O ex-ministro da Justiça e ex-juiz Sergio Moro criticou, neste sábado (13/06), a “radicalização” da política e, sem citar nomes, disse que “aqueles que têm autoridade têm responsabilidade de evitar discursos que fomentem divisões”. “Temos que ser tolerantes em relação às ideias alheias”, declarou.
Em entrevista ao vivo para o movimento Vem pra Rua, ele também falou sobre seu trabalho como auxiliar de Jair Bolsonaro (sem partido), fake news e foro privilegiado: “Devia ser por completo eliminado ou restringido aos presidentes dos Poderes”.
“É um resquício aristocrático e contraria aquela sabedoria de quadrinhos: ‘Quanto maiores os poderes, maiores as responsabilidades’”, afirmou ele, referenciando à frase que ficou famosa nas histórias do Homem-Aranha. “As pessoas têm que responder pelos seus atos”, completou.
Moro também criticou o que chamou de “culto à personalidade” no país. Apesar de o próprio ex-juiz ser tratado como herói por apoiadores da Lava Jato, ele afirmou que, na sua opinião, o Brasil “enveredou por um lado perigoso”.
“A gente entende que as pessoas precisam de símbolos, mas é importante defender princípios e causas para a gente não cair em erros do passado. Acho que um dos males que tivemos na nossa democracia foi um pouco desse culto à personalidade”, disse.
Sobre uma eventual candidatura, ele disse que especulações nesse sentido “só o prejudicaram” e afirmou “que não é algo que tem em pensamento” no momento. “Temos um problema sério em 2020, que é a pandemia, emprego e renda. Não tem cabimento esse tipo de cogitação. Meu foco é absolutamente diferente.”
Perguntado sobre a agenda anticorrupção, Moro avaliou que houve retrocessos: “Uma coisa é você não roubar, mas além disso, você tem que construir instituições fortes. Aparentemente, deram uma diminuída (nos casos), embora seja difícil competir com aquele nível de corrupção. Agora, existe uma cifra negra. Muitas vezes esses fatos são descobertos muito tempo depois.”