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Advogados de petista contestam conclusão da polícia e reafirmam crime político

Marcelo Arruda foi morto durante a própria festa de aniversário há uma semana. Foto: Reprodução

A defesa do guarda municipal e tesoureiro do PT, Marcelo Arruda, morto durante a própria festa de aniversário há uma semana, reafirma que a motivação do crime tenha sido a intolerância política. Nesta sexta-feira, 15, a Polícia Civil apresentou a conclusão do inquérito e indiciou o agente penal federal Jorge Guaranho, autor dos disparos que mataram Arruda, por homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e por colocar em risco a vida de outras pessoas. Já a defesa de Guaranho disse ter entendido a conclusão do inquérito como “correta”.

“A defesa vê com muita preocupação e muita surpresa essa constatação pela Polícia Civil de que não houve motivação política. Porque a própria família do Guaranho disse em declaração que ele chegou ao local e proferiu palavras de ordem do tipo ‘Bolsonaro’, ‘mito’, o que tem, evidentemente cunho político”, afirma um dos advogados que representam a família de Arruda, Ian Martin Vargas.

Na conclusão do inquérito, a delegada designada para acompanhar o caso, Camila Cecconello, reconhece que a primeira vez que Guaranho foi até a festa de aniversário de Arruda, decorada com as cores do PT e com imagens do ex-presidente Lula, foi com a intenção de provocar.

Para Vargas, o que reforça o crime de ódio político foi o fato de Guaranho saber da decoração da festa, por meio de uma pessoa que tem acesso às imagens das câmeras de segurança por ser sócio da Aresf, o clube onde era realizada a festa, e ter comentado com o agente penal.

“É o que teria motivado ele a ir até o local. Então, se ele foi até o local por conta dessa informação, se ele chega até o local conforme a própria esposa dele narrou em declarações, ouvindo música alta em referência ao presidente, proferiu as palavras de ordem e logo em seguida já faz as ameaças e depois retorna ao local, é evidente que o segundo momento em que ele chega e efetua os atos brutais que causaram a morte do guarda municipal Marcelo Arruda, tem relação com o primeiro momento e a divergência extremamente violenta da intolerância política”, afirmou o advogado.

Segundo ele, “independentemente da conceituação penal do enquadramento jurídico da acusação, a motivação política tem que estar presente na denúncia, no processo e no relatório policial, também”.

“A defesa reafirma que houve essa motivação política, é um fato público e notório, indissociável o segundo momento do primeiro momento, que fez ele ir até o local onde não era convidado, onde não trabalhava, era um local privado, alugado, e realizar os atos brutais e extremamente violentos, naquela noite, causando a morte precoce do guarda municipal e líder sindical Marcelo Arruda”, disse o advogado.

Os advogados que representam Arruda disseram ainda que aguardam a manifestação do Ministério Público depois do inquérito concluído e se vai requisitar mais diligências à autoridade policial.

O promotor que vai analisar o inquérito e decidir se oferece ou não denúncia contra o agente penal, Tiago Lisboa, disse nesta sexta-feira que não falaria sobre o assunto “antes do oferecimento da denúncia”.

Defesa de Guaranho diz que só cliente pode esclarecer o que ocorreu naquela noite

O advogado de defesa de Jorge Guaranho entende ser correta a conclusão do inquérito policial em não admitir a intolerância política como motivação do crime. “A defesa entende que está correta a forma da autoridade policial em não admitir que tenha sido um crime cometido em detrimento da política”, disse o advogado Cleverson Ortega.

Para Ortega, seu cliente é a única pessoa que pode esclarecer o que o levou a retornar ao local da festa. Guaranho continua internado na UTI em estado grave, sem previsão de alta, respirando com ajuda de aparelhos.

Fonte: Estadão

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