Por redação
O Instituto Butantan desenvolveu a primeira nova fórmula de vacina contra a Covid-19 100% nacional. O imunizante se chamará Butanvac e a entidade pedirá à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a testagem.
O pedido de autorização para testes contempla as fases 1 e 2 dos estudos, que analisam a segurança e a capacidade de promover resposta imune. A fase da eficácia, na qual as vacinas podem pedir o uso emergencial ou o registro definitivo, é a terceira fase.
Diferentemente da Coronavac ou da vacina de Oxford, em que os parceiros nacionais podem produzir uma capacidade limitada de doses, na nova vacina o Instituto Butantan é o principal desenvolvedor dentro de um consórcio e poderá produzir a maior parte dos imunizantes.
O Butantan já é protagonista na vacinação contra a Covid-19 no Brasil com a Coronavac, vacina desenvolvida pela farmacêutica Sinovac. O Instituto conduziu a testagem do imunizante no país e é o responsável pelo envase do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA) que é importado da China.
A vacina já foi cadastrada no sistema da OMS, com as empresas Dynavax e PATH como parceiras. Ao todo, segundo o Ministério da Saúde, há 17 estudos pré-clínicos de vacinas no Brasil.
A importância de uma vacina nacional
Mesmo com imunizantes de farmacêuticas renomadas e de eficácia comprovada contra a Covid-19, já em aplicação no Brasil, especialistas afirmam ser essencial que o país tenha uma vacina nacional.
O desenvolvimento próprio é importante para baratear os custos da vacinação em massa. Uma vacina brasileira permitiria distribuição mais ampla, rápida e barata da imunização.
A demora na chegada do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) em janeiro, por exemplo, gerou atrasos no início da produção da vacina da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e refletiu um problema estrutural da indústria brasileira, segundo o ex-diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) Ivo Bucaresky.
De acordo com relatório da Anvisa, publicado em outubro de 2020, 95% dos insumos usados para produção de remédios no Brasil vêm do exterior.
A maior parte vem da Índia (37%), que trava a liberação de doses da vacina de Oxford compradas pela Fiocruz, e da China (35%).
“Quando estava na Anvisa (2013-2016), previ que isso poderia acontecer, por uma guerra, uma crise diplomática. Veio a pandemia e a questão se impôs. Temos um problema estrutural, porque produzimos muito pouco dos insumos que a indústria farmacêutica usa no Brasil”, afirmou Bucaresky.
Vacinas utilizadas no Brasil
Atualmente, estão autorizadas para uso emergencial no Brasil a vacina Covishield, desenvolvida pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica britânica AstraZeneca, e produzida no país pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); e a vacina CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac. Elas estão sendo adquiridas e distribuídas pelo Ministério da Saúde aos estados para vacinação da população dentro do Programa Nacional de Imunizações (PNI).
A Anvisa também concedeu registro para a vacina Cominarty, desenvolvida pela farmacêutica norte-americana Pfizer em parceria com a empresa de biotecnologia alemã BioNtech. Nesse caso, o registro é definitivo, para uso amplo, entretanto, o imunizante ainda não está disponível no país.
Com informações complementares da CNN