
A diretoria do tempo masculino de vôlei do Minas Tênis Clube decidiu afastar temporariamente o jogador Maurício Souza , por causa da pressão de patrocinadores após ele ter feito diversos comentários homofóbicos em suas redes sociais. Além disso, o atleta terá de se retratar e receberá uma multa.
O Minas Tênis Clube afirmou que o presidente Ricardo Vieira Santiago se reuniu com Maurício Souza nesta terça-feira para comunicar ao jogador ou seu afastamento “por tempo indeterminado”. “O atleta também revelou uma multa e foi orientado a fazer uma retratação pública imediata”, informou o clube. A retratação ainda não aconteceu.
O Minas Tênis Clube também disse que “não aceita e não aceita manifestações intolerantes de qualquer forma” e prometeu que intensificar “campanhas internas em prol da diversidade, respeito e união, por serem causas importantes e alinhadas com os valores institucionais”.
Segundo o clube, não houve, em nenhum momento, ameaça outros atletas deixarem a equipe em protesto ao afastamento de Maurício Souza. O líbero Maique foi um dos atletas do elenco que se posicionou. Ele assumiu suas redes sociais para garantir que não assinou nenhuma carta em apoio à posição de Maurício.
Nesta terça-feira, 26, a Fiat e Gerdau se posicionaram e seleção claro que não compactuam com qualquer tipo de preconceito. A gota d’água foi uma postagem recente do jogador, que também atua pela seleção brasileira e esteve nos Jogos Olímpicos de Tóquio , criticando a editora DC Comics por revelar em uma história que o personagem do Super-Homem era bissexual.
“Hoje em dia o certo é errado, e o errado é certo … Não se depende de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que eu acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias. ‘ é só um desenho, não é nada demais ‘. Vai nessa que vai ver onde vamos parar “, escreveu.
Não foi a primeira vez que ele se manifestou dessa maneira em suas redes sociais. Mas recentemente ele gravou um vídeo explicando que é conservador, à direita e que preza a família, explicando sua visão do mundo. “Lutar pelo que se acredita é para poucos! Pelos meus valores, crenças e propósitos eu irei até o fim! Custe o que custar”, disse, citando valores da Bíblia.
Mas a polêmica acabou chegando nos dois patrocinadores do time do Minas, Fiat e Gerdau. Elas divulgaram notas oficiais repudiando como atitudes do jogador. “Estamos (…) cobrando as medidas cabíveis, de acordo com o nosso posicionamento inegociável diante do respeito à diversidade e à inclusão. Assim, um Fiat repudia qualquer tipo de declaração que promova ódio, exclusão ou redução da pessoa humana e espera que a instituição tomo como medidas cabíveis e requer no mais curto espaço de tempo possível “, informou uma montadora italiana.
A Gerdau, que também tem seu nome associado ao tempo, repudiou como declarações preconceituosas. “Repudiamos qualquer tipo de manifestação de cunho preconceituoso ou homofóbico. Já solicitamos a posição oficial do clube sobre as tratativas exigidas ao caso para adotar as medidas cabíveis, o mais breve possível. Reforçamos nosso compromisso com a diversidade e inclusão, um valor inegociável para a companhia “, comentou a empresa.
O posicionamento dos dois patrocinadores do clube pressionado o Minas a tomar medidas mais duras para que não se prejudique ainda mais a imagem da equipe e tampouco fira como empresas que apoiam o tempo de vôlei. No dia anterior, a diretoria do clube já havia divulgado uma nota, mas sem ser muito incisiva. “Todos os atletas federados à agremiação têm liberdade para se completar em suas redes sociais. O clube é apartidário, apolítico e preocupa-se com a inclusão, diversidade e demais causas sociais”, comentou.
Capitã do time feminino do Minas, Carol Gattaz também reprovou os comentários homofóbicos de Maurício Souza. “Homofobia é crime. Racismo é crime. Respeito é obrigatório. Está na lei. Garantido pela constituição. Já toleramos desrespeito, gracinhas e preconceitos disfarçados de opinião por muito tempo.”
Fonte: Estadão