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Bairros têm IDH acima da média do Rio Grande do Norte

Com um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) de 0,88, o bairro de Nova Parnamirim, na cidade de Parnamirim, Região Metropolitana de Natal, é um dos mais desenvolvidos do Rio Grande do Norte. A área está inserida em um território com outros bairros que também registram IDH-M elevado, similar aos índices observados em países desenvolvidos: Parque das Árvores (0,87), Parque do Jiqui (0,89) e Parque das Nações (0,87). O indicador, calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), é uma medida composta que analisa questões como longevidade, educação e renda. O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano.

Juntos, os quatro bairros têm um IDH-M médio de 0,88. O número é superior ao IDH do Rio Grande do Norte, que ocupa a 16º posição entre todas as 27 unidades federativas do país com o índice de 0,684. Entre todas as cidades potiguares, Parnamirim lidera o ranking com 0,766 e Natal aparece na segunda posição com um IDH-M de 0,763. Para os especialistas ouvidos pela TRIBUNA DO NORTE, as altas dimensões de desenvolvimento de Parnamirim são puxadas pelo procura por melhores condições de habitação, segurança e educação por pessoas de alto poder aquisitivo, sobretudo nos bairros de Nova Parnamirim, Parques das Nações, Parque do Jiqui e Parque das Árvores.

De acordo com o secretário de Planejamento de Parnamirim, Giovani Rodrigues, o avanço imobiliário foi patrocinado pela estruturação das três principais vias da região em um processo que começou na década de 1990, com a construção das avenidas Ayrton Senna, Maria Lacerda e Abel Cabral. A expansão dos bairros ao longo das últimas três décadas deu forma e acelerou a conurbação com Natal, processo que consiste na junção de duas ou mais cidades. Com a proximidade da capital e o surgimento de condomínios horizontais e verticais vendidos a preços mais baixos do que os praticados em Natal, a região passou a atrair cada vez mais pessoas.

“A construção da infraestrutura básica permitiu a expansão imobiliária naquele setor, principalmente porque esses terrenos, que existiam na época eram terrenos rurais e passaram a se tornar terrenos urbanos. Com uma grande valorização, mas mesmo assim, com preços mais baixos do que os preços praticados em Natal. Como existe a conurbação entre Parnamirim e Natal e a proximidade, então houve uma expansão imobiliária para aquele local, permitiu a construção de muitos condomínios verticais, o que facilitou com que as pessoas passassem a morar ali”, conta.

Para Marcus Aguiar, vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Rio Grande do Norte (Sinduscon-RN), o Plano Diretor de Natal também influenciou para que a população da capital migrasse para municípios da região metropolitana. “No caso específico das famílias de maior poder aquisitivo, a migração ocorreu para Parnamirim, mais especificamente Nova Parnamirim, inclusive com a criação de novos bairros, enquanto isso verifica-se uma estagnação no número de habitantes em bairros nobres de Natal, como Tirol e Petrópolis”, diz.

Ele acrescenta que o processo teve influência no perfil de morador que se instalou nestas regiões de Parnamirim. “Verifica-se que na região estão preponderantemente construídos condomínios residenciais de padrão médio e médio alto, o que obviamente leva a termos moradores com maior poder aquisitivo, melhor nível de instrução e consequentemente maior IDH”, afirma Aguiar.

De acordo com as diretrizes do PNUD, o conceito de desenvolvimento humano nasceu como forma de ampliar as escolhas das pessoas para que elas tenham capacidade e oportunidade para desempenhar as funções almejadas. Diferentemente da perspectiva do crescimento econômico, que vê o bem-estar de uma sociedade apenas pelos recursos ou pela renda que ela pode gerar, a abordagem de desenvolvimento humano procura olhar diretamente para as pessoas.

Perfil

De acordo com estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82.852 pessoas vivem nos bairros de Nova Parnamirim, Parque das Árvores, das Nações e Jiqui. Ao todo são 33.708 imóveis cadastrados, 59.878 veículos licenciados, cinco praças, cinco academias, um ginásio de esportes, uma feira livre, cinco lagoas de captação e dois campos de futebol. Os números constam no Plano Plurianual Participativo (PPA) da Prefeitura de Parnamirim.

A região não conta com nenhuma escola estadual, mas registra o segundo maior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) do município (5,1) no ano de 2019. Acima da média do município (5,0). “Em compensação temos também todas as escolas privadas consideradas de alto poder aquisitivo de Natal: CEI, Salesiano, Contemporâneo, Overdose. Então as grandes escolas privadas estão lá porque refletem justamente esse poder aquisitivo das pessoas que moram naquela comunidade”, detalha Giovani Rodrigues.

