Um homem de 26 anos foi morto com tiros nas costas disparados por um policial militar de folga em frente a um mercado no Jardim Prudência, na zona sul de São Paulo. O caso ocorreu por volta das 22h40 do dia 3 de novembro, mas as imagens do crime só foram divulgadas neste semana.
O homem morto foi identificado como Gabriel Renan da Silva Soares, 26. Ele foi atingido pelo PM Vinicius de Lima Britto, 24. Em depoimento, o agente disse que agiu em legítima defesa.
Segundos antes de ser baleado, Soares havia furtado produtos de limpeza de uma das gôndolas do mercado Oxxo na avenida Cupecê, 1.677.
As imagens das câmeras mostram quando Soares entrou no mercado e passou pelo policial, que estava no caixa —como o agente estava de folga, ele não estava fardado. O jovem foi até os fundos do estabelecimento e pegou quatro pacotes de sabão para lavar roupa.
Ele então tentou fugir correndo pela entrada da loja, mas escorregou em um papelão na saída. O PM, que estava de costas se virou para Soares, que estava na calçada, e atirou diversas vezes sem dar chance de defesa. Soares morreu no local. Em sua carteira foram encontrados um cartão do SUS e uma nota de um dólar.
Comércio funciona normalmente mesmo com corpo exposto
Outros clientes estavam no estabelecimento naquele momento, que continuou funcionando apesar do corpo. Um funcionário prestou depoimento e reforçou a versão apresentada no boletim de ocorrência de que Soares afirmou estar armado antes de ser atingido.
De acordo com o mesmo funcionário, Soares teria ido ao mercado mais cedo naquela data e furtado caixas de café e bolachas. Os furtos por ele, ainda de acordo com o depoimento, seriam comuns na unidade.”Ele tinha 11 perfurações no corpo, sendo perfurações na cabeça, no tórax, na mão, nos braços, que não condizia com nada disso que ele [policial] estava falando”, disse Fatima Taddeo, tia de Soares.
Secretaria da Segurança Pública se posiciona
A pasta disse em nota que o PM está afastado das atividades operacionais. “O caso segue sob investigação pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). As imagens mencionadas foram captadas, juntadas aos autos e estão sendo analisadas para auxiliar na apuração dos fatos”.
Segundo o boletim de ocorrência, o PM fazia compras no mercado quando presenciou o furto no local. Em seu depoimento, Britto disse ter atirado porque Soares teria afirmado estar armado e colocado a mão por baixo da blusa. Por isso, ele afirmou que agiu em legítima defesa ao atirar.
Durante perícia no local foram achados 11 ferimentos pelo corpo de Soares. Eles são listados no BO: três no tórax, dois no dedo anelar da mão esquerda, um no antebraço esquerdo, um na região auricular direita, três no antebraço direito e um no rosto.
Defesa contexta versão do policial
Advogada, ela pediu no processo que as imagens das câmeras do interior e exterior da loja fossem anexadas ao processo, o que ocorreu. “Essas imagens apareceram mostrando que realmente o depoimento dele foi falso, porque para gente já não fazia sentido uma legítima defesa com 11 tiros”, acrescentou. Para ela, a versão de legítima defesa não condiz com o furto, crime praticado sem violência ou grave ameaça. Ela disse que o sobrinho era usuário de drogas.
“Até o dia em que ele foi sepultado ainda tinha essa narrativa de que ele era um suspeito de tentar roubar e foi morto por um policial herói, o policial herói que salvou a sociedade desse elemento“, disse Fatima.
Fonte: Folha de São Paulo