O Hospital Walfredo Gurgel, em Natal, maior hospital da rede pública de saúde do Rio Grande do Norte, pode deixar de ser “porta aberta” e passar a funcionar com “porta regulada” a partir de setembro. Isso significa que a unidade deve começar a receber apenas pacientes encaminhados de outras unidades, exceto casos de urgência mais graves, como politraumas provocados por acidentes de trânsito. A informação foi divulgada pelo Governo do Estado nesta quarta-feira (20).
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap), a regulação da porta do Walfredo Gurgel é uma forma de diminuir a sobrecarga na unidade, que hoje está superlotada. A pasta argumenta que, “muitas vezes”, pacientes que procuram o hospital têm quadros de baixa complexidade, que poderiam ser resolvidos em outras unidades, como as UPAs ou até mesmo postos de saúde nos bairros.
O assunto está sendo discutido, segundo a Sesap, com as direções de hospitais regionais e prefeituras, especialmente a de Natal. A pasta não confirmou quando a mudança vai acontecer, mas informou estar “atuando para que os serviços municipais possam atender às demandas de menor complexidade”, desafogando assim o Walfredo Gurgel.
Com a porta regulada, pacientes que não sejam politraumatizados ou não possuam condição de saúde que demanda atendimento de urgência no Walfredo em alguma das suas especialidades serão orientados a procurar uma unidade mais básica – como UPA – para, em seguida, serem regulados para algum hospital da rede que possa fazer o atendimento.
Maior do Estado, o Hospital Walfredo Gurgel – que abriga no complexo o Pronto-Socorro Clóvis Sarinho – é referência em cirurgias de alta complexidade, neurocirurgia, neurologia, traumatologia, cirurgia vascular, nefrologia, setor de queimados, cardiologia, agravos clínicos, entre outras especialidades voltadas para a alta complexidade.
Superlotação e greve de maqueiros
Com a alta procura de casos variados, o Walfredo Gurgel está superlotado. Médicos da unidade relatam que a situação piorou após o isolamento de uma área para atender pacientes que, além de serem casos graves para alguma das especialidades do Walfredo (como politraumas), estejam com Covid-19. Eles cobram que a área seja desmobilizada porque, por causa dela, pacientes chegaram a ser internados em um espaço próximo à recepção.
A Sesap esclareceu, contudo, que “a ‘Área Covid’ do hospital não pode ser desativada neste momento para dar espaço às outras patologias, devido a existência de pacientes com este perfil na unidade, o que requer isolamento e acomodação de acordo com os protocolos Covid-19”.
Apesar de reconhecer a superlotação, a Secretaria de Saúde afirma que “até o momento nenhum paciente deixou de ser assistido, mantendo assim o compromisso com a população do Rio Grande do Norte de oferecer um serviço completo de assistência”.
Além disso, maqueiros que trabalham no hospital suspenderam as atividades por falta de pagamento. A Sesap explicou que a situação aconteceu porque a empresa contratada para fornecer a mão de obra não entregou a documentação necessária para receber o pagamento pelo serviço prestado. A pasta esclareceu que o problema está “em tramitação” e que o pagamento deverá ser feito em breve.
Confira a nota na íntegra:
“NOTA
A Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) esclarece que está trabalhando na reformulação do modelo de atendimentos às urgências do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. O planejamento é de que a partir de setembro, a porta de urgência só passe a atender pacientes com a indicação de outros serviços e a devida autorização.
A sobrecarga da unidade é reflexo da busca direta do serviço pela população e também dos encaminhamentos de pacientes dos municípios, muitas vezes de casos de baixa complexidade.
Para isso, a Sesap está atuando junto às unidades regionais e ao próprio município de Natal, para que os serviços municipais possam atender às demandas de menor complexidade, desafogando assim o HMWG.
A Secretaria esclarece também que a “Área Covid” do hospital não pode ser desativada neste momento para dar espaço às outras patologias, devido a existência de pacientes com este perfil na unidade, o que requer isolamento e acomodação de acordo com os protocolos Covid-19.
Quanto aos maqueiros, que são terceirizados, a empresa responsável atrasou o envio da documentação, influenciando diretamente no processo de pagamento, que está em tramitação e deve ser efetuado em breve.
A direção do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel e a Sesap ressaltam que o hospital é referência em cirurgias de alta complexidade, neurocirurgia, neurologia, traumatologia, cirurgia vascular, nefrologia, setor de queimados, cardiologia, agravos clínicos, entre outras especialidades voltadas para a alta complexidade e até o momento nenhum paciente deixou de ser assistido, mantendo assim o compromisso com a população do Rio Grande do Norte de oferecer um serviço completo de assistência.”