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Já sonhei em ser policial

Por Renato Cunha Lima Filho

Sou do tempo que a molecada brincava na rua de polícia e ladrão, numa época que muitas crianças sonhavam em ser da polícia, em ser o mocinho que prendia bandido. Ainda me lembro de um revólver de espoleta que colocava na cintura e me achava o próprio Clint Eastwood.

Na década de 70 tinha um seriado de TV chamado CHIPIS, com dois policiais motoqueiros que achava o máximo. Nos anos 80 achava sensacional Miami Vice, mas tínhamos também Magnum, Robocop e outros tantos filmes policiais até chegar o Capitão Nascimento do Tropa de Elite, já nos anos 2000.

Percebam que a sétima arte, o cinema ao longo dos anos, foi deixando de retratar o policial apenas como mocinho para colocá-lo, também, como vilão, com suas fraquezas morais e éticas.

Importante esse entendimento que humaniza o homem e a mulher que veste a farda, mesmo que ainda se mantenha no imaginário coletivo, o ideário de super-herói, que nos defende dos maus.

Na vida real, por sua vez, testemunhamos a fragilidade humana dos nossos “super-heróis” de carne e osso, que erram e que morrem no exercício da profissão, tão essencial para a estabilidade da ordem e do respeito as Leis.

Por isso mesmo, um absurdo os policiais não constarem nos grupos prioritários da vacinação do Covid 19, ao invés disso, evidentemente revoltante, assistirem os detentos que prenderam recebendo vacinas prioritariamente.

As polícias na pandemia, para piorar, estão servindo, literalmente, de “bucha de canhão” dos governadores, que através de decretos estão ordenando que os policiais atuem para impedir que trabalhadores trabalhem e que o cidadão exercite seu livre direito de ir e vir.

Quem assistiu e se recorda do filme “Um Dia de Cão”, com o grande ator Al Pacino, saberá entender o que imaginei ao ver o terror da cena do policial Wesley fuzilado por colegas em Salvador, em frente Farol da Barra, cartão postal baiano.

O que levou Wesley ao ato de loucura, senão a pressão e a vida de cão, que homens e mulheres de farda estão passando nesta pandemia de insanidades?

Todos estão desvalorizados, despreparados, desrespeitados, desprotegidos e colocados contra a população e hoje em dia, duvido que uma criança sonhe em ser policial, como eu sonhei um dia.

Perdeu a graça ser policial e sem graça estão todos os nossos queridos policiais colocados contra o povo, por conta de ordens, que nos custa vidas e subsistências. Até quando?

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