Tiago Rebolo
Da Redação da 98 FM
O ex-reitor do IFRN Josué Moreira, que esteve à frente da instituição durante oito meses em 2020, de forma interina, pediu ao Ministério da Educação (MEC) na semana passada que desmembre o instituto, criando uma nova unidade administrativa. Com a mudança, o IFRN passaria a ter duas reitorias: a atual, sediada em Natal, e outra em Mossoró. Atualmente, apenas um reitor responde por 21 campi, espalhados por todas as regiões do Rio Grande do Norte.
A proposta de Josué Moreira – que teve passagem polêmica pelo comando da instituição – é que o IFRN seja incluído em um plano nacional estabelecido pelo MEC para redimensionar institutos federais. Na última segunda-feira (30.ago), a pasta apresentou detalhes do plano durante uma reunião com reitores dos institutos que seriam afetados – o reitor do IFRN, Arnóbio Araújo, não foi convidado.
Como o IFRN ficou de fora do plano de redimensionamento, Josué Moreira enviou ofício ao MEC com a proposta. A ideia do professor é que a reitoria de Natal fique com a gestão de 13 campi; e Mossoró, com a 9. No total, são 21 campi em funcionamento atualmente no RN, com um 22º quase pronto: o de Jucurutu.
“Assim como aconteceu em outros estados, o redimensionamento dos institutos federais deve ser pensado de forma a adequar à nova realidade brasileira. A distância entre os campi do interior e a reitoria do IFRN têm dificultado o acompanhamento da gestão. As visitas técnicas de inspeções, acompanhamento administrativo das construções, manutenção e reformas tem sido prejudicada em decorrência das longas distâncias, principalmente dos campi mais afastados da reitoria do IFRN em Natal”, justificou Josué Moreira na proposta.
Atual reitor não foi consultado
Ao PORTAL DA 98 FM, o reitor do IFRN, professor Arnóbio Araújo, disse que não foi consultado sobre a proposta. Ele declarou que o ex-reitor encaminhou o ofício ao MEC “à revelia” da instituição. Arnóbio declarou ter ficado sabendo da iniciativa de Josué Moreira nesta quinta-feira (2), quando foi comunicado pelo MEC. A pasta queria saber a opinião do dirigente máximo da instituição sobre a ideia do ex-reitor.
“O MEC quer fazer um reordenamento da rede, visando à criação de 10 reitorias. O objetivo é ter 10 novos reitores indicados pelo presidente da República. O IFRN está fora. Aí o professor Josué resolveu encaminhar um processo à revelia do instituto. Não fizemos esse plano. Ele fez um arranjado, encaminhou para o MEC solicitando também que o IFRN se desmembre, com duas reitorias: uma em Natal e outra em Mossoró. Sem estudo técnico, sem nada”.
Arnóbio Araújo, reitor do IFRN
IFRN
Com 21 campi espalhados por todo o Estado e prestes a abrir o 22º, o IFRN tinha, no fim do ano passado, 41 mil alunos matriculados nas diferentes modalidades. A instituição oferece cursos técnicos integrados ao Ensino Médio e isolados, além de cursos de graduação e pós-graduação.
Josué Moreira teve gestão polêmica
Mesmo sem ter disputado a “eleição interna” para reitor do IFRN, o professor Josué Moreira foi nomeado reitor interino do IFRN em abril de 2020, por indicação do deputado federal General Girão (PSL-RN). Mais votado no pleito, Arnóbio Araújo não foi nomeado pelo MEC sob a alegação de que respondia a uma sindicância interna.
Enquanto a situação aguardava desfecho, foi nomeado um reitor interino com base na Medida Provisória 914, que inclusive nem está mais em vigor.
Josué Moreira ficou no cargo até dezembro. Arnóbio foi finalmente nomeado para a reitoria após a Justiça Federal reconhecer que não havia impedimento para ele assumir o cargo, mesmo com a sindicância aberta. Depois, o próprio processo administrativo absolveu o professor de ter cometido irregularidade.
Durante oito meses, a gestão do professor Josué Moreira enfrentou protestos, que resultaram inclusive em uma ação policial dentro o IFRN. Mesmo tendo uma gestão interina, o professor promoveu diversas mudanças na estrutura de funcionamento da instituição.
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