Os eleitores de 12 estados vão às urnas no domingo (30) para escolher seus governadores. Há disputas de segundo turno em todas as regiões do país.
Quem ficou em primeiro lugar em 2 de outubro busca repetir a dianteira na segunda votação, enquanto os demais tentam reverter desvantagens que foram de um a 21 pontos no primeiro turno.
Nestes cenários, os concorrentes recorrem a diferentes estratégias, do apoio de adversários derrotados ao reforço de suas ligações com candidatos à Presidência – Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) – para conquistar os eleitores.
Os governadores estaduais são eleitos para mandatos de quatro anos e têm a função de administrar a unidade federativa e representá-la em ações jurídicas, políticas e administrativas.
Rio Grande do Sul
No primeiro turno, Onyx Lorenzoni (PL), ex-ministro de Bolsonaro, terminou mais de dez pontos à frente de Eduardo Leite (PSDB). O tucano avançou ao segundo turno com uma vantagem apertada – pouco mais de dois mil votos – sobre Edegar Pretto (PT).
Na última segunda-feira (24), o PT gaúcho anunciou “voto crítico” em Eduardo Leite, com a justificativa de “derrotar o bolsonarismo”. O tucano, no entanto, evitou declarar voto na disputa presidencial, que teve Bolsonaro à frente no estado, com 48,89% dos votos válidos, no primeiro turno.
Santa Catarina
A vantagem de Jorginho Mello (PL) sobre Décio Lima (PT) foi de 21,19% no primeiro turno. O líder é do mesmo partido do presidente, que superou 62% dos votos válidos no estado.
As posições dos candidatos derrotados também dificultam a missão do petista. Os postulantes que ficaram pelo caminho estão próximos de Bolsonaro e evitaram declarar apoio público na disputa estadual.
Mello, que disputa em uma chapa “puro sangue”, tem explorado o aumento de seu tempo de propaganda na televisão – de 43 segundos no primeiro turno para cinco minutos por bloco no segundo.
São Paulo
Na esteira da disputa federal, dois ex-ministros dos candidatos à Presidência estão no páreo paulista: Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT).
Com seis pontos a mais do que Haddad no primeiro turno, Tarcísio ganhou o apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB), que alcançou 18% na votação. O anúncio aconteceu logo no dia 2 de outubro.
Desde então, o candidato do Republicanos também conseguiu ainda o apoio das cúpulas estaduais do MDB e do União Brasil. O Solidariedade paulista aderiu ao petista.
Espírito Santo
O governador Renato Casagrande (PSB) liderou por oito pontos no primeiro turno, com uma das maiores coligações do país. Do outro lado, Carlos Manato (PL) mira a aproximação com Bolsonaro, que venceu no estado no primeiro turno (52,23%), para superar o socialista.
Ainda que esteja do lado de Lula nacionalmente, Casagrande tem recebido apoio de nomes ligados ao atual presidente no estado, caso do senador Marcos do Val (Podemos).
O atual chefe do Executivo tenta evitar uma nova derrota na tentativa de se reeleger. Em 2014, quando estava no cargo pela primeira vez, perdeu o pleito para Paulo Hartung, no então PMDB.
Mato Grosso do Sul
Único estado do Centro-Oeste em que a eleição para governador foi ao segundo turno, Mato Grosso do Sul teve a disputa mais acirrada da primeira votação. Capitão Contar (PRTB) ficou à frente de Eduardo Riedel (PSDB) por apenas um ponto.
Contar ganhou o apoio de Rose Modesto (União Brasil), quarta colocada no primeiro turno com 12% dos votos válidos.
Riedel busca manter uma hegemonia de oito anos de seu partido no estado. Em um ano em que o PSDB perdeu o comando de São Paulo e não elegeu nenhum governador em primeiro turno, Riedel é uma aposta da legenda para o dia 30.
Alagoas
Em uma eleição que coloca grupos políticos adversários frente a frente, Paulo Dantas (MDB) abriu 19,8 pontos percentuais sobre Rodrigo Cunha (União Brasil) em 2 de outubro. O atual governador alcançou 46,6% dos votos válidos no primeiro turno.
Dantas foi afastado do governo do estado no último dia 11. A decisão, proferida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), ocorreu no âmbito de uma investigação sobre a suposta participação do governador em uma organização criminosa que desviou salários de servidores fantasmas na Assembleia Legislativa de Alagoas. Nesta semana, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu devolver o cargo a Dantas.
