Com 28,5 mil testes RT-PCR para detecção da Covid-19 incompatíveis e com o prazo de validade até o fim de dezembro deste ano, o Laboratório Central de Saúde Pública do Rio Grande do Norte (Lacen/RN) está com o estoque de testes compatíveis suficiente apenas para as próximas duas semanas. Segundo o diretor administrativo do Lacen, Derley Galvão, os 28,5 mil testes, enviados pelo Ministério da Saúde ao Estado não se adequam aos equipamentos do laboratório e podem ficar sem utilização caso não haja uma solução rápida.
De acordo com Galvão, a incompatibilidade é com os kits de amplificação que identificam ou não o RNA da Sars-Cov-2 (vírus da Covid-19) nos exames. Os kits enviados pelo Ministério da Saúde aos Estados, da empresa Seegene, seriam diferentes dos adequados às máquinas do Lacen porque são automáticos, enquanto as máquinas disponíveis no laboratório exigem uma etapa manual. Segundo o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), o mesmo problema se repetiu em outros Estados brasileiros.
Para torná-los compatíveis, o Lacen precisa adquirir uma nova máquina – solução ainda em análise. “Estamos vendo se o mais vantajoso é adquirir kits de amplificação compatíveis com nossas máquinas ou adquirir uma nova máquina para usar os testes do Ministério”, declarou Derley Galvão nesta quarta-feira (25).
Sem a utilização dos kits de amplificação enviados pelo Ministério da Saúde, o Lacen restringe a análise dos testes a um outro tipo de material reagente, comprado diretamente pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap/RN) e mandado em menor remessa pelo governo federal. Entretanto, com o aumento de casos do novo coronavírus nas últimas duas semanas, a quantidade de exames RT-PCR cresceu e o estoque diminuiu acima do esperado. Nesta quarta-feira (25), o estoque dos testes compatíveis era suficiente para duas semanas, estimou Derley Galvão.
Segundo detalhou, o ideal é que sempre haja material suficiente para o período de um mês. A Sesap estava conseguindo manter essa quantidade após o período mais crítico da pandemia, quando chegou a faltar o material de testagem, mas voltou a enfrentar o problema com o aumento dos casos. “A média de testagem por dia aumentou. Era algo que não estávamos esperando”, disse.
Desde a semana passada, o Lacen passou a analisar uma média de 600 a 700 exames RT-PCR para Covid-19 por dia. Na terça-feira (24), o Laboratório analisou mil testes em um único dia – um recorde da pandemia, superior aos períodos mais críticos. Desde julho, cerca de 300 exames eram analisados diariamente. “Em julho houve uma ampliação nos critérios de testagem, mas a média se manteve porque o número de casos havia caído. Agora, voltou a aumentar”, declarou Galvão.
Indecisão
Enquanto não decide se a maior viabilidade é adquirir uma nova máquina para os testes do Ministério da Saúde ou fazer uma nova compra dos kits em utilização, o Lacen aguarda os estudos sobre a viabilidade de estender o prazo de validade dos testes. Em todo Brasil, 6,8 milhões dos kits da empresa Seegenes estão com o prazo de validade próximo ao vencimento, segundo revelado pelo Estado de S. Paulo. Conforme o Ministério da Saúde, os estudos de extensão do prazo serão analisados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a agência que concede o registro de utilização do produto.