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Para governistas, Witzel reforçou narrativa da oposição para enquadrar Bolsonaro

Para senadores da base do governo, participação de Wilson Witzel na CPI da Pandemia reforçaria tentativa da oposição de reforçar discurso de que Jair Bolsonaro é o responsável pela crise sanitária. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Por Agência Senado

Após pedido de Wilson Witzel para se retirar do depoimento à CPI da Pandemia, senadores governistas afirmaram que a participação do ex-governador, nesta quarta-feira (16), foi usada para reforçar o que eles consideram uma “tentativa” dos senadores de oposição ao governo de construir uma narrativa para “enquadrar o presidente da República” como responsável pela crise sanitária no país.

Durante as mais de quatro horas de depoimento, o ex-governador do Rio de Janeiro disse que seu impeachment foi resultado de uma perseguição política para substanciar o que seria uma narrativa do governo federal de fragilizar os gestores estaduais por terem tomado medidas restritivas durante a pandemia.

Para o senador Flávio Bolsonaro (Patriotas-RJ), Witzel tentou usar a CPI como palanque político e acabou prejudicando a credibilidade do colegiado.

“Ficou muito ruim, ainda mais, para mim, a imagem do Senado como tá passando ao todo dessa CPI. Porque nós temos um relator que responde a 17 processos no Supremo Tribunal Federal, perguntando perguntinhas casadas com alguém que é investigado por desviar aproximadamente R$ 700 milhões da Saúde do Rio de Janeiro em plena pandemia. Ele [Witzel] veio e falou o que quis, ouviu o que não quis, e quando percebeu que o bicho ia pegar com ele, ele correu como um covarde”, disse o senador em coletiva à imprensa após o fim da reunião.

O senador Marcos Rogério (DEM-RO) também lamentou o comportamento do depoente e criticou o caminho das investigações traçado pela CPI até o momento. Para ele, o colegiado não tem buscado evidências e provas no sentido de esclarecer as acusações de desvios de recursos federais nos estados e municípios.

“Hoje, mais uma vez, trazem para a CPI um depoimento encomendado para sustentar narrativas acusatórias. E quando começam as perguntas que colocam em xeque aquele que é sabatinado, aquele que é interrogado, simplesmente foge do embate. Então, até agora nessa CPI, a oposição só tem narrativas, provas não há”, criticou.

Carlos Gabas

Marcos Rogério também criticou a decisão do colegiado de rejeitar a convocação do secretário-executivo do Consócio Nordeste, Carlos Eduardo Gabas, para prestar depoimento à CPI. Os requerimentos que pediam a sua convocação apresentavam como justificação o fato de ele ter comprado, através do consórcio, 300 ventiladores clínicos de UTI da empresa Hempcare, em valor aproximado de R$ 48 milhões, pagos antecipadamente e que, segundo o senador Eduardo Girão (Podemos-CE), nunca foram entregues.

“Agora quando a investigação mira em personagens dos estados, para seguir o caminho do dinheiro, para saber o que foi feito com os bilhões de reais encaminhados aos governos estaduais e às prefeituras, a oposição faz um movimento de blindagem. Hoje a farsa caiu na CPI da Pandemia. Um personagem central na investigação contou com apoio dos membros da oposição para blindar a sua convocação. Seu Carlos Gabas é acusado de conduta grave. O consórcio do Nordeste comprou, pagou, e não recebeu por respiradores e na CPI, o grupo da maioria acha que isso não é objeto de investigação”, acrescentou Marcos Rogério.

Eduardo Girão, um dos autores do requerimento para convocação de Gabas, classificou a atitude da CPI como “escárnio”. Ele disse que o grupo perde “autoridade moral” sobre a imparcialidade das investigações.

“Esses respiradores foram comprados com o dinheiro suado dos contribuintes do Nordeste, do povo nordestino, dos nove estados. E simplesmente esses respiradores nunca chegaram”, lamentou Girão.

 

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