A base do governo na Câmara tenta ressuscitar a ideia de uma CPI para investigar o suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas como presente durante viagens oficias do governo Bolsonaro.
A ideia ganhou força após a operação da Polícia Federal desta terça-feira, que teve como alvos aliados do governo do ex-presidente.
Assinaturas escanteadas
O recolhimento de assinaturas para a instauração da comissão começou em meados de abril, quando o caso das joias recebidas por Michelle Bolsonaro da Arábia Saudita vieram à tona.
Mas com as negociações para a instalação da CPMI do 8 de janeiro, a CPI das Joias ficou de escanteio até esta semana, quando a repercussão das investigações da PF mostraram a venda de um relógio Rolex pelo ex-ajudante de ordens tenente-coronel Mauro Cid retomou o debate.
Busca por apoio
A ideia do autor do pedido, deputado Rogério Correia (PT-MG) é conversar com os parlamentares e ir conquistando apoio para instaurar a CPI a partir da próxima segunda-feira (14). Até o momento, são 108 assinaturas; o mínimo para protocolar uma CPI é de 171.
“A gente já sabia que tinha mais coisas a serem reveladas do que só o caso da Michelle, que foi o fato que originou nosso pedido. Acredito que agora, com o escândalo revelado nesta semana, vamos conseguir reunir todas as assinaturas”, afirmou Correia.
Os investigadores dizem que provas colhidas apontam que Mauro Cid viajou de Miami a Willow Grove, na Pensilvânia, para ir a uma loja de relógios e “efetivou a venda do relógio que integrava o kit ouro branco presenteado ao ex-presidente Jair Bolsonaro”.
Após a venda, sustenta a PF, Cid depositou o valor da venda na conta do pai dele, o general Mauro Lourena Cid. A PF, no inquérito, revela que o então advogado de Jair Bolsonaro, Frederick Wassef, foi o responsável pela recompra do objeto valioso, entregue posteriormente ao patrimônio da União.
O que diz a defesa de Bolsonaro
O advogado Fábio Wajngarten, que atua na defesa de Jair Bolsonaro, disse à CNN que ele e seus colegas do time jurídico do ex-presidente não sabiam da operação de recompra de um relógio Rolex nos Estados Unidos.
De acordo com Wajngarten, que foi secretário de comunicação do governo Bolsonaro, ele estava dando uma orientação jurídica a Cid sobre como proceder, mas desconhecia o paradeiro das joias.
“A defesa não sabia. Eu estava ali para orientá-los a se antecipar a uma decisão que o TCU tomaria, pegar as joias e entregar. Só isso. Eu não sabia onde elas estavam”, afirmou à CNN.
Questionado o motivo de não ter perguntado o paradeiro das joias, Wajngarten afirmou que não cabia a ele essa pergunta naquele momento.
Fonte: CNN