Seu oponente conta com a bênção de Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados e aliado de Bolsonaro. Apesar disso, Cunha preferiu não manifestar publicamente seu voto para presidente.
Bahia
Entre os candidatos a governador que estão no segundo turno, Jerônimo Rodrigues (PT) foi quem mais se aproximou dos 50% que o levariam a liquidar a disputa em primeiro turno: 49,5%. Seu oponente, ACM Neto (União), teve 40,8%.
O segundo colocado aposta na boa avaliação de sua gestão na prefeitura de Salvador para reverter a desvantagem. Na capital, ele obteve 52,79% dos votos na primeira votação.
Jerônimo se vale de seus padrinhos políticos, Lula e Rui Costa (PT), atual governador. Costa foi reeleito em 2018 com mais de 75% dos votos, enquanto o ex-presidente teve 69% dos votos válidos no primeiro turno deste ano no estado.
Pernambuco
Em um primeiro turno pulverizado, Marília Arraes (Solidariedade) chegou ao segundo turno com 24% dos votos válidos e uma vantagem de menos de quatro pontos percentuais sobre Raquel Lyra (PSDB).
No segundo turno, Arraes ganhou o apoio de Lula e do prefeito do Recife, João Campos (PSB), que enfrentou pelo cargo em 2020. Primos, eles estavam rompidos politicamente.
Do outro lado, Lyra ficou viúva no dia do primeiro turno, o que causou o adiamento da retomada de sua campanha. Ela conta com o apoio de Miguel Coelho (União Brasil), candidato que recebeu 18% dos votos para governador no dia 2 de outubro.
Paraíba
Mais de 15 pontos separaram o governador João Azevêdo (PSB) de Pedro Cunha Lima (PSDB) nas urnas em 2 de outubro. Lula, que teve 64% dos votos válidos no estado, defende a reeleição do mandatário.
No segundo turno, Azevêdo atraiu para seu palanque ainda o Republicanos, que teve os deputados federal e estadual mais votados do estado.
Por outro lado, Cunha Lima recebeu o apoio de Veneziano Vital do Rêgo (MDB), que foi o candidato apoiado por Lula no primeiro turno e recebeu 17% dos votos. O tucano ensaiou também uma aproximação com Nilvan Ferreira (PL), que teve 18%, mas o candidato do PL se declarou neutro na disputa.
Sergipe
O petista Rogério Carvalho recebeu 44,7% dos votos válidos no primeiro turno contra 38,9% de Fábio Mitidieri (PSD). Ambos declararam apoio ao ex-presidente Lula, que teve 63,82% para presidente no estado.
Carvalho recebeu o apoio de Valmir de Francisquinho (PL), candidato barrado pela Justiça Eleitoral no primeiro turno. Dessa forma, tornou- se o único candidato a governador a unir o PT de Lula e o PL de Bolsonaro.
Quatro dias antes da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) barrou a candidatura de Valmir de Francisquinho, seguindo o Tribunal Regional de Eleitoral Sergipe, que o declarou inelegível com base na Lei da Ficha Limpa.
Apesar disso, em 2 de outubro, Francisquinho recebeu mais de 450 mil votos, que foram considerados nulos.
Amazonas
Em uma disputa entre o atual e um ex-governador, Wilson Lima (União) acumulou, no primeiro turno, mais de 21 pontos de vantagem sobre Eduardo Braga (MDB), que governou o estado de 2003 a 2010.
Apoiado por Bolsonaro, Lima tem em seu palanque David Almeida (Avante), prefeito de Manaus. Do outro lado, Braga tem trabalhado para atrair eleitores de Lula. No primeiro turno, o petista venceu com 49,58% dos votos válidos no Amazonas.
Nome histórico estadual e governador por três vezes, Amazonino Mendes (Cidadania), terceiro colocado no primeiro turno, não declarou publicamente seu voto.
Rondônia
O governador Marcos Rocha (União Brasil) liderou o primeiro turno com pouco mais de um ponto percentual em relação a Marcos Rogério (PL).
Além da pretensão de chegar ao cargo, os dois candidatos dividem o apoio a Bolsonaro. No estado, o presidente teve 64,32% dos votos válidos.
Fonte: CNN