Paulo Sérgio de Lima manteve duas mulheres sob a mira de uma pistola e as usou como escudo humano durante o sequestro do ônibus na Rodoviária do Rio de Janeiro.
Ele fez 16 pessoas reféns dentro do coletivo nesta terça-feira (12) e só se entregou após uma intensa negociação de agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope). A rendição levou 3 horas.
Sequestrador usou mulher como escudo humano — Foto: Reprodução
Imagens da câmera do ônibus também mostram Paulo Sérgio tentando entregar a arma para um passageiro que, em depoimento à polícia, ele disse ter pensado que era um policial. Ele acaba não entregando a arma e começa a disparar pela janela do ônibus.
O sequestrador já tinha dito à polícia que os disparos foram feitos porque viu uma pessoa correndo do lado de fora.
Sequestrador faz disparos pela janela do ônibus — Foto: Reprodução
Depois de ser preso, Paulo Sérgio foi levado à 4ª DP (Praça da República). Nesta quarta-feira (13), ele foi encaminhado para a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, onde vai passar por audiência de custódia.
“Minha tarde foi interrompida pelos policiais. Me atrapalharam os policiais. Quatro civis disfarçados atrapalharam a minha viagem”, disse Paulo Sérgio ao deixar a 4ª DP.
Paulo Sérgio disse à polícia que achava estar cercado por policiais desde o momento em que comprou a passagem.
Em depoimento, ele explicou que era ligado ao Comando Vermelho na Muzema e que, durante uma briga, baleou um traficante da Rocinha, também dominada pela facção. Por temer represálias, decidiu fugir para Minas Gerais. Mas a polícia investiga essa versão.
Paulo Sério comprou passagem no gichê da Viação Útil, às 13h51, em espécie — Foto: Reprodução
‘Perseguição’
O sequestrador chegou ao guichê da Viação Sampaio às 13h51 de terça e comprou, em espécie, a passagem do semileito para Juiz de Fora que partiria às 14h30.
“Ao efetuar o pagamento, Paulo tirou um saco de dinheiro e achou que aquilo ali chamou a atenção de algumas pessoas, que para ele seriam policiais”, afirmou o delegado Mário Andrade, da 4ª DP (Praça da República).
Mesmo desconfiado de que tinha sido notado, o criminoso resolveu embarcar. Já dentro do ônibus, cismou que alguns passageiros também eram policiais.
“Houve a falha mecânica. O motorista pediu auxílio e saiu do coletivo. Paulo achou que, nesse momento, os policiais iriam pegá-lo. Foi quando vieram passageiros, que estavam entrando no ônibus, ele achou que seriam policiais e fez menção de entregar a arma. Um se assustou e saiu correndo, e Paulo efetuou os disparos”, prosseguiu o delegado.
Esses tiros atingiram o funcionário da Petrobras Bruno Lima da Costa, de 34 anos, no tórax e no abdômen. O estado de saúde de Bruno ainda era considerado grave nesta manhã.
A Polícia Civil afirma que Paulo Sérgio também atirou contra policiais que faziam a negociação do lado de fora. Nenhum agente ficou ferido.
Versão investigada
A 4ª DP quer esclarecer se Paulo é de fato integrante do Comando Vermelho. Duas pessoas que não têm nenhuma relação com o sequestro foram à delegacia e o apontaram como um assaltante que agia na Rocinha e em São Conrado. Uma das testemunhas afirmou que ele roubou uma joia dela no domingo (10).
A polícia busca entender se Paulo estava fugindo porque tinha sido descoberto pelo tráfico — o CV não tolera roubos no entorno das comunidades que domina para não prejudicar a venda de drogas.
Fonte: g1