Relatórios técnicos preliminares da recuperação judicial da 123 milhas indicam que os gastos com marketing e publicidade foram o pivô para o rombo de R$ 2,5 bi na agência de viagens. Os documentos apontam que o grupo da 123 milhas tem 948 credores trabalhistas e 802.630 credores secundários, sendo a imensa maioria consumidores.
A conclusão dos relatórios foi a de que a 123 milhas apresenta os requisitos para que seja dado seguimento ao processo de recuperação judicial, iniciado no final de agosto. O documento era aguardado no bojo do recurso em que foi determinada, a pedido do Banco do Brasil, a suspensão provisória do procedimento.
Nesta quinta-feira, 9, o desembargador Alexandre Victor de Carvalho instou a empresa e seus administradores judiciais a se manifestarem sobre o conteúdo das constatações prévias. As partes terão dez dias para comentar o teor dos documentos.
As constatações prévias colocam os gastos com marketing da 123 milhas e da Hotmilhas no centro da crise que levou à recuperação judicial das empresas. Segundo um dos pareceres, o grupo reconheceu ‘indevidamente’ os gastos com publicidade como um ativo em vez de uma despesa.
Como consequência, o balanço das companhias apresentaram resultado positivo e houve a distribuição de dividendos – entre 2020 e 2022, a 123milhas distribuiu R$ 29,8 milhões aos sócios.
“Caso a regra contábil tivesse sido devidamente observada e os gastos com marketing e publicidade tivessem sido reconhecidos como despesas, não haveria resultado positivo em nenhum dos exercícios analisados, o que impediria a distribuição de dividendos realizada”, registra o documento.
Fonte: Estadão