Integrantes do movimento Força Democrática no Rio Grande do Norte negaram que tenham agredido e ameaçado de morte o estudante da UFRN Yuri Arley, de 24 anos, durante manifestação em Natal a favor da adoção do voto impresso nas eleições de 2022.
Em nota enviada ao PORTAL DA 98 FM, o grupo desmente a versão apresentada pelo estudante e relata que apenas imobilizou o jovem após ele passar pela manifestação, agredir um participante e arrancar bandeiras do ato, que ocorreu no último dia 13 de julho. A versão contradiz a do estudante, que afirma ter sido confundido com um assaltante e agredido durante o ato. Ele enviou fotos para mostrar como ficou após a ação.
O grupo afirma que manifestava pacificamente em uma passarela na BR-101, na altura de Potilândia, na Zona Sul de Natal, quando o aluno passou pelo protesto e iniciou as agressões contra um senhor de 57 anos, identificado como Severino, que participava do ato.
“Utilizando do seu direito natural de se manifestar em favor do voto impresso auditável, na passarela da Governadoria, com bandeiras do Brasil e faixas, Severino foi agredido com socos, pedras e pontapés por um jovem que passava no local”, relata a Força Democrática.
Os manifestantes registram que, “com agressividade, o cidadão desferiu contra Severino e seus colegas, todos maiores de 47 anos, palavras de baixo calão, quebrou seus óculos e as bandeiras do Brasil que haviam sido instaladas no local”. “Informando, inclusive, a Severino que a intenção era a de matá-lo”, complementa o grupo, acrescentando que Yuri Arley teria também jogado pedras e jogado Severino no chão.
A Força Democrática enfatiza que, diante das agressões realizadas por Yuri Arley, o grupo se juntou para imobilizar o estudante até a chegada da Polícia Militar. Os manifestantes relatam, ainda, que, nesse momento, outras pessoas compareceram ao local e arrancaram mais bandeiras que eram utilizadas no ato.
“Necessário informar que Severino ou seus colegas nunca levaram arma de qualquer tipo, não foi racista de modo algum, nunca ameaçou quem quer que seja, entretanto, não mediu esforços para se defender e aos colegas do agressor”, salienta a nota.
Versão contrapõe a do estudante
A versão apresentada pela Força Democrática é diferente da do estudante. Ao PORTAL DA 98 FM, o jovem contou na semana passada que atravessava a passarela de Potilândia quando foi abordado pelos manifestantes que ocupavam o local com faixas pró-voto impresso.
Yuri Arley disse que, enquanto passava pelo protesto, teria recebido gritos e palavras de ordem para que acelerasse o passo e descesse logo da passarela. Em um determinado momento, os gritos evoluíram para um empurrão, o que motivou o início da confusão.
“Neste momento, meu sangue ferveu. Comecei a gritar com eles de volta. Quando eu comecei a gritar, eles começaram a desferir vários socos, a me chutar, inclusive um deles puxou um estilete para mim. Um dos que me imobilizou (sic) disse que eu estava assaltando e fez menção a retirar uma arma da bolsa. Disse que, se eu não descesse, ia atirar e me matar”, conta o jovem.
Yuri Arley acrescenta que, após o início das agressões, outras pessoas se somaram ao espancamento, acreditando que se tratava de um assaltante. O estudante disse que tentou escapar das agressões correndo em direção à saída da passarela e que foi perseguido por um dos manifestantes. “Um dos senhores começou a me seguir, o que ameaçou tirar a arma da mochila. Eu pensei que ia morrer levando um tiro nas costas. Tentei revidar e partir para cima dele e ver se não me matava”, afirma.
O estudante continua afirmando que, após esse momento, foi novamente imobilizado. “Quando disseram que eu estava tentando assaltar, começou a parar muita gente de carro e moto. Eles dizendo que eu estava tentando assaltar. Quando me imobilizaram, teve gente que chutou minha cara, pisou na minha cabeça, pegaram meu celular. Eu tentei desvencilhar para dizer que o celular era meu, tomei um chute na cara, fiquei tonto. Começaram a dizer para eu ficar calado e esperar a polícia”, lembra o estudante, afirmando que rasgaram também a bolsa dele.
Quando a polícia chegou, conta Yuri Arley, os manifestantes começaram a se evadir do local. O estudante diz que a polícia não conduziu ninguém para a delegacia sob a alegação de que não havia testemunhas do que aconteceu.
“Eu falei com o sargento responsável e ele disse que não podia fazer nada porque não tinha testemunha. A polícia disse que não podia fazer nada. Ajudou eles a retirar as faixas dele em segurança, sendo que eu estava espancado e machucado. A polícia chegou, foi omissa, rasgaram minha bolsa, apanhei de gente que eu não conhecia. Gente que não sabia o que estava acontecendo”, relata.
O jovem diz que se sentiu “impotente” diante da situação.
“A polícia ajudou eles a saíram com segurança. Atentaram contra a minha vida. Fiquei bastante machucado e p* pela situação. Só achava que eu ia morrer, sendo bem sincero, enquanto estava todo mundo me batendo. Jogaram no meio da pista (os objetos pessoais), minha carteira…”, finaliza.
A Polícia Militar diz que está à disposição das partes para esclarecer o ocorrido, mas que é preciso formalizar uma denúncia sobre a conduta dos agentes.
Confira a nota na íntegra.
“NOTA DE ESCLARECIMENTO
DENUNCIA DE MENTIRA
Em solidariedade de Severino (57) agredido em 13/07 por um jovem de 24 anos.
Utilizando de seu direito natural de se manifestar em favor do voto impresso auditável, na passarela da governadoria, com bandeiras do Brasil e faixas, Severino foi agredido com socos, pedras e pontapés por um jovem que passava no local.
Com agressividade, o cidadão desferiu contra Severino e seus colegas, todos maiores de 47 anos, palavras de baixo calão, quebrou seus óculos e as bandeiras do Brasil que haviam sido instaladas no local. Informando, inclusive, a Severino que a intencão̧ era a de matá-lo.
Além disso, jogou pedras contra Severino, dais quais uma pegou em seu braco̧. Socou seu rosto e o jogou no chão.
Foi então que Severino conseguiu imobilizá-lo e chamar a polícia, encerrando a ofensa. Por fim, outros dois jovens se juntaram ao agressor, retirando inclusive as demais bandeiras e reiterando as ameaças contra Severino.
Necessário informar que Severino ou seus colegas nunca levaram arma de qualquer tipo, não foi racista de modo algum, nunca ameacou̧ quem quer que seja, entretanto, não mediu esforcoş para se defender e aos colegas do agressor.
Outrossim, importante informar que, de todo modo a esquerda distorce as informacõeş a fim de levantar suas bandeiras e vitimizar-se. Entretanto, absolutamente nenhum tipo de racismo foi realizado contra o cidadão e a mesma medida agressiva surgida foi desferida contra o próprio jovem, como medida de máxima justica̧ e no exercício constitucional de sua defesa pessoal e de seus colegas.
Queremos justiça sim, para Severino.
FORÇA DEMOCRÁTICA”