A Secretaria Municipal de Saúde de Natal (SMS) afirmou nesta quarta-feira (2) que “não é real” a informação de que mais de 26 mil pessoas estão com a 2ª dose da vacina contra a Covid-19 atrasada na capital potiguar, dentro de um universo de quase 40 mil pessoas em todo o Rio Grande do Norte.
O dado foi divulgado nas primeiras horas da manhã pelo Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Lais/UFRN), que opera a plataforma “RN+Vacina”. Porém, segundo a SMS, o dado não condiz com a realidade porque o sistema está desatualizado.
Ao PORTAL DA 98 FM, a Secretaria de Saúde de Natal informou que os dados da vacinação contra a Covid-19 são incluídos no RN+Vacina de forma manual todos os dias. A pasta afirmou que, apesar da promessa do Governo do Estado, não recebeu tablets e computadores com acesso à internet para fazer a atualização em tempo real do sistema.
Com isso, destaca a SMS, a inserção dos dados acontece de forma mais lenta – o que gera um “delay” no cadastro dos números. A pasta enfatiza que a atualização é diária, mas, como há mais de 40 pontos de vacinação, é normal que haja um atraso maior na disponibilização dos dados. Além disso, as equipes não trabalham na atualização do sistema durante os fins de semana.
A SMS complementa que se soma a isso o fato de o sistema ficar fora do ar constantemente. Em alguns momentos, o RN+Vacina permanece inativo por 48 horas, segundo a pasta.
A Secretaria de Saúde não informou qual seria o dado atualizado de idosos com a 2ª dose da vacina atrasada na capital potiguar.
Os dados do Lais/UFRN
Dados da plataforma “RN+Vacina” atualizados às 7h30 desta quarta-feira (2) apontam que exatamente 39.459 potiguares receberam a primeira dose, mas não teriam voltado aos postos de vacinação para tomar a dose de reforço no tempo indicado.
A maioria dos casos refere-se a pessoas que receberam a primeira dose da Coronavac, vacina que exige intervalo de 28 dias entre as duas doses. O fabricante – Instituto Butantan – afirma que a proteção só é garantida após o recebimento da dose de reforço. Segundo o RN+Vacina, haveria 26.513 cidadãos em atraso para receber a dose de reforço do imunizante.
Além disso, haveria 12.946 pessoas que receberam a primeira dose da vacina de Oxford/Astrazeneca, mas não compareceram aos postos para a dose de reforço. O fabricante, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), aponta que o intervalo entre uma dose e outra não pode ser maior que 90 dias, sob risco de a eficácia do imunizante ser comprometida. Diferentemente da Coronavac, porém, a vacina de Oxford já oferece alguma proteção já na primeira dose.
De acordo com o Laboratório de Inovação Tecnológica em Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Lais/UFRN), a razão para o atraso é a baixa procura pela vacina. No momento, segundo o Lais, não há registro de falta de vacinas no Estado para a chamada “D2”.
Nas primeiras horas desta quarta-feira, a secretária de Saúde de Mossoró, Saudade Azevedo, usou as redes sociais para fazer um apelo à população, para que procure os locais de vacinação para completar o esquema vacinal.
“A 2ª dose é muito importante para que a sua imunização seja concluída. Vamos lá, Mossoró! Quem não tomou a sua dose, procure um ponto de vacinação e vamos mostrar a força do nosso povo. Assim como expulsamos o Bando de Lampião, podemos mostrar nossa força contra diante desse vírus”, escreveu a secretária.