Samara Kiffini do Nascimento Soares, presa após a confusão que terminou com a morte da paciente Arlene Marques da Silva no Hospital Francisco da Silva Teles, na Zona Norte do Rio, ameaçou a médica Sandra Lúcia na 27ª DP (Vicente de Carvalho), quando a responsável pelo plantão prestava depoimento.
“Toma cuidado na área porque você está marcada! Não fica por ali na frente! Vou te matar na porrada!”, gritou Samara.
A ameaça foi na frente de outras testemunhas, dos PMs que atenderam à ocorrência e do policial civil que lavrava o registro de ocorrência.
Horas antes, Sandra Lúcia tinha sido agredida no hospital pelo pai de Samara, André Luiz do Nascimento Soares, que também foi preso. A médica levou 5 pontos na boca e ficou com hematomas e cortes pelo corpo.
“Jogou a médica no chão, espancando a médica. Deu vários socos na face dela”, contou uma testemunha do ataque. Veja o que disseram outros funcionários sobre o episódio.
Antes de ser derrubada por André, Sandra também foi ameaçada por ele: “Você é uma p*ta! Você vai ter que me atender! Se não me atender eu vou bater em você!”, narrou a médica ao depor.
Entenda a confusão
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, por volta das 3h de domingo André Luiz procurou o Hospital Francisco da Silva Teles “com um pequeno corte no dedo da mão esquerda”. Ele estava com a filha, Samara.
Sandra era a única médica no plantão da unidade, que tem 4 andares, onde há clínicas médicas e cirúrgicas e salas para pacientes graves e emergenciais.
Com a demora no atendimento, André e Samara invadiram a área restrita e passaram a depredar as instalações. Na sequência, Sandra Lúcia foi agredida por André com socos.
Enquanto a confusão acontecia, Arlene, que estava na sala vermelha em estado gravíssimo, entrou em parada cardiorrespiratória e morreu.
André e Samara foram presos e vão responder por homicídio doloso, quando há intenção de matar, além de lesão corporal, desacato, dano ao patrimônio público e ameaça.
O delegado Geovan Omena afirma que André “causou um caos no hospital”. “Os pacientes e o pessoal da saúde ficaram desesperados. Eles quebraram o hospital. Tivemos uma paciente que morreu em razão da conduta deles. Eles invadiram a sala vermelha, sabiam que tinha paciente em estado grave e não se importaram.”
O que dizem os envolvidos
A defesa de pai e filha diz que eles são inocentes. “O que a gente tem ainda é muito simplório. As coisas são muito simples, ainda que tenham sido apuradas em delegacia”, afirmou o advogado Cláudio Rodrigues.
“A defesa entende, pela máxima vênia, que acusar duas pessoas de homicídio é um pouco forçoso. É querer culpar uma ineficiência do estado em cima de duas pessoas que tem a idoneidade comprovada. Todos que conhecem o hospital, o PAM de Irajá, sabem do atendimento precário”, emendou.
A Secretaria Municipal de Saúde diz que o plantão noturno do setor de clínica médica do hospital deveria ter dois médicos, mas um deles teve um problema de saúde e não compareceu.
A secretaria diz ainda que todas as unidades de saúde da prefeitura têm vigilantes desarmados, que acionam a polícia quando necessário.
Fonte: g1