Interlocutores da Petrobras afirmam que presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi induzido a erro pelo Ministério de Minas e Energia, comandado por Alexandre Silveira, ao apoiar a retenção dos dividendos extraordinários. Isso desencadeou uma nova crise na empresa, com ações em queda e conflitos internos entre Jean Paul Prates e Silveira. Aliados de Lula não descartam a demissão de Prates, com quem ele se reunirá hoje à tarde.
Rui Costa, ministro-chefe da Casa Civil, também foi alertado sobre os riscos da decisão. Na sexta-feira (8), as ações da empresa sofreram uma forte queda devido ao temor de pressão de Lula e lucro menor, resultando em uma perda de mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado, a maior desde fevereiro de 2021.
Sergio Caetano, diretor financeiro da Petrobras, afirmou que os dividendos extraordinários retidos em 2023 não serão reinvestidos, como sugerido pelo mercado. Prates deve apresentar esses argumentos a Lula durante a reunião no Palácio do Planalto, destacando o impacto na cotação das ações e na autonomia da gestão da estatal, além das dificuldades na aprovação de acordos com a Receita Federal para redução de dívidas.
Outra alegação é que a proposta de retenção de metade dos dividendos não foi submetida a voto, e sua abstenção permitiria retomar essa proposta, considerada condizente com as práticas de mercado. Integrantes do governo afirmam que Lula cobrará explicações sobre o balanço e o plano de investimentos da Petrobras na reunião desta segunda-feira.
A exoneração de Prates não é certa neste momento, mas sua permanência tampouco está garantida. Embora a disputa envolva principalmente Prates e Silveira, a divergência vai além disso, com Rui Costa também apoiando a retenção dos dividendos. Críticos de Prates alegam que ele foi contra uma determinação do Executivo, indicando uma possível divergência na modelagem da Petrobras entre o presidente da empresa e o governo federal.