Há cerca de três anos, o teto onde Glauberto Willame encontra a segurança para deitar e dormir tranquilamente é o mesmo que causa arrepios em muita gente. Desempregado e em situação de rua, ele vive no Cemitério Nossa Senhora da Conceição em Poço de José de Moura, município do Sertão da Paraíba.
O jovem não recorda há quanto tempo exatamente precisou recorrer à estadia. Mas a lembrança de que precisou sair de casa ao fim de um relacionamento prevalece. A relação conturbada com o pai e o restante da família, desde que o grupo deixou o Ceará, terra natal deles, o deixou sem um ponto de apoio.
Ele diz que não se importa com as “companhias”. Glauberto confessou que até sentiu medo na primeira noite que dormiu em uma sepultura. Garante, ainda, que nunca viu uma atividade paranormal.
“A gente tem que ter medo de quem tá vivo”, brincou.
A partir da segunda experiência em diante, disse que se sentiu em casa por estar longe do frio que sentia ao relento, nas ruas.
A passagem pelas sepulturas não é fixa. Geralmente, ele “repousa” nas que estão abertas, que não sabe a quem pertencem.
Para se alimentar no horário do almoço, ele conta com a solidariedade do dono de um pequeno restaurante na cidade, que serve a refeição dele todos os dias.
Quando faz bicos como uma espécie de faz tudo, e ganha a quantia de R$ 40 a R$ 50 pelo dia de trabalho, o jovem compra alimentos e guarda na casa de um amigo. “Quando quero jantar, vou lá e peço pra ele cozinhar”, contou.
Mesmo não se incomodando em dormir no cemitério, Glauberto quer ter uma situação mais confortável, a começar por um emprego, que pode garantir o sustento dele e bancar um novo lar.
“Trabalho de tudo um pouco pra não ficar sem nada”, revelou.
Fonte: g1