O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar o ex-procurador Deltan Dallagnol (Podemos) nesta quarta-feira (15). Em conversa com apoiadores na saída do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo repetiu que Dallagnol tentou ser indicado ao cargo de procurador-geral da República via primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e o acusou de tráfico de influência. O presidente disse ainda que o assunto será detalhado em live amanhã (16).
“Vou falar na live aí sobre o tráfico de influência do Dallagnol. Olha só pessoal. Vamos gravar aí. Naquela operação, na Vaza Jato, na troca de mensagens lá tem uma (conversa) em que o Vladimir Aras, primo do (procurador-geral da República, Augusto) Aras, ele pergunta para o Dallagnol: ‘Você conhece o pastor da primeira dama?’ ‘Conheço’. ‘Dá para marcar uma audiência com ele?’ ‘Dá’ E ele retorna: ‘Já telefonei. Pode ligar para ele'”, relatou o presidente.
E prosseguiu: “Sabe o que o Vladimir Aras e o Dallagnol queriam? Via minha esposa, colocar o nome na PRG de interesse deles na Lava-Jato. Então ele diz que nunca me procurou”.
“Vocês sabiam que no segundo turno a maioria do pessoal da Lava-Jato votou no (Fernando) Haddad? Mas não era o pessoal que tava combatendo a corrupção no PT?”, concluiu.
No último dia 12, em seu perfil do Twitter, o chefe do Executivo fez ataques aos recém-filiados ao partido Podemos, o ex-juiz Sergio Moro e Dallagnol.
Segundo Bolsonaro, um documentário divulgado pelo jornalista Kim Pain mostra a articulação de um “jogo de poder” entre Dallagnol e Sergio Moro — seu ex-ministro da Justiça, contra o seu governo bolsonarista.
Bolsonaro ainda afirmou que rejeitou uma audiência com o ex-procurador em 2019, que supostamente tentou uma aproximação para sondar as possíveis indicações ao cargo de procurador-geral da República, por receio de “sair uma história pronta” do encontro. “Se eu tivesse audiência com ele, com toda certeza não ia indicar a PGR. Mas iria sair uma história pronta. Como faziam por ocasião de alguns depoimentos por ocasião da Lava-Jato”, disse na data.
“Escrevia o depoimento, chamava o cara para assinar. E ia falar o quê? Que eu teria feito proposta indecorosa para ele. Salvar um amigo, parente”, acrescentou o presidente.
Nesta semana, Deltan Dallagnol se filiou ao Podemos, em cerimônia com a presença de Moro, recém-filiado à sigla. No mês passado, o ex-procurador renunciou definitivamente ao seu cargo no Ministério Público para apostar em uma carreira política. Ele pretende disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.
Fonte: Correio Braziliense