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Morre o marqueteiro político Duda Mendonça, aos 77 anos

(Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo/Arquivo)

Duda Mendonça morreu neste domingo (15), em decorrência de um câncer no cérebro, agravado pela Covid-19. 

Aos 77 anos, completados na semana passada, Duda Mendonça acaba de falecer, vítima de um câncer no cérebro. Estava internado no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo há dois meses.

Foi o mais célebre marqueteiro político brasileiro. Fez uma campanha vitoriosa de Lula em 2002, criando na ocasião o slogan que o petista usa até hoje quando quer piscar para o centro – “Lulinha, Paz e Amor”.

Publicitário de origem (abriu a agência DM9 em 1975, ainda em Salvador, que pouco anos depois teria Nizan Guanaes, seu ex-estagiário, como sócio), Duda estreou no marketing político que lhe daria fama de mago em 1985, quando passou na campanha que elegeu Mário Kertez prefeito de Salvador.

Sete anos depois, foi o marqueteiro de Paulo Maluf, que pela primeira vez se elegeria prefeito de São Paulo por via direta.

Duda também foi personagem fundamental da CPI dos Correios, a do mensalão. Em, agosto de 2005, deu um depoimento explosivo aos senadores, admitindo que recebera pagamentos do PT numa conta no exterior, via caixa 2. A partir dali, terminaria sua relação com o PT. Já internado, Duda normalizada uma visita de Lula, que estava no Sírio para um check up. Foi a primeira vez que viram em mais de uma década sem se falar.

Trajetória profissional

José Eduardo Cavalcanti de Mendonça, o Duda, nasceu em 10 de agosto de 1944, em Salvador. Ele morreu em decorrência de um câncer no cérebro, agravado pela Covid-19. A trajetória profissional de quase 50 anos começou a ganhar forma ainda em 1975, quando Duda criou a agência DM9 Propaganda.

Em 1988, os também publicitários Domingos Logullo e Nizan Guanaes tornaram-se sócios dele, que abriu um escritório em São Paulo. Em 1990, a DM9 Bahia e a DM9 São Paulo se separaram. Este foi o pontapé para Duda Mendonça se preparar para a campanha de Maluf, que venceu a eleição paulistana de 1992.

Neste trabalho, Duda teve uma experiência de quem organizou e repassou o processo e radialista baiano Mário Kertész a vencer como revisão para a prefeitura de Salvador, em 1985. A vitória seguida nos dois pleitos foi o que abriu os olhos de outros políticos para a carreira de Duda.

No entanto, seu trabalho na campanha presidencial de Lula foi o que projetou o trabalho de Duda nacionalmente. Depois de três derrotas seguidas para uma presidência, Lula contratou o marqueteiro, de quem ganhou a alcunha “Lulinha Paz & Amor”. Em 2002, com coordenação de marketing de Duda Mendonça, Lula chegou à presidência com o Partido dos Trabalhadores.

O publicitário também foi o responsável pela campanha de reeleição da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, em 2004, também pelo PT. Em outubro mesmo ano, ainda durante a mudança deste, o marqueteiro foi preso em flagrante em uma operação da Polícia Federal, junto com outras 200 pessoas, em uma rinha de galos na zona oeste de São Paulo.

“É um hobby meu. O Brasil inteiro sabe. Não estou fazendo nada de errado e ponto final. Nada a declarar ”, disse Duda Mendonça à época. Promover ou participar de brigas de galo é crime ambiental, mas de menor potencial ofensivo.

O publicitário também atuou nas campanhas dos irmãos Ciro e Cid Gomes no Ceará, respectivamente deputado federal e governador, em 2006. Os dois se elegeram.

Dois anos depois, em 2008, Duda também atuou no marketing político de outras campanhas do Nordeste. Ele coordenou e preparou um prefeitos eleger em Fortaleza e João Pessoa. Na Europa, o publicitário fundou a agência Duda Portugal e atuou na campanha do ex-primeiro-ministro lusitano Pedro Santana Lopes.

O primeiro escândalo de corrupção em que Duda Mendonça foi citado foi o Mensalão, em 2005. O marqueteiro virou réu no Supremo Tribunal Federal (STF) junto com outras 37 pessoas e foi acusado de lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que também apurou o Mensalão, Duda confessou à cobrança R $ 10,5 milhões pela campanha à eleição de Lula, como recurso não contabilizado, o chamado “caixa 2”.

A defesa do marqueteiro argumentou que ele cometeu o crime de sonegação fiscal, não o de lavagem de dinheiro. Além disso, os advogados também informaram que ele não sabia da origem ilícita do dinheiro recompensa PT e que nunca tentou ocultar os valores. Duda também pagou o que devia ao fisco, cerca de R$ 4,8 milhões. Com isso, ele foi absolvido no julgamento do mensalão, em 2012.

Em 2016, Duda passou a ser investigado na Operação Lava Jato e virou réu no STF novamente, pelos mesmos crimes que respondeu no Mensalão.

No processo, ele foi acusado de receber por serviços ao PT, por meio de uma offshore nas Bahamas. Offshore é o termo usado para sociedades ou contas bancárias que são abertas fora do local de domicílio dos proprietários, para ter um regime tributário diferente.

Em 2017, o publicitário assinou um acordo de delação premiada relacionado à Lava Jato, que foi homologado pelo ministro Edson Fachin, do STF. Ele foi o terceiro marqueteiro do partido a assinar a delação. As revelações foram anexadas à investigação e são mantidas sob sigilo desde então.

Com informações complementares do G1


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