A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) afirmou na tarde desta quinta-feira (20), na CPI da Pandemia no Senado, que o presidente Jair Bolsonaro “demorou” a aprovar o pagamento do auxílio emergencial no ano passado como parte de uma estratégia para formar na população brasileira uma espécie de “imunidade de rebanho” contra a Covid-19.
A fala foi feita durante a elaboração de uma pergunta ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que depõe na CPI na condição de testemunha desde esta quarta (19). Zenaide Maia não apresentou provas da acusação.
De acordo com a senadora potiguar, o presidente brasileiro queria que as pessoas fossem às ruas para contrair a doença e, assim, adquirir logo proteção de anticorpos – o que, a médio prazo, poderia fazer a pandemia ser controlada no País, em que pese as mortes decorrentes da infecção. Pela interpretação dela, com o auxílio emergencial, brasileiros poderiam cumprir o isolamento social – medida realmente condenada por Bolsonaro.
“O Brasil todo sabe que o presidente da República, desde o início, queria que as pessoas morressem. A imunidade de rebanho. Como ele não conseguiu – porque o Congresso conseguiu aprovar o auxílio emergencial, que ele demorou a aprovar porque sabia que, sem o auxílio, as pessoas se aglomeravam e adoeciam mais –, aí vamos falar de medicamento”, afirmou Zenaide Maia.
A discussão sobre o pagamento do auxílio emergencial durou cerca de dois meses. A ideia começou a ser gestada na equipe econômica do governo em fevereiro de 2020, mas o dinheiro só começou a ser liberado em abril.
Nesse intervalo, o projeto passou pela análise não só do governo, mas também do Congresso Nacional – onde ficou a maior parte do tempo. O debate girou em torno principalmente do valor. Inicialmente, o governo queria pagar R$ 250, mas no final o benefício acabou sendo de R$ 600, chegando até R$ 1,2 mil para mulheres chefes de família.
Em 2020, o auxílio emergencial beneficiou 68 milhões de brasileiros (cerca de 30% da população) e custou quase R$ 300 bilhões aos cofres públicos. O benefício foi pago a trabalhadores informais e desempregados na pandemia.