Lar da emoção, o Estádio Nilton Santos, no Rio de Janeiro, abrigou também outros sentimentos nesta quinta-feira (9) — data do primeiro show do grupo RBD em solo brasileiro pela turnê “Soy Rebelde”. O amor e a nostalgia da banda e dos 64,5 mil fãs ali presentes se destacaram, 15 anos após a última apresentação do grupo na cidade.
Com as cores do Brasil cravejadas em figurinos extravagantes, os cinco rebeldes — Anahí, Christian Chávez, Christopher von Uckermann, Dulce María e Maite Perroni — desceram ao palco como se caíssem do céu, enquanto interpretavam “Tras de Mi”.
O público, que cantava a plenos pulmões e preenchia o Engenhão, tinha finalmente o que esperava desde março, quando esgotaram os ingressos para todos os shows no Brasil.
“Estão prontos para dançar? Para curtir? Bem-vindos ao Elite Way School”, gritou Christian em português, fazendo referência ao colégio da novela “Rebelde”.
A seguir, “Un poco de tu amor”, “Cerquita de ti” (lançada neste ano), “Aún hay algo” e “Otro día que va” ambientavam a plateia à magnitude oferecida pelo RBD: uma produção grandiosa, acompanhada por uma banda robusta de oito músicos, que criou versões melhoradas dos hits, além de uma estrutura de palco impressionante.
A turnê “Soy Rebelde” traz momentos de força feminina, quando Dulce María, Anahí e Maite se juntam para um medley com as famosas “Asi soy yo”, “Cuando el amor se acaba” e “Fuego”.
Com “Inalcanzable”, Christopher deu início ao que seria repetido até o final do show: cada integrante teria um momento solo com a plateia. O cantor pediu paz ao mundo, enquanto era iluminado pelo show de luzes das pulseiras de led distribuídas na entrada.
Declarações de amor e agradecimento à fidelidade do público brasileiro fanático estavam presentes nos detalhes, desde o microfone até os lembretes de cada rebelde, em diversos momentos do show.
“Esse nosso sonho e de milhões de outras pessoas é por causa de vocês. Por sua música, por sua paixão, por serem únicos. Eu te amo pra sempre, Brasil”, declarou Dulce, emocionada.
‘Ser quem eu sou’
Depois, o público pôde ver um Christian livre e performático, usando no leque e em detalhes do corset as cores da bandeira LGBTQIAP+. Em sua vez de intimidade com os fãs, o rebelde apareceu com um vestido voluptuoso sentado em um trono, tal como uma rainha campy.
“A homossexualidade não é pecado. HIV positivo não é pecado. E se alguém não me quiser, que se f*da. Brasil, eu te amo”, disse. O cantor assumiu sua sexualidade pouco antes do fim do sexteto.
Mas a liberdade se estendia aos outros integrantes. Pela primeira vez, podiam cantar sem a pressão da Televisa, que à época da novela detinha a autonomia dos artistas, os direitos da marca e o lucro obtido com o sucesso mundial do grupo.
Alfonso Herrera, integrante do RBD que não quis participar da nova turnê, falou da suposta exploração ao “El País México”, em publicação deste ano.
Público
RBD sabe que os fãs brasileiros são diferentes, “conhecem todas as músicas”, disse Cristian impressionado.
À pedido, o grupo mudou o setlist performado nos outros shows da turnê. “Vocês pediram!”, declarou o rebelde. O medley “Una Canción”, “A tu lado” e “Adiós” emocionou o público e deixou Anahí em lágrimas.
A parte final do show arrebatou a plateia, com a apresentação solo da eterna Mia Colucci, da música “Sálvame”. Dezoito anos após o lançamento, o hino da decepção amorosa continua atemporal, graças a artistas como Karol G e Bad Bunny, que já interpretaram a canção.
“Após 15 anos, voltei para minha casa. Os anos passaram… Hoje tenho 40 anos, sou mãe, mas nunca me esqueci de vocês!”, gritou a loirinha, usando o tradicional chapéu de cowboy rosa.
Após “Nuestro Amor” e “Rebelde” encerrarem o espetáculo, RBD mostrou a potência da sua música, que vai além de questões técnicas de produção, classificada como simplória por analistas.
A validade da “Soy Rebelde Tour” e o legado do maior grupo pop da América Latina estão no ato simplista do fã de se conectar a si mesmo, como se estivesse lendo o seu próprio diário de adolescente ou revisitando amigos de infância.
Os rebeldes fazem mais um show em solo carioca, nesta sexta-feira (10), e outras seis apresentações em São Paulo, no Estádio do Morumbi e no Allianz Parque, com ingressos esgotados.