Segundo a prefeitura, além das classes média e alta que migraram da capital, estudantes universitários matriculados em Natal, também passaram a procurar os bairros da região. É o caso do engenheiro civil Caique Ferreira, de 25 anos, que morava em João Câmara, no Agreste potiguar, até se mudar para Nova Parnamirim. Vivendo em um condomínio vertical na Avenida Ayrton Senna há seis anos, ele conta que optou por morar na região pela proximidade com o centro de Natal e também pela sensação de segurança. 

“Nesse período fui assaltado uma vez de manhã cedo, mas isso não mudou minha sensação de segurança atual. A polícia passa constantemente pela Ayrton Senna, além de não ouvir muitos relatos de crimes. Em quase todo lugar que vou em Nova Parnamirim tem muita opção de comércio, como lanchonetes, restaurantes, opções de tecnologia, mecânica de automóveis e até construção civil”, destaca.

Comércio do bairro está em expansão

Segundo estimativa da Secretaria de Tributação do município (Semut), 3.587 empresas permanecem ativas nos quatro bairros. A tendência é que a variedade no comércio local siga em expansão pelos próximos anos, de acordo com especialistas da área. Quem pegou carona no avanço comercial foi a empresária Sara Ferreira, que abriu um mercado de carnes, pescados, hortifruti e bebidas em dezembro passado, na Avenida Abel Cabral. Ela mora na região há uma década e se interessou pela ideia de montar o próprio comércio ao observar o aumento populacional da região.

“Somos quatro sócios: eu, meu esposo, o irmão dele e a esposa dele. Todos moramos por aqui. Essa foi uma região que cresceu muito mesmo nos últimos anos e a ideia meio que surgiu disso, juntou o útil ao agradável. Como é uma região pequena, as coisas foram crescendo, crescendo e ficaram tudo pertinho. Mesmo na pandemia, nós conseguimos nos desdobrar porque foi uma área que não parou porque é essencial. Então apostamos nisso e acabou que tivemos um retorno muito positivo. Gosto de morar por aqui, para mim é muito bom. Cada vez mais está aparecendo mais condomínios e isso é positivo”, ressalta Sara Ferreira.

A tendência é que a infraestrutura básica da localidade siga atraindo novos investimentos, sobretudo após o arrefecimento da pandemia de covid-19, segundo Marcus Aguiar, do Sinduscon-RN. “Verifica-se no caso de Nova Parnamirim que houve uma expansão na implantação de equipamentos comerciais, incluindo-se supermercados de grandes grupos, shopping centers, além de escolas, bancos e demais serviços necessários e imprescindíveis para o bem-estar da população”, diz.

Nydja Virgínia, de 32 anos, mora em Nova Natal, na Zona Norte, mas planeja se mudar para Nova Parnamirim futuramente. Isso porque ela trabalha em um petshop, localizado dentro de um shopping center da região. “Trabalhava em um outro local, na Zona Norte, mas quando apareceu essa oportunidade aqui decidi apostar e acabou dando certo. Aqui é uma região muito boa, com muito movimento. Ultimamente eu estava até procurando apartamento por aqui, mas não deu para me mudar logo porque o local não aceitava pets. O ramo pet tem crescido muito nos últimos anos e a área aqui também, então tem sido proveitoso esse período em que estou aqui”, afirma a vendedora, que atua em Nova Parnamirim desde março deste ano.

Problemas estruturais

O rápido crescimento de uma localidade pode gerar diversos problemas em consequências da falta de planejamento. Para evitar que a região, que concentra os bairros de Nova Parnamirim, Parque das Árvores, das Nações e Jiqui, siga uma lógica de crescimento desordenado, o Executivo local afirma que está elaborando estudos para garantir a qualidade de vida da população. Apesar disso, os bairros já sofrem os reflexos da evolução imobiliária das últimas três décadas. 

Giovani Rodrigues, da Seplaf, reconhece que a expansão das avenidas Ayrton Senna, Abel Cabral e Maria Lacerda extrapolaram o planejamento para a região, o que acabou causando o problema da mobilidade e favoreceu o surgimento de outros, como o do saneamento básico. Ele destaca que o Executivo está em fase de estudos para construção de um binário, além da duplicação da RN-313, com construção de ciclovia e ligação com a Avenida Gastão Mariz. A expectativa é de que as obras comecem em 2022.

“Uma grande discussão que ocorre naquela região é o saneamento que já está sendo realizado pela Caern. Ocorreu um crescimento muito forte com as estruturações das avenidas, no entanto não se fez um planejamento mais estruturante com relação ao escoamento das pessoas quando houvesse um grande adensamento, o que de fato aconteceu. Nós temos inúmeros condomínios horizontais e verticais. Hoje o maior problema que nós enfrentamos com relação a melhoria da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável da região é exatamente a questão da mobilidade urbana”, afirma Rodrigues.

Fonte: Tribuna do Norte

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