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Mostra potiguar de cinema evidencia as produções feitas por mulheres; inscrições seguem abertas

Por Mycleison Costa

A Mostra de Cinema Macambira, organizada pelo coletivo potiguar Mulungu Audiovisual e a Salobra Filmes, chega a sua 2ª edição em fevereiro deste ano. Voltada para produções dirigidas por realizadoras brasileiras – cis, trans, travestis, não bináries -, a Mostra tem caráter não-competitivo e contará com a exibição gratuita dos curtas e longas-metragens selecionados pela curadoria do evento. As inscrições devem ser feitas no site da Mostra, e seguem até o próximo dia 31 de janeiro. Obras co-dirigidas com homens também podem ser inscritas.

O evento acontece entre os dias 25 e 27 de fevereiro, em formato totalmente virtual. O objetivo da Mostra é debater e difundir, no Rio Grande do Norte, a produção audiovisual feita pelas realizadoras do país. De acordo com o regulamento, apenas curtas-metragens finalizados a partir de janeiro de 2018 podem ser inscritos. O documento também detalha que as produções selecionadas pela curadoria ficarão disponíveis na plataforma CARDUME durante o período da Mostra.

Os curtas-metragens podem ser inscritos nas categorias Mostra Potiguar, quando produzidos por realizadoras do Rio Grande do Norte ou residentes no estado há pelo menos 2 anos, e Mostra Nacional, no caso de curtas de outros estados do país. Já os longas-metragens, com duração miníma de 70 minutos, participam por meio de convite realizado pela curadoria do evento para a Mostra Convidada.

Em sua primeira edição, promovida no ano passado, a Macambira foi realizada nas dependências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e reuniu mais de duzentas inscrições, além de contar com grande presença do público. Para este ano, a organização espera um número de inscritos semelhante ao da edição anterior e uma participação ainda mais ampla das pessoas.

“A expectativa é de que a Mostra tenha o número aproximado de inscrições, ou superior, àquele que tivemos na primeira edição. Também esperamos garantir maior acesso ao público, já que os filmes estarão hospedados na plataforma Cardume no período da exibição. Dessa forma, podem ser apreciados de acordo com a disponibilidade de cada cinéfilo.”, disse Rosy Nascimento, coordenadora e curadora da Mostra Macambira.

O evento foi contemplado, nesta 2º edição, com o patrocínio do Governo Federal, por meio do edital de Fomento a Cultura Potiguar 2020, lançado pela Fundação José Augusto (FJA) com recursos da Lei Aldir Blanc.

Mulheres no audiovisual brasileiro

Mesmo correspondendo a maior parcela da população brasileira (51,8%) de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres ainda são minoria na direção de filmes nacionais. Segundo o mais recente Relatório da Participação Feminina no Audiovisual Brasileiro, divulgado em 2018 pela Agência Nacional do Cinema (Ancine), elas não dirigiram nem 20% dos longas-metragens que estrearam naquele ano.

Do total de longas lançados, 73% foram dirigidos por homens, 19% por mulheres e 8% contaram com uma direção conjunta. Em relação aos curtas-metragens, a situação não foi muito diferente. As mulheres dirigiram apenas 33% das produções, contra 56% dirigidos por homens; os 11% restantes foram frutos de direções compartilhadas.

Quando levado em consideração apenas os longas-metragens, as mulheres também ocuparam menos espaços nos cargos de Direção de Fotografia (12%), Roteiro (18%) e Produção Executiva (34%). Já na Direção de Arte elas foram responsáveis por 53% das obras, a única função com superioridade feminina. Nos curtas-metragens elas foram maioria apenas na Produção Executiva (48%) e Direção de Arte (57%).

Confira o relatório completo clicando aqui.

Helena Solberg foi a única mulher cineasta durante o “Cinema Novo”, um dos mais relevantes períodos do audiovisual nacional. (Foto: Helena Solberg / Arquivo Pessoal)
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