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Eu Sou Negão!

(Foto: Reprodução)

Por Renato Cunha Lima

Uma vez me disseram que eu não poderia falar de racismo por ser branco. Neste instante disse ao cidadão que ele estava sendo racista. O racismo começa quando alguém qualifica ou desqualifica uma pessoa por conta de sua cor de pele.

Não gosto do dia da consciência negra, ela é sectária e pouco útil para a sociedade, serve muito mais aos movimentos progressistas que usam a velha estratégia de dividir para conquistar.

Seria muito mais assertivo que o dia 20 de novembro fosse tratado como dia do combate ao racismo, não apenas da consciência negra, pois já imaginou se alguém inventa o dia da consciência branca? Logo seria chamado de nazista.

Alguns podem dizer que estou falando uma enorme bobagem, que os negros foram massacrados e escravizados no Brasil, que existe uma dívida histórica. Tudo bem, de fato tudo incontestável, mas quando vamos superar? Quando vamos realizar o sonho de Martin Luther King?

“Eu tenho um sonho que um dia, nas montanhas rubras da Geórgia, os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos descendentes de donos de escravos poderão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.”

Alguém já notou que o inesquecível pastor batista e ativista político Martin Luther King, a maior referência mundial no combate ao racismo, raramente é lembrando no dia da consciência negra?

Luther King pregava a igualdade através da pacificação, da fraternidade, da superação das marcas da escravidão, olhando para gerações futuras, para um horizonte de consciência humana acima de qualquer diferença.

Adoraria que Luther King conhecesse minha família, minha pequena filha é fruto de seu sonho, pai branco e mãe parda, avó materna negra e bisavô negro. Adoraria que ele pudesse conhecer meus amigos, brancos, pardos e negros, incluindo meu melhor amigo que é negro.

Nada do punho cerrado do sectarismo de Malcolm X, líder dos Panteras Negras, que buscava vingança e incentivava a mágoa, a revolta que projeta a perpetuação do racismo como bandeira política.

No Brasil a americanização dos movimentos raciais tem como base essa divisão de brancos e negros como um dos pilares alimentado pelo maldito politicamente correto que incendeia a guerra cultural e afasta as pessoas.

Aqui ainda usam o Zumbi dos Palmares, figura controversa que não foi nada libertária, muito pelo contrário, com historiadores o envolvendo em casos de exploração de outros negros e abusos de mulheres.

A esperança fica na idéia que nenhum ódio é perene quando confrontado com bons sentimentos de admiração, amizade e amor.

O branquelo aqui adora jazz, rock, blues, samba, meus ídolos no esporte quase todos são negros e quem me dera correr como Usain Bolt, jogar basquete como Magic Johnson e fazer gol como Pelé? Como não se emocionar com o piloto Lewis Hamilton que imitou o gesto de Ayrton Senna com a bandeira do Brasil? Acho que sou Negão!

Não só na música, nem apenas no esporte, a cor da pele não determina quem vai ser juiz de direito, presidente da república ou mesmo santo. O que mais procuro nas pessoas é caráter e a humanidade vence quando a consciência é plena, quando a boa fé nasce dos corações das pessoas.

Por fim, não caiam nas divisões e se somem e multipliquem os encontros. Quanto mais juntos e misturados seremos mais fortes.

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