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LAIS sugere ampliação de decreto no RN e toque de recolher integral no fim de semana

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por redação

O grupo de cientistas do Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde (LAIS/UFRN), emitiu uma recomendação ao estado e aos municípios potiguares para que o reforço do isolamento social seja determinado durante o feriado da Páscoa, comemorado no próximo fim de semana.

O fim da vigência do atual decreto estadual, que definiu o fechamento de serviços considerados não essenciais a partir de 20 de março, é nesta sexta-feira (2).  A recomendação do LAIS é de que o decreto se estenda até o domingo (4), a fim de evitar aglomerações em decorrência do feriado e que o Rio Grande do Norte tenha um toque de recolher das 5h do sábado (3) até as 5h da segunda-feira (5).

Após o período de vencimento das atuais medidas restritivas, os pesquisadores sugerem ainda que que o estado libere a retomada das aulas em formato híbrido nas escolas privadas de Natal, com capacidade de 50% da comunidade escolar. Mas, apenas as escolas que tiverem a capacidade de atender às normas sanitárias para atividades presenciais poderiam voltar a funcionar

Para Ricardo Valentim, coordenador do laboratório, as determinações rígidas estão sendo eficientes para conter o avanço da pandemia. “O decreto tem se mostrado eficiente pois estamos conseguindo reduzir a transmissibilidade do coronavírus. Começamos a perceber uma redução gradual dos pedidos por internação, ou seja, há uma diminuição na lista de pacientes que estão esperando por um leito de UTI em todo o estado”, pontuou o pesquisador, em entrevista do Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi.

Segundo Ricardo Valentim, o isolamento social é necessário para desafogar o sistema de saúde. A média móvel da solicitação de vagas para leitos para tratamento da Covid-19 caiu 8% nos últimos 12 dias. Apesar da redução, a rede hospitalar ainda segue estrangulada, com um total de 97,2% dos leitos de UTI ocupados.

O decreto estadual foi construído em parceria com a Prefeitura do Natal e teve o apoio do prefeito Álvaro Dias (PSDB), que deu entrevistas reforçando a necessidade de isolamento social. O Governo do Estado ainda não se pronunciou sobre a possível flexibilização ou prorrogação das medidas restritivas.

Como recomendações, os pesquisadores sugeriram 11 pontos específicos ao poder público, desde a ampliação da vacinação a novas medidas restritivas. O grupo quer que o decreto atual seja mantido até, pelo menos, o dia 4 de abril, que é o dia de Páscoa, e que o Rio Grande do Norte tenha um toque de recolher das 5h do sábado 3 até as 5h da segunda-feira 5. Após esse período, eles sugerem que as aulas em formato híbrido, com 50% da capacidade das escolas, mas somente em escolas que tenham a capacidade de se atender às normas sanitárias para atividades presenciais.

Veja as 11 recomendações, assinadas pelos pesquisadores Fernando Farias, Higor Morais, Ion de Andrade, Leonardo Lima, Monica Bay, Nícolas Veras, Pablo Holanda, Ricardo Valentim e Rodrigo Silva:

1) O atual decreto do estado deve ser mantido até o final da semana da Páscoa (04/04/2021).

2) Implantar, no sábado e no domingo de Páscoa, toque de recolher de 48 horas, iniciando-se às 5h da manhã do sábado (03/04/2021) até às 05h da segunda-feira (05/04/2021).

3) Após a Páscoa, deve ser iniciado o retorno às aulas em formato híbrido com 50% da capacidade para as atividades presenciais.

4) O Governo do Estado e os municípios devem apresentar um plano de retomada gradual das atividades econômicas.

5) Os educadores físicos, por serem profissionais de saúde, devem ser incluídos na lista de vacinação já nas fases prioritárias, pois esses têm um papel social importante e muitos deles estão expostos em academias e também porque trabalham com a população considerada de risco.

6) As Pessoas com Síndrome de Down devem ser priorizadas na vacinação, pois há comprovação científica de que estes fazem parte do grupo de risco, logo não é possível negligenciar essa população.

7) Os gestores públicos não devem investir recursos públicos em fármacos sem autorização da ANVISA, cuja bula do medicamento não conste explicitamente a indicação clínica para covid-19. Ao contrário, todos devem unir esforços em prol da aceleração do processo de vacinação em massa da população.

8) É altamente recomendado que as autoridades públicas do estado e dos municípios invistam em pesquisas clínicas para o enfrentamento a covid-19.

9) As autoridades sanitárias do estado devem alertar a população que a prescrição off-label de medicamentos sem autorização da Anvisa para a covid-19 é algo desaconselhado pela Associação Médica Brasileira. Caso a indicação clínica não conste na bula do medicamento, o paciente deve ser informado de que se trata de um método terapêutico experimental, uma vez que não há evidências científicas de que o mesmo tenha ação profilática e/ou terapêutica contra a covid-19. Além disso, paciente deverá ser informado de que é preciso manter o distanciamento social adequado, usar máscaras, fazer higienização frequente das mãos com água e sabão ou álcool 70%.

10) Diante dos resultados apresentados em estudos científicos amplamente divulgados e revisados por pares sobre o uso indiscriminado e da automedicação utilizando Ivermectina, Cloroquina e Hidroxicloroquina, é fundamental que o Governo do Estado e demais municípios elaborem um plano de comunicação voltado para população em geral alertando sobre os riscos do uso desses medicamentos.

11) O Estado e todos os municípios precisam, urgentemente, discutir o retorno às aulas das escolas públicas, pois essas são as mais afetadas durante todo o curso da pandemia. As crianças e os adolescentes mais pobres do estado já foram bastante impactados pela falta das aulas presenciais, aspecto esse que poderá ampliar ainda mais a desigualdade social no RN.

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