
Componente dos veículos de comunicação mais tradicionais, o rádio é apontado como aquele que possuí mais confiabilidade, de acordo com a pesquisa “Credibilidade das Mídias”, realizada pela agência de inteligência de dados Ponto Map em parceria com a V-Tracker. Segundo a fundadora e presidente do conselho da empresa, Marilia Stabile, essa marca se deve ao poder de alcance e praticidade oferecido pelo rádio, bem como o seu zelo pela reputação.
“Diante da saturação de conteúdos, as pessoas retornam aos veículos tradicionais, que se responsabilizam pelo que foi publicado e, consequentemente, zelam por sua reputação”, afirma Marilia Stabile, fundadora e presidente do conselho da Ponto Map.
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O sucesso do rádio em matéria de confiabilidade alia tradição e praticidade, afirma Stabile. “Trata-se do veículo mais democrático de todos, pois chega em qualquer lugar do País e pode ser ouvido enquanto se executa outras atividades”, diz. “No rádio se juntam dois universos: o jornalista local, que fala dos problemas da cidade, e os grandes nomes do jornalismo nacional, que têm seu espaço reservado na grade de programação.”
Conforme a pesquisa, o rádio possui 81% de credibilidade e 47% de frequência de acesso, despontando entre os demais. Em seguida, vem a TV fechada, com 75% de credibilidade e 52% de frequência de acesso. Em terceiro, está a mídia impressa, com 68% de credibilidade e 41% de acesso.
Redes sociais
Entre os meios de maior acesso, redes sociais aparecem com 74% de frequência de acesso, mas apenas 41% de confiança. Logo depois, vêm os aplicativos de mensagens, como WhatsApp e Telegram, com 73% de frequência de acesso e 51% de confiança.
TV aberta
Em terceiro lugar, a TV aberta é o veículo que equilibra melhor a relação entre acesso e confiabilidade, com 65% de frequência e 69% de confiança.
A pesquisadora explica que, apesar das novas mídias oferecerem alguma concorrência em som e imagem, a TV aberta segue como uma das mídias mais relevantes e confiáveis.
A pesquisa revela que “o consumo das mídias é feito de maneira crítica, inclusive pelas classes sociais mais baixas”, afirma Stabile.


O que faz aumentar a confiança no veículo
O levantamento mostra também que os principais fatores que melhoram o grau de confiança da população em uma mídia ou veículo de informação são uso de fontes confiáveis (51%), apresentação de dados e números claros (35%), qualidade de conteúdo (32%), profissionalismo dos apresentadores e jornalistas (31%) e reputação e tradição do veículo, bem como transparência sobre patrocínios (21%).
O que mais desperta desconfiança dos entrevistados na pesquisa em relação à confiabilidade das mídias são: falta de fontes citadas ou de referências (44%), títulos sensacionalistas (36%), conteúdo opinativo mascarado de notícia (34%) e percepção de viés político ou ideológico (31%).
Quanto aos aplicativos de mensagens, a pesquisadora afirma que há uma diferenciação das demais redes sociais, pois não estão em nível de crise de confiança. O prestígio desse tipo de meio de propagação de informações está no fato de que normalmente as mensagens são recebidas de pessoas conhecidas e até próximas – embora esse não seja um requisito de confiabilidade. “Quando se recebe uma mensagem de amigo ou de parente, se tem mais relevância do que outras informações que passam aleatoriamente na linha do tempo de outras redes sociais.”
A partir dos dados, Stabile conclui que “conteúdo, fontes confiáveis, tradição do veículo são ponderados pelas pessoas”. Para ela, a pesquisa mostra que é uma “estratégia falha” investir apenas em grandes influenciadores para você formar opinião. “Você terá muitos acessos, seguidores, likes, mas não formará a opinião”, comenta.
Geração Z
A pesquisa apurou que a geração Z, parcela da população entre 18 e 24 anos, é mais tradicional na escolha das mídias. Esses jovens, portanto, confiam mais nas informações da imprensa. Os principais fatores que influenciam sua confiança são fontes confiáveis (49%), qualidade de conteúdo (38%) e dados e números claros (36%).
“Os jovens são dinâmicos, gostam da modernidade, mas estão atentos ao que é real ou não. Eles vão na mídia tradicional para verificar se aquela informação é verídica”, afirma. “Pelo acesso constante ao celular, eles estão descobrindo que é melhor checar para não ficar tão vulnerável.”
Em um mundo cada vez mais digital, a imprensa, sublinha, não se resume ao tradicional jornal de papel, que ainda tem seu valor, mas às outras formas que esses veículos utilizam para transmitir a notícia. “Apesar de o conteúdo vir da mídia impressa, o acesso não se resume ao papel, e pode ser feito pelo celular, por exemplo”, diz. “As fake news em excesso estão privilegiando a tradição. As pessoas estão checando nos veículos que se responsabilizam pelo que está escrito.”
População idosa
Já a população com mais de 50 anos é mais crítica sobre a qualidade da informação e confia mais na imprensa on-line, aplicativos de conversa instantânea e sites do governo para se informar e compartilhar conteúdo. Os principais fatores que aumentam a confiança dos chamados prateados são fontes confiáveis (52%), profissionalismo dos apresentadores (37%) e dados e números claros (35%).
Fake news
Independentemente da faixa etária, quando desconfia da veracidade de uma notícia, segundo a pesquisa, os entrevistados costumam fazer uma busca em fontes confiáveis para verificar o conteúdo ou o ignoram e evitam compartilhar (31%), alertam amigos ou demais participantes de grupos nas redes sociais (11%), consultam especialistas ou pessoas de confiança (9%), utilizam ferramentas ou plataformas de inteligência artificial para checar a informação (8%), confrontam o autor ou questionam a publicação nas redes sociais (6%). Em torno de 5% dos entrevistados continuam compartilhando a notícia mesmo sem certeza da veracidade.
“Esses dados revelam que a maioria está atenta a mentiras e disposta a checar informações”, afirma Stabile.
Já os conteúdos pagos que são veiculados na mídia têm seu valor, diz a pesquisa, desde que obedeçam a algumas regras, como: relevância, sobriedade, identificação clara de se tratar de conteúdo patrocinado, além de não afrontar a credibilidade do veículo.
Dados da pesquisa
Para a pesquisa Credibilidade das Mídias foram entrevistadas 2.051 pessoas espalhadas pelo território nacional. Sendo 43% do Sudeste, 26% do Nordeste, 15% do Sul, 8% do Centro-Oeste e 8% do Norte. Na divisão de gênero, 48% são homens e 52% mulheres; e na divisão de classe social, 47% pertencem à classe C, 25% às classes A e B, e 28% às classes D e E.
O resultado tem margem de erro de 2,2 pontos e índice de confiança de 95%. A distribuição de amostra, segundo o Ponto Map, está alinhada ao Censo de 2022 do IBGE.
Fonte: Valor Econômico