Médica infectologista Roberta Lacerda. Foto: 98 FM
A variante brasileira do novo coronavírus, conhecida como P.1. ou variante de Manaus, que provavelmente emergiu na capital amazonense em meados de novembro de 2020, fez com que o número de internações por síndrome respiratória aguda grave na cidade dar um salto, segundo pesquisadores do Centro Brasil-Reino Unido para Descoberta, Diagnóstico, Genômica e Epidemiologia de Arbovírus (CADDE). A mutação foi identificada no dia 10 de janeiro de 2021 no Japão após quatros viajantes vindos do Amazonas com sintomas de Covid-19 desembarcarem no país. A médica infectologista Roberta Lacerda afirmou em entrevista ao 12 Em Ponto 98 desta sexta-feira (16) que o lockdown contribui para que a variante se dissemine com mais facilidade, elevando a letalidade da doença.
“Pesquisadores mostraram que o lockdown aumentou a cepa mutante de 24% para 90% de novembro a dezembro em Manaus. Um estudo do doutor Bruno Pamplona mostrou que o lockdown em Recife aumentou a letalidade”, disse a médica ao 12 Em Ponto 98.
A médica falou também que um conjunto de pesquisas no Rio Grande do Sul, Itália e Estados Unidos evidenciou com a presença de cepa mutantes aumentou em jovens na faixa de 18 a 39 anos. Lacerda disse que devido às casas muitas vezes possuírem poucos cômodos e muitos moradores ficam mais difícil manter o isolamento de um doente, facilitando a contaminação pelo vírus.
“É óbvio que dentro de uma casa todo mundo sem máscara comendo junto, é nesse momento que acontece a maior transmissibilidade”, pontuou.
O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), decretou lockdown em 25 de janeiro com restrição de circulação de pessoas 24 horas por dia. O comércio também passou por restrições e apenas atividades essenciais funcionaram em horário ampliado.
Em contraponto, dois artigos publicados na revista Nature em junho de 2020 apresentaram estimativas dos efeitos iniciais das medidas restritivas. Um deles (Hsiang et al), tratando das medidas de redução de contágio adotadas em 1,7 mil diferentes localidades da Ásia, Europa e EUA, até então, sugeria que mais de 140 milhões de infecções haviam sido “evitadas ou adiadas” graças às restrições. Outro (Flaxman et al), sobre 11 nações europeias, calcula que 3 milhões de vidas haviam sido salvas pelas restrições, até 4 de maio.