antes-visualizacao-noticia

Alertas de desmatamento na Amazônia crescem em maio e batem recorde

Os alertas de desmatamento na Amazônia tiveram recorde em maio de 2020. Foram registrados 829 km², o maior dos últimos cinco anos, desde que começou a série histórica. O número é 12% acima do registrado em maio de 2019.

Ao se observar os alertas emitidos durante os meses em que se calcula a taxa oficial de desmatamento, a tendência é de aumento na devastação da floresta nesta temporada que se encerra em 2020, se comparado ao período anterior – que já havia sido recorde em destruição de florestas.

Os dados são do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), atualizados nesta sexta-feira (12).

A taxa oficial de desmatamento na Amazônia é calculada de agosto de um ano a julho do ano seguinte – desta forma, é possível detectar a destruição da floresta levando em conta os ciclos de chuva e seca, desmatamento e queimadas.

Os dados indicam sinais de desmatamento em 829 km² da Amazônia em maio deste ano – em maio de 2019, foram 738,56 km². Ao consolidar os alertas de desmatamento emitidos de agosto de 2019 a maio de 2020, e comparar com o mesmo período anterior (agosto de 2018 a maio de 2019), o aumento é de 78% . Foram 3.653,42 km² sob alerta, e agora são 6.498,8 km².

O coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace, Márcio Astrini, afirma que os meses de junho e julho representam 40% de todo o desmatamento do período – ou seja, se os dados já apontam tendência de aumento, é provável que ela se confirme.

“Se a gente reproduzir o mesmo ritmo, teremos taxa de desmatamento maior que do ano passado. Podemos ir para quase 12 mil”, afirma. “Os dados mostram que temos que nos preocupar. Alta [no desmatamento] é certo que vamos ter. Dificilmente não teremos uma alta considerável” – Márcio Astrini, Greenpeace.

“Os números indicam que o desmatamento está crescendo e continua acontecendo, mesmo após a repercussão das taxas do ano passado. Ele está mais agressivo. Os números vão subir e isso é fruto do que o governo faz de errado e se omite em fazer, o que seria sua obrigação”, declara.

O Relatório Anual de Desmatamento, organizado pelo projeto MapBiomas, apontou que a Amazônia perdeu em 2019 uma área equivalente quase dois mil campos de futebol em floresta.

O mesmo estudo indica que 99% do desmatamento no bioma é ilegal – o que indica que poderia ser combatido com ações de fiscalização e medidas punitivas.

“Falta de informação não é, os dados mostram claramente onde está o desmatamento”, afirma Ane Alencar, diretora de ciência do Instituto Pesquisa Amazônia (Ipam).

“Para reduzir o desmatamento, é só combater a ilegalidade. É só ir nas terras públicas [sem destinação] e nas terras indígenas e unidades de conservação – só aí, reduziria-se 50% o desmatamento, porque 40% ocorre em terras públicas e 8% em terras indígenas e áreas que deveriam ser preservadas”, afirma Ane.

“De acordo com os compromissos assumidos na Política Nacional de Mudança do Clima deveríamos reduzir à taxa de desmatamento na Amazônia para 3.900 km² em 2020. No entanto, estamos seguimos na direção contrária. Em 2019, rompemos a triste barreira dos 10.000km² e os alertas do deter apontam para a possibilidade de ter uma taxa cerca de três vezes maior que a meta estabelecida para 2020, contribuindo negativamente para as mudanças climáticas e com a alarmante perda de biodiversidade”, comenta Cristiane Mazzetti da campanha da Amazônia do Greenpeace.

“O Governo Federal precisa parar de enviar sinais de que está do lado dos grileiros, garimpeiros e madeireiros ilegais, como tenta fazer com a ex-MP 910 e o atual PL 2633, que pode legalizar a grilagem.” Afirma Raul do Valle, diretor de Justiça Socioambiental do WWF-Brasil.

Fonte: G1

fim-visualizacao-noticia