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Em audiência na Câmara de Natal, parlamentares e motoristas de app criticam regulamentação proposta pelo Governo Lula

Audiência pública na Câmara Municipal para debater projeto que regulamenta trabalho de motoristas de aplicativo - Foto: Elpídio Júnior / CMN
Audiência pública na Câmara Municipal para debater projeto que regulamenta trabalho de motoristas de aplicativo - Foto: Elpídio Júnior / CMN

Por proposição da vereadora Nina Souza (PDT), a Câmara Municipal de Natal realizou, nesta quarta-feira (10), uma audiência pública para debater a Nova Lei dos Motoristas por Aplicativos.
Divergências e dúvidas marcaram o debate em torno do Projeto de Lei Complementar, apresentado pelo Governo Federal, que regulamenta a atividade (PLP 12/2024).

O texto propõe a criação de uma nova categoria: a de autônomos com direito à transparência na relação de trabalho, segurança, jornada máxima de 12 horas por dia e remuneração mínima de R$ 32,10 por hora trabalhada para os motoristas de aplicativos. Além disso, as novas regras não significam vínculo de trabalho entre os motoristas e os aplicativos. Então, eles não estarão enquadrados na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Nos últimos dias, a Frente Parlamentar em Defesa dos Motoristas de Aplicativos, coordenada pelo deputado federal Daniel Agrobom (PL-GO), anunciou um acordo com o governo para a retirada da urgência constitucional do projeto.
Com a retirada da urgência constitucional, o acordo prevê que a proposta seja previamente analisada nas comissões de Trabalho, Indústria e Comércio e Constituição e Justiça, com prazo máximo de 20 dias em cada colegiado.

A vereadora Nina Souza fez críticas ao projeto. “O PLP 12/2024 trouxe pontos que são extremamente nefastos, que vão na contramão de tudo o que a gente quer para a categoria. Por exemplo, como é que você vai taxar uma hora em 32 reais se a maioria dos motoristas, em uma hora, ganha 50 reais, a depender de onde eles estão circulando. Ou seja, são muitos pontos que a gente precisa analisar”, enfatizou.

Vereadora Nina Souza (União Brasil) durante debate sobre proposta de regulamentação do trabalho de motoristas de app – Foto: Elpídio Júnior / CMN

Presente na audiência, o deputado Daniel Agrobom disse que existem várias diferenças entre o projeto do governo e o projeto apresentado pela Frente Parlamentar em Defesa dos Motoristas de Aplicativos.

“O projeto do governo foi construído por um grupo de trabalho formado pelas plataformas, representantes das plataformas e alguns sindicatos que diziam representar os motoristas de aplicativos. E o nosso projeto foi construído junto com os trabalhadores do setor, através de várias audiências públicas, reuniões presenciais e online”.

Ele defendeu a votação de outro projeto (PL 536/24), apresentado por ele em nome da frente, que estabelece outra metodologia de remuneração mínima. De acordo com esse texto, o motorista teria que receber R$ 1,80 por km rodado e R$ 0,40 centavos por minuto, enquanto o cálculo não fosse aprovado localmente.

“Segundo a proposta do governo, o valor por hora trabalhada (R$ 32,09) será dividido assim: 25% (R$ 8,02) para remuneração e 75% (R$ 24,07) para cobertura de despesas com uso do telefone celular, combustível, manutenção do veículo, seguro, impostos, entre outros. Ou seja, essa segunda parcela não fará parte da remuneração mensal mínima de R$ 1.412”, concluiu o deputado.

O presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativos do Rio Grande do Norte (Amapp-RN), Evandro Henrique, também se posicionou contrário ao projeto do Governo Federal.

“Qualquer pessoa que pague o MEI tem todos os benefícios da previdência social, limitados a um salário mínimo. Isso é um fato. Se quiser mais, você pode contribuir também como contribuinte individual. Mas é o que acontece. Eles estabelecem agora 27,5% de alíquota de previdência, onde 7,5% será para o motorista e 20% será para as empresas que fatalmente irão jogar essa conta no colo do motorista e no colo do passageiro, porque empresa nenhuma tira dinheiro do bolso para pagar o imposto. Em resumo, a matéria é ruim e precisamos buscar alternativas a ela”.

Audiência pública na Câmara Municipal debate proposta de regulamentação do trabalho de motoristas de app – Foto: Elpídio Júnior / CMN
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