O secretário estadual de Saúde Pública, Cipriano Maia, afirmou nesta quarta-feira (2), em entrevista coletiva, que não há mais “possibilidades” de ampliar o número de leitos para atender pacientes com Covid-19 em todo o País. Segundo ele, isso exige da população maior adesão a medidas de distanciamento, já que a taxa de ocupação hospitalar está em níveis críticos.
Cipriano Maia enfatizou que não é possível ampliar o número de leitos em função da escassez de profissionais de saúde e da falta de equipamentos e insumos. Atualmente, a rede pública de saúde dispõe de 861 leitos para tratamento de Covid-19, sendo 416 de UTI e 445 de enfermaria – todos são regulados pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesap).
“A ocupação continua em praticamente 100%, sem possibilidades de fazermos expansão (de leitos), pelas restrições que temos no âmbito nacional – que é de falta de equipamentos, falta de medicamentos para intubação, sedativos, anestésicos, falta de profissionais. Em sua maioria, (profissionais) estão na linha de frente há mais de um ano e com muita dificuldade de se manter na linha de frente. Precisamos intensificar medidas de controle”, afirmou o secretário.
Piora da pandemia
Na mesma coletiva, o secretário de Saúde afirmou que os indicadores da pandemia de Covid-19 pioraram “em alguns aspectos” no Rio Grande do Norte na última semana. Cipriano Maia secretário relatou que o quadro epidemiológico é de “extrema alerta”, o que exige, segundo ele, mais adesão da população a medidas como o distanciamento social. A fala ocorre a exatamente uma semana do vencimento do atual decreto com medidas restritivas para conter o avanço da pandemia.
De acordo com o secretário de Saúde, a conclusão de que a pandemia piorou no RN é da mais recente análise feita pelo Comitê Científico que presta assessoria ao Governo do Estado. O grupo de especialistas se reuniu nesta terça-feira (1º) e apresentou ao secretário uma atualização no chamado indicador composto – que reúne estatísticas sobre evolução de casos de Covid-19 e taxas de hospitalização, por exemplo. Segundo Cipriano, na maioria das regiões do Estado, a maioria das cidades está com a classificação de risco elevada.
“Este cenário não se alterou. Em alguns aspectos, até piorou. O quadro hoje é de extrema alerta, o que exige de todos nós, governantes, gestores, lideranças, a atenção e a concentração de esforços para proteger vidas. O cenário mostra o agravamento em algumas regiões”, enfatizou o secretário, em conversa com jornalistas no Centro Administrativo do Governo do Estado, em Natal.
Cipriano Maia voltou a defender a edição de decretos regionalizados, mas com endurecimento das regras. Atualmente, há medidas restritivas específicas para municípios das regiões Alto Oeste, Vale do Açu, Central e Seridó. Nessas cidades, as regras são mais rígidas que no restante do Estado. Fazendo referência ao acordo entre governo e prefeituras para manutenção das medidas restritivas, o secretário defendeu que o “pacto” seja ampliado para outras cidades.
“Precisamos fortalecer as ações. (…) O mundo já sabe o que contribui para a conter a transmissão do vírus: evitar contatos físicos, manter distanciamento físico entre as pessoas que circulam e as regras de proteção, como uso correto da máscara. Os estudos têm mostrado o papel protetor da máscara”, destacou.
Ele complementou: “Esse pacto precisa ser expandido para que a gente avance no controle da transmissibilidade e possamos diminuir o número de casos moderados e graves que demandam intenção hospitalar (sic)”.
O secretário estadual de Saúde acrescentou que outras ações estão sendo adotadas pela pasta em parceria com as regionais de saúde. Ele destaca que as unidades básicas de saúde precisam intensificar o monitoramento de casos suspeitos, acompanhar pacientes sintomáticos e rastrear melhor os contatos dessas pessoas, para promover um isolamento mais eficaz. “Além disso, melhorar a comunicação local do risco, para a população ter ideia”, finalizou.
Casos, óbitos e taxa de ocupação de leitos
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), o Rio Grande do Norte chegou nesta quarta-feira a 270.887 casos confirmados de Covid-19, com 6.189 mortes. Nas últimas 24 horas, foram 1.202 novos casos e 40 óbitos. Dessas novas mortes, 16 efetivamente ocorreram entre terça e quarta – as demais foram de dias anteriores, mas confirmadas só agora após a conclusão de exames.
Além disso, o Estado tinha na tarde desta quarta-feira uma taxa de ocupação de leitos críticos (UTI) de 97,5%. Havia 93 pacientes na fila por um leito de UTI e apenas 10 leitos disponíveis.