Candidato do PDT ao Palácio do Planalto, o ex-governador Ciro Gomes criticou o que chamou de “polarização odienta” entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), líderes das pesquisas de intenção de voto para outubro, e voltou a equiparar os governos dos dois rivais.
“Estou tentando mostrar ao povo brasileiro que essa polarização odienta, que não ajudei a construir, pelo contrário, eu estava lá em 2018, tentando advertir que as pessoas não podiam usar a promessa enganosa do Bolsonaro para repudiar a corrupção generalizada e o colapso econômico gravíssimo que foram produzidos pelo PT. Agora, está tentando reproduzir uma espécie de 2018”, afirmou Ciro, ontem, na sabatina do Jornal Nacional.
Na entrevista, o presidenciável se referiu a Bolsonaro como “genocida” e usou frases como “roubalheira do Lula e do PT”, mas em tom mais ameno e com menos frequência do que costuma fazer. Entretanto, afirmou que a corrupção é “feita por pessoas” e que é preciso apontá-las.
“Pretendo unir o Brasil ao redor de um projeto e tenho o diagnóstico que o país vive a mais grave crise, no que diz respeito à fome e ao emprego. Trinta e três milhões de pessoas estão com fome e 120 milhões não fizeram as três refeições hoje. Determinados grupos políticos são responsáveis por essa tragédia”, enfatizou. “Acho, francamente, que a maior ameaça à democracia é o fracasso dela na vida do povo, mas vou me esforçar para unir e reconciliar o Brasil.”
O ex-governador prometeu, se eleito, alterar o modelo político do Brasil com a adoção de plebiscitos programáticos para definir os projetos de suma importância para o país. Na avaliação de Ciro Gomes, a medida será um mecanismo eficaz para driblar o fisiologismo do Centrão no Congresso. Ele frisou que, desde a redemocratização, todos os presidentes precisaram se aliar ao grupo político, o que acabou resultando em corrupção e ineficiência.
“É o que se convencionou chamar de presidencialismo de coalizão ou essa adesão vexaminosa e corrupta ao Centrão. Eu quero propor as ideias, e não o ‘deixa que eu chuto’, que tem sido a característica do populismo dos dois lados, de esquerda e direita”, destacou.
Ciro também acusou o PT de reproduzir modelos de gestão “abomináveis” como os da Venezuela e da Nicarágua. “Acho o regime da Venezuela abominável, então é muito clara a minha distinção com esse populismo sul-americano que, infelizmente, o PT replica aqui”, disse. “(O plebiscito) É uma tentativa de libertar o Brasil de uma crise que corrompeu organicamente a Presidência da República. (…) Nós chegamos ao limite da emenda de relator, que é um negócio que formalizou…. Eu vi ontem (segunda-feira) o cidadão (Bolsonaro) aqui falando que não tem corrupção. A corrupção no Brasil está se institucionalizando tal é o despudor”, acrescentou.
Fonte: Correio Braziliense