O Brasil deve elevar sua meta de redução de gases do efeito estufa. O governo brasileiro já comunicou a decisão à secretária-executiva da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC), Patricia Espinosa.
O anúncio deverá ser feito amanhã de manhã (horário de Brasília), em um vídeo gravado na quinta-feira (28) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), com legendas em inglês. Ele será exibido no stand da Confederação Nacional da Indústria (CNI), na Conferência sobre Mudança Climática (COP26), em Glasgow.
A meta atual para 2030 é 43%. O novo número ainda está em discussão, mas deve ficar entre 45% e 48%.
O Brasil está sob pressão para elevar sua meta, depois que vários países aumentaram as suas, diante de novas evidências científicas de que as atuais não são suficientes para manter o aquecimento global em no máximo 2ºC até 2050, e preferencialmente 1,5ºC — a meta do Acordo de Paris, de 2015.
Além disso, o Brasil reviu para cima o inventário de emissões de 2005, nos quais baseia sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC), o nome técnico das metas.
O inventário passou de 2,1 bilhões de toneladas de gás carbônico equivalente para 2,8 bilhões. Com isso, a manutenção da meta em 43% significa, na prática, que o Brasil poderia aumentar suas emissões, em termos absolutos.
Acaba de sair um novo inventário que reduz as emissões brasileiras em 2005 para 2,4 bilhões. A cada cinco anos o inventário é revisto, de acordo com as regras da UNFCCC, que evoluem junto com a ciência. O inventário é elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Metano
Por outro lado, o Brasil não vai ceder às pressões para aderir ao grupo de 60 países que se comprometem a reduzir as emissões de gás metano de 2020 em 30% até 2030. A meta comprometeria a produção agropecuária do Brasil: 27% das emissões causadas pela atividade humana vêm da pecuária bovina e 9%, do cultivo de arroz irrigado.
Na visão do governo brasileiro, é uma meta vaga, já que os países não se comprometem individualmente com ela. Além disso, não há metas para outros gases específicos, como o dióxido de carbono, emitido predominantemente pelo uso de combustíveis fósseis nos países desenvolvidos.
As NDCs, conforme o Acordo de Paris, são calculadas em gás carbônico equivalente, o que inclui todos os gases do efeito estufa: vapor de água, dióxido de carbono, metano, ozônio, óxido nitroso e clorofluorcarbonos.
Com informações CNN Brasil.