O Rio Grande do Norte acompanha, ainda, com espanto a onda de ataques em pelo menos 40 (quarenta) cidades do Estado. Novos ataques são registrados a cada instante. Nas últimas horas as ações criminosas se apresentam em número crescente.
Com maior predominância na grande Natal e na região Agreste do RN, se evidencia que as medidas adotadas pelo Governo não estão atenuando a sensação de insegurança que assola o Estado.
Mesmo com a imediata interlocução da Governadora Fátima Bezerra em Brasília, no Ministério da Justiça, em busca do apoio e reforço das Tropas da Força Nacional para o RN. Mesmo com a plena mobilidade de lideranças políticas do Governo do Estado, inclusive a própria Governadora, dentro do Governo Federal para aglutinar esforços no sentido de combater as ações do crime organizado. E, mesmo diante de um cenário político (especialmente pelo fato da Governadora Fátima ser aliada de primeira hora do Governo Lula) o que colocaria, ou pelo menos faz crer que teria, uma posição de maior prestígio e sensibilidade nas respostas imediatas ou ações enérgicas e enfáticas por parte do Governo Federal para impedir as ações criminosas ou, pelo menos, controlá-las, não é o que se vê.
Ainda assim, com a presença de mais de duzentos homens da Força Nacional, a ousadia dos criminosos perpassa os limites de qualquer imposição de força do Estado. Ainda ontem (quinta-feira, 16), vimos, perplexos, prédios da Polícia Militar serem alvejados.
O Ministério Público do Rio Grande do Norte que acompanha a situação de crise e apura as motivações para os respectivos ataques em um inquérito sigiloso, atribui como motivações, a suspenção da visita íntima nos presídios do RN, desde o massacre ocorrido em 2017, na penitenciária de Alcaçuz onde 27 detentos foram assassinados brutalmente em decorrência de uma guerra entre as facções criminosas.
No entanto, chegou ao conhecimento da inteligência da Polícia Militar, mensagens que circulam nas redes sociais, atribuídas à facção criminosa ‘Sindicato do Crime’, que menciona uma possível união com o PCC – Primeiro Comando da Capital, para atacar prédios públicos em represália às condições do sistema Prisional do RN. Especialistas apontam que essa possível união não é comum. Ainda neste sentido, autoridades de Segurança Pública afirmam que a facção ‘Sindicato do Crime’ surgiu entre os anos de 2012 e 2016, e conviveu pacificamente até o massacre ocorrido em Alcaçuz, no ano 2017, desde então as facções estiveram em constante rivalidade, especialmente, por disputarem as rotas internacionais do tráfico de cocaína partindo do RN em direção à Europa.
O que fica mais evidente a cada dia que passa desde que o caos se instalou nas cidades do RN, é que as reivindicações feitas pela facção criminosa, não são apenas o que se veiculou pela imprensa até agora. Os interesses não são somente ou simplesmente as condições insalubres dos presídios do Rio Grande do Norte. Outros interesses unem as facções, não mais rivais, no intento de guerrear com o Estado. E, nessa queda de braço, entre o Estado e o crime, onde a violência que se evidencia escalonada, resta: a sociedade presa, dentro de suas casas. E os criminosos na rua, aterrorizando os Potiguares.
Por Rudimar Ramon.
17/03/2023