Um ano depois dos ataques às sedes dos Três Poderes por radicais bolsonaristas, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes disse ter recebido uma ligação do presidente Lula (PT) no momento dos ataques, em Brasília. Ele deu a declaração em entrevista concedida à jornalista Julia Duailibi para o documentário “8/1 A Democracia Resiste”, da GloboNews.
Por intermédio do ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o presidente Lula ligou para Alexandre de Moraes. Naquele dia, Lula estava em Araraquara, no interior de São Paulo.
Na conversa, Lula perguntou quais as possibilidades jurídicas para que o governo atuasse diante da invasão das sedes dos Três Poderes.
“Eu disse que o governo deveria fazer os pedidos [de desocupação dos quartéis e de afastamento de autoridades] via AGU [Advocacia-Geral da República]. Conversei também com o ministro Jorge Messias [da AGU]. Foi a AGU que fez os pedidos, tanto de desocupação dos quartéis, de todos os quartéis, quanto de afastamento das autoridades públicas em tese envolvidas”, disse Moraes.
Moraes afirma ser “um grande erro” crer que ele afastou o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), no dia seguinte aos ataques.
“Aí é um grande erro, que foi sendo passado, de que eu afastei o governador Ibaneis de ofício. Houve um pedido expresso da AGU para que todas as autoridades públicas, independentemente de grau, que tivessem eventual envolvimento, fossem afastadas”, disse Moraes.
Moraes: ‘Nem de esquerda nem de direita’
Durante a entrevista, o ministro definiu como uma pessoa “nem de esquerda nem de direita”.
“Um puxa para a direita, outro para a esquerda. Eu fico no centro, onde eu sempre estive e, como juiz, nós não somos nem de esquerda nem de direita. Nós temos que defender a Constituição”, disse.
Moraes afirmou ainda que, se a Constituição defende medidas rigorosas na área da segurança, ele as aplicará. O mesmo vale para a defesa de direitos humanos.
“Se a Constituição defende medidas progressivas, na área de direitos humanos, eu também aplico. As pessoas, às vezes, por falta de conhecimento da própria Constituição, não entendem como são as decisões de um magistrado e acabam querendo rotular”, afirmou.
O ministro também brincou sobre o assunto. Disse dar risada sobre a variedade de rótulos atribuídos a ele. “Pelo menos não acharam que eu virei palmeirense”, brincou o magistrado, que é torcedor do Corinthians.
Fonte: g1