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O outro Zé Vaqueiro: músico desiste de briga por nome e se diz traído por empresa de Xand Avião

Zés vaqueiros - Foto: Divulgação
Zés vaqueiros - Foto: Divulgação

“É o Zé Vaqueiroooo, o originaaaaal…” É difícil não ouvir por aí o bordão do dono de hits como “Tenho medo”, “Letícia”, “Cangote” e “Volta comigo bb”. Ele se chama José Jacson de Siqueira dos Santos Júnior, tem o nome artístico Zé Vaqueiro e é um dos cantores mais ouvidos do Brasil.

Muita gente não sabe que o termo “o original” no bordão surgiu para diferenciá-lo de um homônimo de história parecida, trajetória semelhante no interior de Pernambuco e que chegou a contestar o registro do nome artístico, mas acabou comendo poeira, com sucesso bem menor.

Agora , o “outro Zé Vaqueiro”, nascido Wesley dos Santos Vieira, mudou o nome artístico para Zé Estilizado. Ele desistiu da disputa no Instituto Nacional de Propriedade Inteletctual (INPI). Wesley diz que foi traído pela Vybbe, empresa de Xand Avião, que contratou o Zé Vaqueiro famoso.

A ideia de Wesley era mudar voluntariamente o nome e abandonar a contestação no INPI. Em troca, a Vybbe o ajudaria a pagar o material de divulgação com a nova marca. Mas ele diz que acabou ficando sem o nome artístico e sem a ajuda supostamente prometida. A empresa nega que tenha feito esse acordo.

Zés Vaqueiros: origens

A coincidência da origem impressiona: José Jacson fazia pequenos shows no sertão de Pernambuco quando entrou na onda da pisadinha com o nome artístico Zé Vaqueiro. Ele despontou ao compor um hit famoso na voz de Jonas Esticado, “Vem me amar”, seguido dos sucessos citados no início.

Wesley também fazia pequenos shows no interior de Pernambuco quando entrou na onda da pisadinha com o nome artístico Zé Vaqueiro. Ele despontou ao compor outro hit famoso na voz de Jonas Esticado, “Investe em mim”, seguido de músicas que até passaram da marca do milhão no YouTube, mas não decolaram.

Até o Spotify já confundiu

Hoje, fãs do Brasil todo reconhecem e curtem José Jacson como Zé Vaqueiro. Até seu casamento virou polêmica nacional, por falta de convite para a mãe. Mas até o início de 2020 a questão não era tão óbvia: no Spotify, havia apenas um perfil com nome Zé Vaqueiro, e com músicas de José Jacson e Wesley misturadas.

Ambos dizem que não sabiam da existência do outro ao escolher o nome, se conheceram e até beberam juntos. Wesley até colocou o complemento “Estilizado” no nome para diferenciar.

Os dois passaram rapidamente de vídeos caseiros com pouca repercussão a clipes vistos milhões de vezes no YouTube. Até o início de 2020, estavam em patamar semelhante de sucesso. Mas desde então José Jacson disparou e ainda assinou contrato com a Vybbe.

José Jacson de Siqueira dos Santos Júnior tem 22 anos e nasceu em Ouricuri, no sertão pernambucano. A mãe, Nara, era cantora de forró. “Desde pequeno, na barriga mesmo eu já vinha nesse ramo da música”, ele conta.

Trabalhou vendendo sorvete, na barraca de lanche da avó, e em um lava-jato, enquanto cantava em pequenas festas e tentava engatar a carreira. Aos 18 anos, se animou com o sucesso do piseiro e gravou o primeiro álbum caseiro como Zé Vaqueiro. Além de cantar, queria escrever.

“Meu tio é poeta. Aí eu perguntei para ele: ‘Tio, como eu faço para compor?’ Ele falou: ‘Rapaz, você tem que colocar no papel o que está sentindo aí.’ Aí eu peguei um caderno antigo do governo, do tempo que eu estudava na escola estadual.” Uma das primeiras composições, “Vem me amar”, deu certo.

“Eu falei: rapaz, como que uma música que eu fiz ali sentado no sofá de casa, no caderno do governo, tá rodando o Brasil? Isso aí eu nunca esqueci, sabe?”, diz Zé Vaqueiro.

Mas ele ainda não tinha tanta estrutura, e “Vem me amar” acabou ficando mais conhecida na voz de Jonas Esticado, outra jovem estrela do forró, apadrinhado por Gusttavo Lima.

Zé também escreveu “Se você se entregar”, que tocou em muitas festas de piseiro, na voz dele mesmo. Mas os maiores sucessos vieram depois, com composições de terceiros: primeiro foi “O povo gosta de piseiro”, parceria com Eric Land.

No segundo semestre de 2020 vieram os sucessos que o fizeram despontar de vez: “Tenho medo” e “Letícia”. Depois vieram mais hits: “Volta comigo bb”, “Cangote”, “Meu Mel”… São centenas de milhões de audições que fizeram dele o cantor romântico mais ouvido do Brasil.

Quem é Wesley, o ‘ex-Zé Vaqueiro’?

Wesley dos Santos Vieira tem 22 anos e nasceu em Lagoa Grande, no sertão pernambucano – a 125 km de Ouricuri e 655 km de Recife.

Desde os 15, ele escreve músicas e canta, mas começou no forró misturado com arrocha, sempre com canções de amor. “Sou muito fã do estilo romântico”, conta. Ele passou por várias bandas pequenas e shows em barzinhos, ainda com o nome artístico Wesley Santos.

Ele entrou mais cedo no mercado da composição. Escreveu dois sucessos na voz do ídolo sergipano Unha Pintada. O maior foi “Dono da bodega”, em 2018. Depois veio “Amor forçado”, em 2019.

Ele já tinha mais de moral no mercado quando passou pelo mesmo dilema do outro Zé Vaqueiro: viu uma música sua, “Investe em mim”, crescer e ser cobiçada por Jonas Esticado. Em vez de só vender o direito de gravação, ele pelo menos conseguiu um acordo: gravar em parceria.

Ao contrário do xará, ele não viu a sorte virar após ser gravado por Jonas Esticado. Ele gravou um dueto, mas diz que Jonas divulgou nas rádios outra gravação, sozinho.

Em 2020, Zé Vaqueiro Estilizado (com o complemento que o diferenciava do outro Zé que já decolava) até gravou músicas em versões bem tocadas – “Libera ela” (8 milhões de views) e “Some ou me assume” (3,5 milhões) -, mas bem abaixo do patamar dos hits atuais do outro.

Ele ainda brigava no INPI para, ao menos, continuar com o registro do nome “Zé Vaqueiro Estilizado”, já tendo perdido a tentativa de ser o dono do “Zé Vaqueiro” puro. No fim de 2021, finalmente ele se rendeu e virou apenas o “Zé Estilizado”.

Após contato, a Vybbe afirmou que “não tem nenhum acordo ou negociação dessa natureza com Wesley dos Santos Vieira. A marca Zé Vaqueiro é corretamente registrada e reconhecida pelo INPI (Instituto Nacional de Propriedade Inletectual), inclusive com variantes e em várias classes.”

Fonte: g1

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