estamos aqui nesse campo de guerra, onde era a casa da minha sobrinha Fabiana, aqui na Barão de Águas Claras, e não tem ninguém, nem Corpo de Bombeiros, nem Defesa Civil , nem viva alma, quem estão aqui são os moradores, que estão aqui tentando limpar, salvar alguma coisa e tentando ver se me ajuda a achar a minha sobrinha .
Após quatro dias de buscas, o Corpo de Bombeiros acredita ainda ser possível resgatar vítimas com vida da lama.
O número de mortos chegou a 122, até as 11h desta sexta (18), segundo o Corpo de Bombeiros. Dos 117 corpos que estavam no Instituto Médico-Legal (IML), 77 são de mulheres e 40 de homens. Desses, 20 são menores e, ao todo, 57 corpos foram identificados.
O coronel Leandro Monteiro, secretário estadual de Defesa Civil e comandante dos bombeiros, explicou que não pode avançar com máquinas pesadas, como tratores, em qualquer lugar.
“Nestes locais onde a população pede o uso de máquinas, nós não podemos entrar com máquinas agora. Eu não posso remover o solo da maneira que eles querem”, disse o coronel Leandro Monteiro.
Monteiro detalhou o protocolo dos bombeiros.
“Temos uma técnica para este tipo de desastre. Primeiro, precisamos de silêncio. É um trabalho manual, chamamos as pessoas pelo nome, depois passamos com os cães treinados para encontrarem pessoas vivas, e depois os bombeiros passam fazendo mais um chamado pelo nome”.
Segundo as forças armadas , foram disponibilizados diversos meios material e pessoal, como viaturas, ambulâncias, motosserras, botes, retroescavadeira, equipamentos de comunicações, helicópteros, entre outros, assim como profissionais de diversas aéreas, incluindo engenheiros e equipes de saúde.
A mobilização de todos os meios já está permitindo a desobstrução de importantes vias de circulação, remoção de escombros, distribuição de gêneros e principalmente auxiliando no resgate de vítimas.
Já o Governo do Estado disse que solicitou apoio dos municípios de Guapimirim, Duque de Caxias, Magé, Belford Roxo e Araruama com maquinário, que já está em Petrópolis apoiando as ações do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro.
O governo estadual também pediu ao governador de São Paulo, João Doria, o envio de cães farejadores. Além de SP, cães do Distrito Federal também passarão a colaborar nas buscas.
Fonte: G1