O tratamento intensivo foi então interrompido, e após 57 semanas (13 meses) sem receber o coquetel e fazendo exames regulares, o DNA de HIV nas células do paciente continuou negativo, assim como seu exame de anticorpos de HIV. Ou seja, o vírus não é mais detectado no organismo dele.
O infectologista Ricardo Sobhie Diaz, que coordena o estudo na Unifesp, explica que o paciente pode ser considerado livre do vírus. “O significado para mim é que tínhamos um paciente em tratamento, e agora ele está controlando o vírus sem tratamento”, disse à agência de notícias AFP.
“Não conseguimos mais detectar o vírus [em seu organismo], e ele está perdendo a resposta específica ao vírus – se você não possui anticorpos, então não possui antígenos.”
O feito fez parte de um estudo em escala global realizado pelos pesquisadores da Unifesp com pessoas infectadas pelo HIV. Os resultados foram apresentados na 23ª Conferência Internacional de Aids, que ocorre entre 6 e 10 de julho de forma virtual, devido à pandemia de covid-19.
“Este caso é extremamente interessante, e realmente espero que possa impulsionar pesquisas adicionais para uma cura do HIV”, afirmou Andrea Savarino, médico do Instituto de Saúde da Itália que foi um dos líderes do teste, em uma entrevista à instituição NAM Aidsmap.
Ele advertiu, no entanto, que quatro outros pacientes foram tratados com o mesmo coquetel, mas não tiveram os mesmos efeitos positivos. “Este resultado muito provavelmente não pode ser reproduzido. Este é um primeiro experimento [preliminar], e eu não faria previsões para além disso”, completou Savarino.
O estudo testou ao todo 30 pacientes, que receberam combinações de medicamentos diferentes, além do tratamento padrão contra o vírus. Nenhum deles apresentou resultados como o paciente de 34 anos. Agora, Ricardo Sobhie Diaz disse ter recebido aprovação para realizar um novo estudo, dessa vez com 60 pacientes, patrocinado por subsídios governamentais do Brasil e pela farmacêutica britânica ViiV Healthcare.
Fonte: Terra