Por redação
O Governo do Rio Grande do Norte anunciou nesta sexta-feira (21) que decidiu suspender o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 exclusiva para profissionais da educação. A imunização, prevista em um plano específico divulgado na semana passada, começaria na próxima segunda-feira (24), primeiro para professores da rede pública.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) afirmou que não vai mais iniciar a vacinação dos professores em respeito a uma decisão judicial de abril que proibiu o governo de modificar a ordem de imunização contra a Covid-19 prevista no Plano Nacional de Imunização (PNI). Pelo cronograma divulgado pelo Ministério da Saúde, ainda faltam três grupos serem vacinados antes dos educadores – pessoas em situação de rua, detentos e funcionários dos presídios.
“A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) esclarece que o início da vacinação dos profissionais da Educação, anteriormente prevista para 24 de maio, está suspensa. A decisão da Justiça Estadual emitida em 1º de abril deste ano impede que a Sesap inclua ou modifique a ordem de grupos prioritários de vacinação contra a Covid-19 sem prévia autorização do Ministério da Saúde”, enfatiza a nota da Sesap.
O órgão acrescentou que “vem trabalhando para encontrar meios de equacionar essa situação e iniciar a vacinação entre os profissionais de educação do RN, com vistas ao retorno pleno das aulas presenciais”.
Apesar de a justificativa oficial ser a decisão da Justiça, o anúncio do Governo do RN acontece após o plano de vacinação ser criticado por demais servidores públicos e por educadores da iniciativa privada.
A presidente do Sindicato dos Servidores da Administração Direta do Governo do Estado (Sinsp), Janeayre Souto, chegou a afirmar nesta semana que a entidade ingressaria com uma ação na Justiça se a gestão da governadora Fátima Bezerra (PT) colocasse em prática o plano de vacinação priorizando professores em detrimento de outros servidores das escolas – como porteiros, ASGs e merendeiros.
Em entrevista ao programa “12 em Ponto 98”, da 98 FM Natal, a sindicalista criticou o planejamento do governo estadual e disse que a vacina deve ser disponibilizada para todos os trabalhadores da educação, inclusive da rede privada.
A sugestão é que, se não houver doses suficientes para aplicar a vacina de uma vez, que seja feito um escalonamento considerando idade e possíveis comorbidades, mas não priorizando grupos profissionais.
“Nós do Sinsp estamos prontos com nossa ação. Caso tenha (a vacinação), vamos judicializar essa vacinação de um segmento em detrimento de outro. A vida dos servidores, dos professores, das escolas pública e privada, e dos servidores importam”, enfatizou Janeayre Souto.
A presidente do Sinsp afirmou que, ao buscar priorizar professores na vacinação, a governadora Fátima Bezerra age com corporativismo, já que ela é oriunda do movimento sindical dos educadores.
“Talvez o corporativismo tenha sido maior, como (ela, a governadora) foi corporativista quando deu 16,38% (de reajuste) para os procuradores, para os auditores (fiscais), delegados e 23% para a categoria dela, do magistério”, destacou a sindicalista.
Plano de vacinação
No início desta semana, o Governo do Estado anunciou um plano de vacinação para trabalhadores da educação como parte da estratégia para a retomada das aulas presenciais na rede pública.
O plano prevê que a imunização será em quatro etapas: inicialmente, para professores da rede pública; depois, para os demais trabalhadores das escolas na rede pública; depois, para professores da rede privada; e, por fim, para os demais trabalhadores das escolas na rede privada.
A ideia do governo estadual era começar a vacinação na próxima segunda-feira (24) utilizando parte do estoque de vacinas que estão guardadas como “reserva técnica”.