Por Mycleison Costa
Para conter o avanço da 2ª onda da pandemia no Rio Grande do Norte, o Governo do Estado decretou, no dia 5 de março de 2021, toque de recolher de segunda a sexta-feira, das 20h às 6h do dia seguinte, e em regime integral aos domingos. A medida entrou em vigor no sábado (6) e seguiu até o dia 20, quando foi substituída pelo decreto atual que permite apenas o funcionamento de atividades essenciais. Neste domingo (28), o estado chegou a seu 24º dia de restrições apresentando redução de 22,4% no número de infectados pela Covid-19, quando comparado aos 24 dias anteriores a publicação dos decretos; mas com um aumento de 106,8% no número de mortes, segundo levantamento realizado pela 98 FM Natal.
Os dados analisados pela reportagem levam em consideração os 24 dias anteriores as medidas mais rígidas de restrições – entre 10 de fevereiro e 5 de março – e os 24 dias de vigência dos dois últimos decretos estaduais – entre 6 e 28 de março. Segundo os boletins epidemiológicos publicados pela Secretaria de Estado e Saúde Pública (Sesap), nos dias anteriores as medidas restritivas foram confirmados 25.257 casos de Covid-19 no RN, enquanto 19.601 infecções aconteceram durante a vigência dos decretos; resultando em 5.656 doentes a menos.
De acordo com o Mapa do Isolamento Social disponibilizado pela plataforma Inloco, o índice de isolamento no estado também melhorou aos fins de semana, ficando acima de 51,5% nos últimos três domingos (7, 14 e 21 de março) e sendo de 55,7% no dia 21. Mesmo distante do isolamento considerado ideal – entre 60% e 70% – vale ressaltar que o estado não superava os 51% desde 24 de maio de 2020.
Por outro lado, o número de óbitos em decorrência da doença mais que dobrou mesmo após a adoção das medidas restritivas. Entre 10 de fevereiro e 5 de março, 336 pessoas morreram após serem diagnosticados com o novo coronavírus, no RN. Já entre os dias 6 e 28 de março, esse número chegou a 695; um aumento de 106,8%.
Um dado que pode explicar a alta concentração de óbitos neste período, mesmo após a determinação de restrições mais duras, é o tempo médio que uma pessoa fica internada com Covid-19 em um leito de UTI no estado. Segundo a plataforma Regula RN, antes de falecer um paciente passa em média 8 dias e 22 horas em tratamento num leito crítico.
Isso significa que, por exemplo, um individuo infectado no dia 28 de fevereiro (antes da adoção das medidas mais rígidas de isolamento) e internado no dia 5 de março (após o tempo médio de incubação da doença que é de cinco dias, segundo especialistas), pela média do tempo de internação em casos de morte, só viria a óbito no dia 13 de março – já com as medidas de restrição em vigor.
A taxa de ocupação dos leitos de Unidades de Terapia Itensiva (UTIs) no estado também não apresentou redução, até o momento. Desde o dia 5 de março, o RN tem apresentado ocupação superior a 94%, chegando a 98% na manhã desta segunda (29).
A Sesap foi procurada pela reportagem, mas ainda não se pronunciou sobre os dados do levantamento pela 98 FM Natal. O espaço segue aberto para qualquer comentário da secretaria de saúde sobre os números apurados.