A crise econômica provocada pela pandemia do novo coronavírus é a mais grave já enfrentada por governos, famílias e empresas em todo o mundo, afirmam economistas de diferentes segmentos de atuação. As necessárias medidas de isolamento social para conter a doença já provocam um impacto sobre a atividade produtiva, o emprego, e o consumo mais amplo e mais intenso que o enfrentado pelo planeta em 2008. Além disso, as armas que os países têm para atravessar essa nova adversidade são mais limitadas dessa vez, dizem os especialistas. No Brasil, a situação é pior, e o país vai demorar mais para se recuperar desta vez, analisam.
A situação é tão diferente que, em 2008, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil cresceu mais de 5%. A previsão para 2020 é que siga o caminho contrário e caia mais de 5%.
Segundo os especialistas, estas são diferenças fundamentais entre as duas crises:
– 2008: origem num setor e num país: o mercado financeiro imobiliário dos Estados Unidos. Só depois espalhou-se pelo restante da economia global, contaminando os negócios por causa de redução de crédito.
– 2020: o problema é sanitário, uma doença sem tratamento testado, e o contágio sobre a atividade econômica em todo o mundo foi imediato e acelerado.
Segundo Troster, a crise de 2008 foi um problema de liquidez (quantidade de dinheiro em circulação). Quanto menor a liquidez, menos recursos disponíveis para investimentos e consumo.
Em 2008, bancos americanos emprestaram muito mais do que deveriam, sem garantias, principalmente no setor imobiliário. Quando aumentaram os calotes, mutos bancos não tinham capital para cobrir as perdas. Outros tinham dinheiro, mas ficaram com medo de dar crédito. Logo o efeito cascata começou a afetar os negócios nos mais diferentes setores. Como os EUA são o centro financeiro do mundo, a falta de recursos se espalhou, houve queda das Bolsas, alta dos juros e redução de investimentos.
Para conter o novo vírus, governos determinaram restringiram funcionamento de empresas e circulação de pessoas. A atividade global econômica travou em de semanas. A economia tornou-se fator secundário ante a necessidade de evitar o colapso dos sistemas da saúde. Em 2008, houve falta de crédito, agora o contágio é a mais pura falta de dinheiro.
As dificuldades do Brasil
Os economistas destacam as dificuldades do Brasil agora:
– Os juros já estão baixos, e não há muito o que o Banco Central possa fazer em termos de reduzir a Selic (taxa básica de juros) para estimular o crédito, os investimentos e o consumo.
– As contas públicas estão piores do que há dez anos, o que também limita o espaço para o governo irrigar a economia com dinheiro.
– A retomada econômica do Brasil em 2008 foi feita com gastos e créditos bancados pelo governo. Foi uma estratégia que anos depois acabou fragilizando as contas públicas. Hoje, o governo já está gastando muito mais que arrecada.
Fonte:UOL